O mercado brasileiro de animação nunca esteve tão aquecido quanto agora. Coproduções com gigantes dos desenhos animados - como a Austrália e o Canadá -, além de editais específicos para o setor, do Ministério da Cultura e Fundação Padre Anchieta, dão a dica de que este será mesmo o "ano da animação", como está sendo dito no meio. Enquanto Mauricio de Sousa finaliza o longa-metragem em 3D do personagem Horácio, a produtora TV Pingüim se prepara para lançar a série Peixonauta na TV por assinatura, mesmo caso de Escola pra Cachorro, da Mixer. Uma coprodução entre Brasil, Austrália e Espanha, a segunda temporada de Princesas do Mar, do brasileiro Fábio Yabu, já está pronta para estrear.
E, para completar, a TV Rá Tim Bum, canal a cabo da Fundação Padre Anchieta dedicado às crianças, prepara o lançamento de 19 séries, produção mais do que expressiva para a sua pequena fábrica de desenhos na sede da TV Cultura. "Agora entramos numa situação de ou vai ou racha no mercado de animação do Brasil. A animação entrou na pauta", avalia o diretor de projetos especiais do canal, Mauro Garcia. "é a área do audiovisual que mais se profissionalizou no País", completa o gerente de produção do canal, Mário Sérgio Cardoso.
Numa mesma sala nos estúdios da água Branca, o artista plástico Sérgio Esteves dá vida ao narrador de Papel das Histórias, ao mesmo tempo que o animador Cleber Marchetti sincroniza a dublagem (lip sync) que o padeiro e apresentador Olivier Anquier fez para a traça francesa que tenta devorar um Portinari em Traçando Arte. São duas novas séries que dão a dimensão do sortimento de ideias e pesquisa de formato que a TV Rá Tim Bum abriga hoje, quando chega ao quarto ano de vida. "Depois de toda a digitalização, estamos buscando formas mais artesanais de construção para os desenhos", anota Garcia.
Ele fala especificamente de Papel das Histórias, um deslumbramento de imagens que vai contar fábulas de La Fontaine em 13 episódios, de 7 minutos cada um. Os personagens e os cenários foram feitos de papel cartão, fotografados, e animados no computador por Esteves, que domina todo o processo. "A ideia surgiu quando eu fui dar uma oficina de bonecos na periferia, e faltou espuma. Para não perder a aula, resolvi usar um material mais barato", lembra ele, que se diverte ao constatar que para produzir os dois primeiros episódios da série gastou R$ 100 em papel.
O esquema de trabalho de Esteves e do pessoal da TV Rá Tim Bum pode ser chamado de heroico se comparado aos grandes estúdios americanos, por exemplo. Para se ter uma ideia, 500 pessoas chegam a trabalhar ao mesmo tempo num desenho como Wall.E. O avanço da computação gráfica tornou o processo muito mais rápido e melhorou a qualidade do que se vê na tela, mas o trabalho continua sendo braçal, basicamente - daí, o fato de que muitos estúdios estão buscando mão-de-obra em países como índia e China. Outro dado é que mesmo o computador mais potente leva mais de 80 horas para processar uma cena de animação de apenas 3 segundos em 3D. "Tenho sorte de poder trabalhar assim, do story board à finalização", observa Esteves, satisfeito por ver que da sua experimentação surgiu um novo formato - perfeito para o tipo de história que o canal queria contar.
Com uma grade de programação que, por opção, é 100% brasileira, a TV Rá Tim Bum precisa produzir em quantidade, porque o mercado não consegue atender à sua demanda. Mas as expectativas são grandes. "Quando começamos, não recebíamos nenhum projeto. Agora, isso já mudou, trabalhamos com algumas produtoras independentes", diz Garcia. "Ainda não podemos falar que temos uma indústria de animação no Brasil, mas vamos chegar lá, sim."
EDITAL DO MINC RECEBEU MAIS DE 200 INSCRIçõES
LENHA NA FOGUEIRA: O sucesso do edital Anima TV surpreendeu as mais otimistas expectativas do Ministério da Cultura. Lançado no fim do ano passado, o programa recebeu 257 projetos na primeira fase, que encerrou inscrições no dia 21 de janeiro. Desses, 227 foram considerados aptos para continuar concorrendo. Serão distribuídos R$ 3,9 milhões para a produção dos pilotos - de 11 minutos - dos 20 projetos vencedores.
