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A Fundação Catarinense de Cultura (FCC) promove nesta sexta-feira, dia 3 de julho de 2009, às 18 horas, nova edição do projeto Sexta no Jardim - Ano 3, com apresentação dos músicos Guinha Ramires e Alegre Corrêa. Realizado no jardim do Museu Histórico de Santa Catarina - Palácio Cruz e Sousa, no centro de Florianópolis, o evento busca difundir e ampliar o acesso aos bens culturais, além de valorizar os artistas locais. A entrada é gratuita.

Guinha Ramires é músico multinstrumentista, compositor, arranjador. Nasceu em Carazinho, no Rio Grande do Sul, mas desde 1982 está radicado em Florianópolis, na Lagoa da Conceição. Com vários CDs gravados e em andamento, participou também da direção musical de vários eventos e discos. Já se apresentou em diferentes cidades do Brasil, além de países como Uruguai, Argentina, Estados Unidos, áustria, Alemanha, Suíça, entre outros. Sua marca registrada é a sofisticação rítmica aliada a uma técnica ímpar, e seu toque pode ser considerado referência para a música instrumental brasileira.

Alegre Corrêa mora na áustria e, de passagem por Florianópolis, foi convidado por Guinha Ramires para participar do Sexta no Jardim. Alegre é violonista, guitarrista, compositor e arranjador. Nasceu em 1960, em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Na capital, Porto Alegre, estudou e tocou com o pianista Paulo Dorfman, aprofundando seus estudos de harmonia. Em novembro de 1988, Alegre aterrissou em Viena. Na bagagem, a sua experiência de palco e de estúdio, os seus conhecimentos de harmonia e de improvisação, o seu profundo amor pela música brasileira, pelo jazz e pelo folclore sul-americano, além da determinação de conquistar espaço e reconhecimento.

Inaugurado em setembro de 2006, o jardim do Palácio Cruz e Sousa tornou-se um ponto de referência no centro da cidade como espaço de convívio e lazer, onde se encontram diferentes grupos. Aberto diariamente das 10h às 18h, o local permite que a comunidade se aproprie e se reconheça, desfrutando momentos de deleite e bem-estar. O projeto Sexta no Jardim - Ano 3 busca manter um programa regular de apresentações artísticas no jardim do museu, sempre às sextas-feiras, no final da tarde.

O QUê: Projeto Sexta no Jardim - Ano 3, com os músicos Guinha Ramires e Alegre Corrêa. QUANDO: sexta-feira (3), às 18 horas. ONDE: Jardim do Palácio Cruz e Sousa (em caso de chuva a apresentação será transferida para o interior do Museu Histórico de Santa Catarina), Praça 15 de Novembro, Centro, Florianópolis, fone: (48) 3028-8091 / Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. QUANTO: gratuito.

A exemplo das montadoras de automóveis, seguradoras e dos bancos americanos, socorridos pelo seu governo, o Ministério da Cultura brasileiro está trabalhando num pacote anticrise, tentando amenizar o impacto da turbulência econômica na cultura nacional. A notícia do pacote anticrise foi adiantada ao Estado por Alfredo Manevy, ministro interino da Cultura, que esteve em São Paulo esta semana para anúncio dos investimentos de um instituto cultural (o ministro Juca Ferreira está fora do País).

"A gente está preparando isso. Um pacote de medidas, no campo cultural, que tenha um efeito anticíclico em relação à economia. Incluirá reformas de espaços culturais, que geram construção civil, ampliação do parque exibidor cinematográfico e tudo o que for apresentado e gerar um impacto na economia, com interface no campo cultural. O presidente Lula já sinalizou que está disposto a incorporar o investimento estratégico este ano. E a gente está preparando o pacote", disse Manevy.

O sistema de financiamento da cultura no País está perto da asfixia. A Lei Rouanet, maior mecanismo de fomento federal, enfrenta desistências de patrocinadores importantes desde o final do ano passado. A verba investida decorre de renúncia fiscal - ou seja: as empresas usam dinheiro do seu Imposto de Renda que seria pago à Receita Federal. Mas, para ter dinheiro no caixa em tempos incertos, patrocinadores importantes estão cancelando compromissos pré-agendados com produtores culturais.