Cada projeto receberá R$ 110 mil. Esses primeiros episódios serão testados em sessões especiais e em exibições na rede pública de televisão - a Fundação Padre Anchieta é, da TV Cultura e TV Ra Tim Bum, parceira do edital. Ao fim de todo o processo de seleção, depois de testados, dois programas serão escolhidos para ter uma primeira temporada produzida, de 12 episódios.
São Paulo foi o Estado que mais teve projetos inscritos no edital - 107. O Rio veio em segundo lugar, com 37, seguido da Bahia, que apresentou 25. Piauí, Mato Grosso e Paraíba competem com 1 projeto cada um. No total, 17 Estados enviaram projetos, e estão representados nesta primeira fase do edital.
Mas o maior volume de investimentos no setor - R$ 50 milhões - deve vir do Anima SP, uma parceria entre a Fundação Padre Anchieta e a Ancine, que vai usar recursos dos Fundos de Financiamento da Indústria Cinematográfica Nacional (Funcine). Lançado em janeiro, o edital está em fase de captação de recursos. Só depois, começará a receber inscrições. A expectativa é que os recursos comecem a ser distribuídos ainda neste ano. As séries produzidas terão exibição garantida na TV Cultura.
Luz, vazios, linhas e nós fazem parte da essência da exposição Lume, de Clara Fernandes, que inicia na próxima quinta-feira, 6, no Museu Histórico de Santa Catarina- Palácio Cruz e Sousa. Através de anteparos levíssimos e de grandes dimensões, a artista apresenta um conjunto de obras penetráveis com o intuito de aproximar indivíduo e lugar.
A inspiração de Clara surgiu da observação dos ambientes e dos amplos interespaços vazios que envolvem as pessoas e por onde transitam os pensamentos. "Pensei então em construir grandes anteparos que fizessem os pontos de ligação entre os diversos momentos da circulação e funcionassem como um "filtro das ideias" que movimentam o espaço" explica.
Com curadoria de Kamilla Nunes, a mostra apresenta instalações que se infiltram no ambiente e transbordam reflexões pelo espaço urbano. Assim ramificada, a obra se constitui como um pensamento plástico que se estende e replica para além do local expositivo, tomando-o apenas como ponto de partida.
A mostra é gratuita e permanece no Museu Histórico de Santa Catarina até 30 de agosto. A exposição faz parte do projeto LUME, concebido em 2006. Desde 2007, a intervenção já passou por praias e campos da ilha de Santa Catarina, pelo espaço cultural Casa das Caldeiras em São Paulo, Fundação Cultural Badesc e Teatro álvaro de Carvalho.
O que: Exposição LUME de Clara Fernandes
Quando: 06 de agosto às 19h ao dia 30 de agosto de 2009
Mesa Redonda com Clara Fernandes: 19 de agosto às 16h
Onde: Museu Histórico de Santa Catarina, Palácio Cruz e Sousa
Quanto: Gratuito
Foram prorrogadas até o dia 1º de setembro as inscrições para o 10º Salão Nacional Victor Meirelles 2008. Promovido pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC), o concurso tem como objetivo incentivar a produção atual das artes plásticas no Brasil e torná-la acessível ao público. Ao todo, o Governo do Estado distribuirá R$ 220 mil em prêmios. Serão selecionados 30 trabalhos que receberão, cada um, um Prêmio Participação no valor de R$ 5 mil. Além disso, também a título de premiação, serão realizadas quatro aquisições para o acervo do Museu de Arte de Santa Catarina (Masc), no valor de R$ 25 mil para o primeiro colocado, e R$ 15 mil para os segundo, terceiro e quarto colocados. Todos as obras selecionadas será expostas ao público entre os dias 4 de novembro e 4 de janeiro de 2009.
"A realização do Salão Victor Meirelles reitera a preocupação de Santa Catarina com as manifestações expressivas da arte contemporânea brasileira", afirma a presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), Anita Pires. Criado em 1993, o Salão inicialmente tinha abrangência estadual, e assim se manteve até 1997, quando passou a ter âmbito nacional. Voltado para as artes visuais e realizado a cada dois anos, tem sido consagrado pela crítica nacional como um dos mais rigorosos do País na atualidade. Desde sua primeira edição contou com a presença de críticos importantes em sua comissão julgadora, como Tadeu Chiarelli, Márcio Doctors e Araci Amaral, ganhando grande repercussão no sistema das artes visuais, tanto no Brasil quanto no Exterior.