"Já é sabido, desde o fim do ano passado, que as empresas, sem capital de giro, ou para manter liquidez (mesmo não precisando botar a mão no bolso, porque é renúncia fiscal), mesmo assim estão cortando patrocínios que já estavam anunciados", admitiu Manevy. "Então, a expectativa do ministério é conclamar as empresas para confirmarem seu compromisso com a cultura num momento de crise, porque num momento de bonança é tranquilo. O patrimônio simbólico que os artistas e produtores culturais passam para as empresas é enorme. As marcas, a visibilidade. Num momento de crise, é momento de as empresas afirmarem esse compromisso."

O cenário é desanimador. A maior estatal em investimentos culturais, a Petrobrás, está retirando verbas de patrocínios (para festivais de teatro e até para escolas de samba, como a Viradouro, que perdeu R$ 7 milhões). Outras estatais estão cautelosas - estão entre as seis maiores patrocinadoras do País (Petrobrás, Banco do Brasil e Eletrobrás), que representam quase 40% do total das 500 maiores empresas brasileiras.

Governos municipais, como o de São Paulo, contingenciam verbas para a área, comprometendo programas (a verba para a Virada Cultural, este ano, foi cortada em 30%). No governo estadual, o orçamento da Secretaria de Estado da Cultura será um pouco menor este ano, R$ 534 milhões, ante R$ 540 milhões em 2008.

Outro problema que pode agravar tudo é o próprio orçamento do Ministério da Cultura, que foi contingenciado (teve recursos retidos) em cerca de 75%, a exemplo de todos os ministérios federais. Se for efetivamente cortado o orçamento direto, que tinha crescido cerca de 20% em relação a 2008 (foi destinado R$ 1,2 bilhão ao MinC), o ministério perderá a capacidade de fazer investimentos este ano.

O Ministério acha que a medida ainda não atingiu projetos e programas da pasta. "No começo do ano, os ministérios ainda não estão executando. Então essa liberação, na verdade, vai permitir que os projetos tal como estão desenhados sejam executados: o Mais Cultura, os editais, todos com os cronogramas tal como foram desenhados. A gente não sentiu ainda o impacto no nosso orçamento."

A cautela não inibiu ainda todos os grandes patrocinadores que se utilizam da Lei Rouanet. No início desta semana, o Itaú Cultural informou que vai investir cerca de R$ 40 milhões em 2009, ante R$ 37,5 milhões no ano passado. "Temos mantido um crescimento progressivo do investimento, usando sempre o princípio da contrapartida - ou seja: não é só dinheiro da lei, mas também dinheiro do banco", diz Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural.

Segundo Manevy, há uma retração sensível na área, que ainda não é sentida em estatísticas mas é diariamente levada ao governo por produtores e artistas. Ele aposta no pacote para inverter a tendência. "Se esse pacote impactar na geração de empregos e ocupação das áreas que são delicadas, o governo será plenamente favorável. A crise também é uma oportunidade. Se o Brasil investir em educação e cultura nesse momento, a oportunidade de sair reposicionado da crise é maior, em termos de capacitação, treinamento, capacidade de lidar com problemas da contemporaneidade, é investimento estratégico. E o governo reconhece que isso é relevante. Tanto que o orçamento do ministério tem crescido significativamente".

Manevy diz que não é possível medir ainda o tamanho da crise na cultura, e que isso só será possível "mais pelo meio do ano", prevê. "Mas é notório, pelo que nos chega por meio das conversas, da maneira como os produtores passam a procurar o Ministério com projetos que estavam predefinidos com patrocinadores e não vão mais ser patrocinados. Então a gente está se mobilizando com as estatais, com o setor privado, para que mantenham o compromisso. Não faz sentido tirar da cultura porque não vai impactar efetivamente as contas das empresas."


Depoimento (Esther Góes, atriz)

"O impacto econômico na nossa profissão é permanente. Não é área que disponha de sistema de financiamento perene, não tem sistema sustentável, não há essa filosofia. Temos imenso público consumidor potencial, mas que não está preparado para consumir cultura. A crise é conjunto de fatores. Nosso esforço sempre é criar a obra e também seu consumidor. Se o País investisse em Educação, estaríamos em outro patamar. Não estamos piores do que sempre estivemos. O mundo está mudando, e talvez seja a hora de adotar nova postura, de se reposicionar."

Fuga de patrocínio já afeta eventos do calendário no país

Alguns indicadores que apontam para um refluxo da atividade cultural e do seu financiamento no País em 2009:

O TIM FESTIVAL E O PRêMIO TIM DE MúSICA foram "descontinuados", eufemismo usado pelo seu patrocinador, para dizer que não serão realizados em 2009.

A 18.ª EDIçãO DO FESTIVAL DE CURITIBA, tradicional evento do calendário de artes cênicas do País, entre 17 e 29 de março, perdeu cerca de R$ 350 mil do patrocínio da Petrobras, que vinha contribuindo regularmente com o evento. Seu orçamento total é de cerca de R$ 3 milhões.

A VIRADA CULTURAL, um dos principais eventos do calendário de São Paulo, foi cortada em um terço em sua edição 2009, devido ao contingenciamento de 33% na verba da Secretaria Municipal da Cultura (outras áreas também sofreram cortes). Marcada para os dias 2 e 3 de maio, a Virada terá neste ano R$ 4,5 milhões (em 2008, foram R$ 6 milhões gastos em 800 atrações e 26 palcos só no centro da cidade. Por conta disso, não haverá programação no Parque D. Pedro e na Avenida Rio Branco.

GOVERNO DO ESTADO DE SãO PAULO diminuiu em R$ 6 milhões o orçamento da sua Secretaria da Cultura para 2009.

O GOVERNO FEDERAL contingenciou em 75% o orçamento do Ministério da Cultura. O ministério mantém a confiança em um descontigenciamento significativo desse quantia. "Nosso orçamento é muito pequeno para contribuir num processo generalizado. Tirar da gente é impactar muito a gente, e ajudar muito pouco no contingenciamento. Nosso orçamento chega a um bilhão", diz Alfredo Manevy, ministro interino.

(foto: Jose Patrício / AE)

A atração do projeto Sexta no Jardim da próxima sexta-feira, dia 21 de novembro, é o show Batuque Voz e Violão, com Tatiana Cobbett e Marcoliva. Com um trabalho voltado para composições próprias, sempre apostando na parceria e marcadamente performático, o duo se apresentará com os músicos Ubrother na percussão e Carlo Abreu na bateria.

Com repertório variado que vai da bossa ao jazz, passando por ritmos de influência nordestina, como o xote, ou do sul, como a chacareira, a dupla dará prioridade às canções que melhor aproveitem os arranjos de percussão, reunindo músicas do primeiro disco e do disco novo, que tem produção de Rafael Calegari.

SERVIçO:

O QUê: Projeto "Sexta no Jardim, com Tatiana Cobbett e Marcoliva.

QUANDO: sexta-feira, dia 21, às 18 horas

ONDE: Museu Histórico de Santa Catarina - Palácio Cruz e Sousa, Praça 15 de Novembro, 227, Centro, Florianópolis, fone (48) 3028-8090

QUANTO: gratuito

Você tem sede de quê? Se for de cultura, diversão e arte, tem uma nova e generosa fonte à disposição em Florianópolis. Na SC 401, o Teatro Governador Pedro Ivo abriu as cortinas no dia 21 de novembro, em solenidade de inauguração. A partir daí, o mais novo palco da cidade recebe o Balé Nacional da Polônia - Mazowsze (dia 22); a peça Virgolino e Maria - Auto de Angicos (dia 23), com Marcos Palmeira e Adriana Esteves; a peça O Pupilo quer ser Tutor (dia 25), do Teatro Sim... Por Que Não?!!; o monólogo Pássaro da Noite (dia 26), com Luana Piovani; a Camerata de Florianópolis (dia 27); o espetáculo musical Vozes Latinas (dia 28), de Rute Gebler; o pianista Arthur Moreira Lima (dia 29) e o show de Zeca Baleiro e banda no dia 30 de novembro.