Para esta 10ª edição, o Salão ganhou uma significativa ampliação nos valores da premiação, já que a edição anterior, realizada em 2006, ofereceu R$ 3 mil para cada um dos 30 selecionados, além de R$15 mil para a aquisição de duas obras, totalizando R$ 105 mil. A atual edição está aberta à participação de artistas brasileiros, residentes no Brasil ou no exterior, também podendo participar artistas estrangeiros legalmente residentes no Brasil. Não serão aceitas obras já premiadas em outros Salões, assim como não serão aceitos trabalhos realizados com materiais perecíveis ou adulteráveis, que prejudiquem a apresentação de outros trabalhos ou comprometam a integridade física do local, dos funcionários ou do público em geral. A seleção, cujo resultado será divulgado em 8 de setembro, será realizada em etapa única pela Comissão de Seleção, composta por cinco críticos de arte.
Abaixo, o regulamento. Mais informações podem ser obtidas no site do Museu de Arte de Santa Catarina: www.masc.org.br
X Salão Nacional Victor Meirelles
Regulamento
Preâmbulo
Com a intenção de incentivar a produção atual das artes plásticas no Brasil e torná-la acessível ao público, a Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte, a Fundação Catarinense de Cultura, e o Museu de Arte de Santa Catarina, apresentam aos interessados o regulamento da 10ª edição do Salão Nacional Victor Meirelles.
1. Participação
1.1 O 10º Salão Nacional Victor Meirelles - Edição 2008 - será realizado no Museu de Arte de Santa Catarina - MASC - , no período de 04 de novembro de 2008 a 04 de janeiro de 2009.
1.2 O 10º Salão Nacional Victor Meirelles está aberto à participação de artistas brasileiros, residentes no Brasil ou no exterior, ou à de artistas estrangeiros legalmente residentes no Brasil.
1.3 Não serão aceitas obras já premiadas em outros Salões.
1.4 Não serão aceitos trabalhos realizados com materiais perecíveis ou adulteráveis, que prejudiquem a apresentação de outros trabalhos ou comprometam a integridade física do local, dos funcionários do Museu e do público em geral.
1.5 O Salão fornecerá certificados aos artistas selecionados, em número de até 30 (trinta) participantes. A estes será atribuído o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), como Prêmio Participação, a ser pago até a data do encerramento do 10º Salão Nacional Victor Meirelles.
2. Inscrição
2.1 A inscrição será feita no período de 23 de junho a 22 de agosto de 2008, (considerando data de postagem) mediante o preenchimento de ficha própria ou fotocópia, que deverá ser acompanhada de dossiê do artista. A ficha de inscrição será assinada pelo próprio artista, ou por procuração, e encaminhada ao MASC, no seguinte endereço: Av. Gov. Irineu Bornhausen, 5600 - Agronômica - CEP: 88025-202 Florianópolis / SC.
2.2 O dossiê, que deverá ter o formato A4, será integrado por um currículo resumido e fotos de boa qualidade técnica dos trabalhos a serem apresentados. Estes devem ser devidamente identificados com título, data, técnica, dimensões e valor comercial dos mesmos.
2.3 Os dossiês deverão ser entregues pessoalmente ou encaminhados pelos Correios nas datas já mencionadas.
2.4 Os dossiês dos artistas selecionados não serão devolvidos, permanecendo nos arquivos do MASC. Os dossiês dos inscritos não selecionados estarão à disposição dos mesmos após a inauguração do Salão, no Núcleo de Exposições e Montagem do MASC. Os dossiês somente serão remetidos pelos Correios, caso o artista tenha anexado ao mesmo, no ato da inscrição, um envelope adequado, selado no valor da remessa e endereçado ao próprio artista.
2.5 Os trabalhos: pintura, gravura, desenho, fotografia, escultura e outros, deverão ser inscritos em número de 03 (três) mediante envio de fotos coloridas no tamanho 20 x 25 cm, uma para cada trabalho. Cada artista poderá concorrer em uma modalidade apenas. No caso de esculturas, as fotos serão três para cada trabalho, tomadas em ângulos diferentes.