Com preços populares (R$ 20 e R$ 10, com exceção do Maszowze, para convidados) que garantirão o acesso de um público eclético, os espetáculos de inauguração do Teatro Pedro Ivo contemplam as artes cênicas, a música e a dança, sempre com espaço para a produção local e de qualidade. "Esta é uma das principais preocupações do governador Luiz Henrique da Silveira com relação à nova casa", reforça a superintendente da Fundação Catarinense de Cultura, Anita Pires, "de que este endereço seja freqüentado por um público amplo e ofereça espetáculos de qualidade com participação permanente da produção artística local". A mesma tese é defendida pelo presidente do Conselho Estadual de Cultura, Péricles Prade, para quem o novo teatro "seráum extraordinário espaço para a difusão da cultura catarinense, nacional e do Mercosul, além de um real estímulo aos artistas".

Prestigiado em várias cidades catarinenses sempre com casa lotada e muita gente de fora, não é por acaso que o Balé Mazowsze abre a temporada inaugural. Parceira em um projeto social do Governo do Estado, a companhia polonesa é um ícone do folclore internacional. Com 4,5 toneladas de bagagem e cerca de cem componentes entre corpo de baile, coro e orquestra e mais de 800 trajes, este espetáculo já foi ovacionado em 50 países por 16 milhões de espectadores.

Do segmento teatral, o debut do novo palco ficará a encargo da montagem Virgolino e Maria - Auto de Angicos, com os consagrados atores Marcos Palmeira e Adriana Esteves. Indicada para inúmeros prêmios nacionais por melhor direção, texto, cenário e iluminação (como prêmio Shell), a peça conta a história dos últimos dias de Lampião e Maria Bonita longe da caricatura regionalista, o que conferiu ao trabalho reconhecimento da crítica especializada nos maiores veículos de comunicação do país. A seguir, a super catarinense Cia de Teatro Sim... Por que Não?!!, criada em 1984 e com uma bagagem farta (A Farsa do Advogado Pathelin, Livres e Iguais, Paralelos, ...E o Céu Uniu dois Corações, etc), levará ao Pedro Ivo O Pupilo quer ser Tutor, dirigida pelo premiado Francisco Medeiros e com iluminação de Domingos Quintiliano. Neste trabalho a companhia promove o entrelaçamento de teatro com a performance e a pantomima.

Já no monólogo Pássaro da Noite, que estreou este ano no Rio de Janeiro, a atriz Luana Piovani interpreta uma mulher em situação de solidão absoluta. Com texto de José Antônio de Souza e direção de Marcus Alvisi, a peça aborda a solidão feminina através de uma mulher enigmática que se perdeu numa noite de sexta-feira em seus próprios fantasmas e abismos à procura de sentindo para a sua vida medíocre e banal.

O teatro também abre espaço para a música com a apresentação da Camerata Florianópolis. Uma das mais importantes orquestras de câmara do Brasil com a regência do maestro catarinense Jeferson Della Rocca, apresenta a 5ª. Sinfonia de Beethoven em Dó Menor. Escrita entre 1807 e 1808 é considerada uma das mais importantes e populares composições clássicas no mundo. Além desta, a Camerata executará algumas árias consagradas.

Após a Camerata, será a vez do espetáculo Vozes Latinas com a maestrina Ruth Gebler, diretora do Estúdio Vozes, que também conta com a participação da banda Stagium 10. Serão interpretadas 19 canções num passeio musical por países de língua latina, incluindo canções italianas, espanholas, francesas, portuguesas, mexicanas, cubanas, paraguaias, argentinas e brasileiras, entre outras.

No dia 29, o pianista Arthur Moreira Lima abre parêntesis na turnê Brasil Sertões para apresentação de clássicos de Chopin a Pixinguinha, passando por Mozart, Lizst, Villa Lobos, Francisca Gonzaga e muito mais no novo Teatro, no concerto que terá cerca de uma hora de duração.