2.6 Instalações, performances, trabalhos em video-arte são limitados a 01 (uma) unidade de inscrição. No caso de instalação, requerem-se 05 (cinco) fotos de ângulos diversos, acompanhadas de um esquema gráfico de montagem. No caso de video-arte, deverá ser anexado DVD ou CD Rom, com no máximo 10 minutos de duração.
2.7 O artista inscreverá seus trabalhos dentro dos seguintes limites de espaço e tempo:
a) a instalação terá no máximo 9 m2 (nove metros quadrados) na base e 3m (três metros) de altura;
b) as performances não poderão ultrapassar a duração de 10 (dez) minutos e deverão ser inscritas mediante DVD ou CD-Rom que repetirá o conteúdo até o término da mesma.
3. Seleção
3.1 A Seleção será realizada em etapa única por uma Comissão de Seleção, composta por 05 (cinco) críticos de arte reconhecidos nacionalmente que avaliarão os trabalhos mediante os dossiês enviados pelos artistas.
3.2 Da sessão de seleção será lavrada ata, em que serão fundamentados os critérios adotados.
3.3 A Comissão de Seleção selecionará trabalhos de até 30 artistas.
3.4 O resultado da seleção será publicado na imprensa escrita e no site: www.masc.org.br Aos artistas selecionados serão remetidos ofícios, confirmando a seleção.
3.5 Os trabalhos serão selecionados em etapa única, nos dias 06 e 07 de setembro de 2008.
4. Recepção dos Trabalhos
A recepção dos trabalhos será realizada no período de 25 de setembro a 15 de outubro de 2008.
5. Aquisição para o Acervo
5.1 Haverá quatro aquisições para o Acervo do MASC, no valor de R$ 70.000,00 (setenta mil reais), a título de premiação, assim discriminados:
1º lugar: R$ 25.000,00 (Vinte e cinco mil reais).
2º, 3º e 4º lugares: R$ 15.000,00 (Quinze mil reais cada).
5.2 Os trabalhos premiados serão incorporados à coleção do MASC desde que não prejudiquem a integridade do acervo, ou desde que possam adequar-se ao espaço da reserva técnica. Caso contrário, poderá ser negociada com o artista a substituição do trabalho por outro, ou pelo registro da obra, que se faria via projeto, memorial descritivo, vídeo, CD-Rom, etc.
6. Transporte
6.1 Os artistas selecionados deverão enviar seus trabalhos acompanhados de nota fiscal avulsa ( se enviados por Transportadora). Os trabalhos deverão ser acondicionados em embalagens apropriadas, que possibilitem sua reutilização e garantam segurança no retorno. As despesas de envio e retorno das obras correm por conta do artista.
6.2 O órgão promotor fica isento de qualquer responsabilidade por eventuais danos ocorridos às obras enviadas, durante o transporte.
7. Montagem e Desmontagem
7.1 O plano de exposição das obras selecionadas para o 10º Salão Nacional Victor Meirelles é de responsabilidade exclusiva de sua Curadoria, sendo montado pela equipe do Museu de Arte de Santa Catarina.
7.2 O artista participante com obra não convencional poderá assumir a responsabilidade pela montagem, operação, preservação, manutenção e desmontagem, devendo a mesma estar pronta no local designado pelo curador até 03 (três) dias antes da abertura do Salão.
7.3 Obriga-se o artista a fornecer equipamentos especiais e responsabilizar-se por eles.
7.4 Os artistas selecionados com performance deverão definir, junto à Comissão Organizadora, seus programas de apresentação, arcando com todas as suas despesas.
8. Devolução das Obras
8.1 Os artistas selecionados não poderão retirar seus trabalhos antes do encerramento do Salão. Após o encerramento, terão 45 (quarenta e cinco) dias para fazê-lo, no Núcleo de Exposições e Montagem do MASC. Expirados os prazos estabelecidos para a retirada das obras, o órgão promotor dará a elas o destino que julgar conveniente.
8.2 As obras não retiradas pessoalmente serão devolvidas mediante o prévio contato do artista com a transportadora de sua escolha, para que a mesma retire as obras no local, com o frete pago pelo artista.