E finalmente, para encerrar o ciclo de apresentações inaugurais, o cantor e compositor Zeca Baleiro apresenta O Coração do Homem-Bomba, volumes I e II, acompanhado pela banda "Os Bombásticos". O repertório festivo e rítmico que mistura skas, sambas-funks, reggaetons, rocks e boleros vai garantir muito ânimo dançante no Teatro. Escudado pela banda com seu naipe de metais, Baleiro assegura também boas surpresas sonoras e cênicas que fecharão com chave de ouro a semana de abertura deste bem-vindo Teatro.

Serviço:

Local: Teatro Pedro Ivo, bairro Saco Grande, anexo ao Centro Administrativo de Governo, Rodovia SC - 401, Km 5, nº 4.600.

Ingressos: a partir de quarta-feira, dia 19, na bilheteria do Centro Integrado de Cultura, das 14h às 19h e sábado e domingo, das 14h às 18h.

Valor: R$20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)- vendas somente a dinheiro

Informações:

Fone - 3953.2300

www.tar.sc.gov.br

CIRCUITO CULTURAL BANCO DO BRASIL E FUNDAçãO CATARINENSE DE CULTURA PROMOVEM

Mostra "O ator por trás da câmera"

LOCAL: Museu da Imagem e do Som de Santa Catarina - MIS/SC

Sala Multimídia - Centro Integrado de Cultura (CIC) - Florianópolis

24 a 30 de novembro de 2008

ENTRADA GRATUITA

O que leva um ator a tornar-se diretor? Em que medida o estilo de grandes diretores com quem esses atores trabalharam influi no resultado final de seu trabalho como diretor?

Com a mostra "O ator por trás da câmera" o CCBB traz ao público cinéfilo a oportunidade de debater o tema por intermédio da comparação entre os filmes dirigidos por atores e os filmes dos diretores que certamente os inspiraram.

Na busca por um estilo próprio, autoral, à influência de seus mestres, esses atores-diretores têm hoje uma produção que poderá ser revista sob esse olhar, permitindo ao espectador avaliar também questões técnicas e estéticas desses filmes.

Centro Cultural Banco do Brasil

O objetivo da mostra O Ator Por Trás da Câmera é permitir a comparação entre os filmes dirigidos por atores que resolveram se transformar em diretores e a obra de diretores que os influenciaram. Assim, pretendemos observar a influência que diretores tiveram no trabalho do ator que se tornou diretor, avaliar as características do trabalho de um ator na direção, bem como tentar entender o que leva um ator a tornar-se diretor.

Uma regra muito freqüente que se observa é que o diretor que já foi ator sempre busca roteiros que privilegiam o trabalho do ator. Não se trata de legislar em causa própria (até porque, muitas vezes, o ator-diretor prefere não atuar no filme que dirige), mas sim uma espécie de hábito de procurar roteiros nos quais o profissional possa desempenhar bem o seu trabalho.

O fato é que a maioria dos atores que dirigem chegou ali trilhando um caminho diametralmente oposto ao dos diretores tradicionais, que quase sempre estudaram em escolas de cinema. Os atores em geral aprenderam seu ofício na prática, observando o diretor em ação, sentindo na própria carne os efeitos dessa direção, e vivenciando o dia-a-dia da produção cinematográfica. é, portanto, uma formação diferente.

Por exemplo, Paulo Betti. Em Cafundó, sua estréia na direção, apresenta influência de Sérgio Resende, com quem trabalhou em Lamarca, presente na mostra, e Mauá, o Imperador e o Rei. Seu protagonista, João Camargo, um escravo que luta para construir uma igreja e enfrenta o preconceito ao se envolver com uma mulher branca, lembra em muito a obsessão com que Mauá luta para construir seu império, ou a determinação com que Lamarca enfrenta o exército e a ditadura militar. O fato de trabalhar com um personagem histórico e a grandiosidade com que encena um filme de época também podem, em muito, ser creditados à influência de Sérgio Resende. Novamente aqui o trabalho do ator principal, Lázaro Ramos, é fundamental para a condução da trama.