9. Disposições Gerais
9.1 Os artistas deverão comunicar ao órgão promotor, eventuais mudanças de endereço.
9.2 As imagens de todos os trabalhos selecionados poderão ser utilizadas livremente para fins de divulgação do Salão, sem representar qualquer ônus ao órgão promotor do mesmo.
9.3 Aos membros das Comissões Organizadora e Julgadora, bem como aos curadores de salas especiais, é vedada a participação no Salão.
9.4 Ao assinar a ficha de inscrição, o concorrente declara aceitar todas as normas estabelecidas neste Regulamento.
9.5 Os casos omissos neste Regulamento serão resolvidos pela Comissão Organizadora do Salão, ou pela Comissão de Seleção e Premiação.
Cronograma do 10º Salão Nacional Victor Meirelles
- Inscrição: 23 de junho a 22 de agosto de 2008.
- Seleção: 06 e 07 de setembro de 2008.
- Resultado da seleção: 08 de setembro de 2008.
- Envio das obras selecionadas: 25 de setembro a 15 de outubro de 2008.
- Premiação: 01 de novembro de 2008.
- Abertura: 04 de novembro de 2008.
- Encerramento: 04 de janeiro de 2009.
A Associação Nipo-Catarinense e a Fundação Catarinense de Cultura promovem:
RECITAL DE CANTO E PIANO
Homenagem ao Centenário da Imigração Japonesa no Brasil
MASAMI GANEV
ALBERTO ANDRéS HELLER
Teatro álvaro de Carvalho
24 de junho, 21:00h
Ingresso: R$ 20,00 / R$ 10,00 (meia-entrada)
PROGRAMA
KOUSAKU YAMADA Sakura Sakura
TORAJI OHNAKA Yashinomi
KOUSAKU YAMADA Akatonbo
YOSHINAO NAKADA Chiisai aki mitsuketa
YOSHINAO NAKADA Yuki no furu machiwo
VILLA-LOBOS A lenda do caboclo [piano solo]
VILLA-LOBOS Lundú da Marqueza de Santos
Nesta Rua
Canção de Amor
FRANCISCO MIGNONE Congada (Dança Brasileira) [piano solo]
Intervalo
CLAUDIO SANTORO Amor em Lágrimas
Acalanto da Rosa
Amor que partiu
LORENZO FERNANDES Tapéra
VILLANI-CôRTES Rua Aurora
TORU TAKEMITSU Litany I [piano solo]
HACHIDAI NAKAMURA Tooku he ikitai
Canção Escolar Aogeba Toutoshi
MAN ARAI Sen no kaze ni natte
Mais informações: www.nipocatarinense.org.br
A Fundação Catarinense de Cultura (FCC) promove, até 13 de abril, duas grandes exposições no Museu de Arte de Santa Catarina (Masc). Enquanto a mostra "O Espaço Pleno" reúne dezenas de telas em grandes dimensões de Rubens Oestroem, as instalações da mostra "Invisibile" apresentam algumas reflexões sobre o feminino feitas por três artistas: Letícia Márquez, Lúcia Misael e Maria Cheung.
Amigas há muitos anos, as três artistas pela primeira vez fazem uma exposição conjunta. Todas moram no Paraná, mas em cidades diferentes - Curitiba, Foz do Iguaçu e Londrina. Uma vez por ano, se encontram para falar sobre arte e sobre a vida. Num desses encontros, surgiu a idéia de uma exposição conjunta sobre as mulheres. "Queríamos falar sobre aquilo que não está tão visível, que nos incomoda, mas que muitas vezes deixamos passar", afirma Lúcia. O resultado foi uma exposição intensa, onde força e fragilidade se mesclam.
Na instalação "Alguma coisa acontece no meu coração", de Letícia, o visitante é surpreendido por dezenas de fotos de cabeças de mulheres coladas no alto das paredes, sem corpo, tendo como único adereço vastas cabeleiras desenhadas em grafite até o chão, se equilibrando como grandes totens, parecendo buscar sustentação. Os rostos são de mulheres que fazem parte do dia-a-dia de Letícia - incluindo ela mesma, mais Lúcia e Maria. Todas olham para o alto. Será que buscam socorro, proteção? Será que estão suplicando, ou agradecendo? Não estariam simplesmente fazendo alguma adoração, contemplando algo? "é uma obra aberta. Cada um pode fazer a sua leitura, inclusive entendê-las como seres assexuados, sem corpos, representando questões existenciais", avalia.
Ao lado, nova surpresa. A chinesa/brasileira Maria - cujo nome de nascimento é Miu Kuen, que significa beleza e delicadeza em cantonês - fala da dor das milhares de meninas chinesas mortas antes de nascer, pelo único crime de serem mulheres e não homens. Sua instalação coloca na parede, em pequenas cadeiras, dezenas de bonecos, todos homens e sem roupa, pintados de dourado. Ao lado, pequenos caixões cor-de-rosa guardam chupetas, sapatinhos de bebê, bicos, brinquedos, bonecas. Eles valem ouro, elas valem nada.
Por fim, chegamos nas instalações de Lúcia, cuja fonte de inspiração veio de duas mulheres, suas avós. Sua avó materna morou com a família até morrer. Era dentista e grande bordadeira. Com seu trabalho manual, ajudou a sustentar seus filhos. "Era uma pessoa recatada, mas de muita sensibilidade", conta a artista. Na instalação, Lúcia usa uma das toalhas feitas pela avó. Ela é projetada como sombra no chão, fazendo com que o público receba a imagem em seu corpo. "Da convivência com essa avó, nasceu meu olhar sensível e atento para as pequenas coisas que fazem parte do universo feminino", conta.
Com a avó paterna a convivência foi mais difícil por causa da distância. "Ela morava em uma fazenda no sertão do Piauí, e foi mãe de 16 filhos. Era pequena, mas muito forte. Comandava a casa com muita alegria e propriedade. Tinha um carinho por todos e era muito respeitada e admirada. Nas horas vagas, fazia renda, oficio que aprendeu com sua mãe, para trazer beleza ao seu espaço. Enquanto trabalhava os bilros em suas mãos, organizava o pensamento e se enchia de prazer. Era um momento dedicado a si mesmo", recorda Lúcia. Na instalação, ela usa 521 grandes bilros em vidro, feitos um a um, e que receberam cordões de cobre, reunidos em grupos.
A terceira instalação de Lúcia é uma mesa de vidro que recebeu 60 pequenas toalhinhas feitas de pão. O material foi escolhido pela delicadeza e fragilidade. "é da cultura árabe, chamado de pão toalha. Num único gesto, uma bola de massa é atirada sobre uma superfície côncava que está sobre o calor do fogo. A massa se espalha formando uma fina camada de mais ou menos 30cm de diâmetro. Em seguida são colocadas, ainda quentes, umas sobre as outras para depois receber a embalagem. Ressecam em contato com o ar, portanto a tarefa tem que ser rápida. Imaginem a beleza dessa imagem, empilhando dezenas de placas muito finas de pão, ainda com o calor do fogo".
Pela primeira vez, o Museu de Arte de Santa Catarina abriga uma extensa mostra do trabalho do artista Rubens Oestroem. Da primeira vez, reuniu as obras que realizava sob o influxo do neo-expressionismo germânico, um dos tópicos mais relevantes dos anos 80. No presente momento, o artista, que também é curador da exposição, reúne boa parte de sua produção posterior, relativa sobretudo aos anos 90 e aos primeiros do novo século. Servindo-se de um critério menos histórico do que estético, e interessado em valorizar a presença relacional das obras num espaço museográfico, Rubens deixa claro aos olhos do visitante a extensa problemática criativa que o tem preocupado nos últimos tempos, e que tem nas implicações da materialidade seu mais relevante aspecto. Trabalha com os limites, as rupturas e as possibilidades transpositivas da pintura.
O QUê: Exposições "O Espaço Pleno", de Rubens Oestroem, e "Invisibile", de Letícia Márquez, Lúcia Misael e Maria Cheung.
QUANDO: Visitação até 13 de abril, de terça a domingo, das 13h às 21h.
ONDE: Fundação Catarinense de Cultura / Museu de Arte de Santa Catarina, localizado no Centro Integrado de Cultura (CIC), Av. Gov. Irineu Bornhausen, nº 5600 - Agronômica - Florianópolis - SC. Telefone: (48) 3953-2300.
QUANTO: gratuito.