Em resumo, ao reunir filmes que foram dirigidos por atores, pretendemos avaliar como age o ator quando assume também a função de diretor, seja a partir das influências que recebe, seja a partir de suas preferências na escolha de roteiros, no uso das câmeras (luz e enquadramentos), na escolha dos atores, etc. Há diferenças entre um diretor de carreira e um ator que resolve dirigir. Esta mostra pretende iniciar uma discussão mais ampla sobre essa questão.

Marcelo Lyra

Curador

PROGRAMAçãO CIRCUITO CULTURAL BANCO DO BRASIL

O ator por trás da câmera

Florianópolis:
24/11 - segunda-feira:
17h - Cidade Oculta (Chico Botelho/80min)
18h30 - Carlota Joaquina, Princesa do Brazil (Carla Camurati/101min)
20h30 - Infiel (Liv Ullmann/150min)

25/11 - terça-feira:
17h - Sonata de Outono (Ingmar Bergman/92min)
18h30 - Lamarca (Sergio Rezende/129min)
20h40 - O Pagamento Final (Brian de Palma/144min)

26/11 - quarta-feira:
17h - Cidade Oculta (Chico Botelho/80min)
18h30 - A Promessa (Sean Penn/123min)
20h40 - Menina de Ouro (Clint Eastwood/137min)

27/11 - quinta-feira:
17h - Sonata de Outono (Ingmar Bergman/92min)
18h30 - Lamarca (Sergio Rezende/129min)
20h40 - Cafundó (Paulo Betti/98min)


28/11 - sexta-feira:
17h - Cafundó (Paulo Betti/98min)
19h - A Promessa (Sean Penn/123min)
21h10 - O Pagamento Final (Brian de Palma/144min)

29/11 - sábado:
17h - Carlota Joaquina, Princesa do Brazil (Carla Camurati/101min)
19h - Sonata de Outono (Ingmar Bergman/92min)
20h40 - Infiel (Liv Ullmann/150min)

30/11 - domingo:
15h - Três Homens em Conflito (Sergio Leone/179min)
18h30 - Menina de Ouro (Clint Eastwood/137min)

LOCAL: Museu da Imagem e do Som de Santa Catarina - MIS/SC

Sala Multimídia

SINOPSES DOS FILMES

Carlota Joaquina, Princesa do Brazil (35mm, 1995, 101 min, Livre)
direção Carla Camurati.
Com Marieta Severo, Marco Nanini, Norton Nascimento, Marcos Palmeira.
Comédia que satiriza a vinda da família Real ao Brasil, mostrando D. João VI como um glutão e Carlota Joaquina como uma insaciável devoradora de homens. Um dos primeiros filmes da Retomada, impressiona pela habilidade com que dribla o baixo orçamento para criar um visual de época.

Cidade Oculta (35mm, 1986, 80 min, 16 anos )
direção Chico Botelho.
Com Carla Camurati, Arrigo Barnabé, Cláudio Mamberti e Chiquinho Brandão.
Drama policial paulistano, da fase conhecida como "néon realismo", que mostra a vida noturna da cidade, em meio a policiais corruptos, mulheres misteriosas e assassinatos.

Cafundó (35mm, 2005, 98 min, 14 anos)
direção de Paulo Betti e Clóvis Bueno.
Com Lázaro Ramos, Leona Cavalli, Leandro Firmino e Renato Consorte.
Estréia na direção do ator Betti, conta a história lendária de João Camargo, um ex-escravo que, no final do século 19, acredita ter visões divinas e resolve construir uma igreja. Ao mesmo tempo, envolve-se com uma mulher branca. Enfrenta assim o preconceito da sociedade da época.

Lamarca (35mm, 1994, 129 min, 12 anos)
direção Sérgio Resende.
Drama histórico. Durante a ditadura militar, um capitão torna-se simpatizante da guerrilha e resolve desertar, levando consigo muitas armas. Por sua experiência em táticas de combate, acaba se tornando um importante líder na ação das guerrilhas. Sua captura pelo exército passa a ser considerada uma questão de honra.

Menina de Ouro (Million Dollar Baby, 35mm, 2004, 132 min, 12 anos)
direção de Clint Eastwood.
Com Hilary Swank, Clint Eastwood e Morgan Freeman.
Ao lado de Os Imperdoáveis, este é um dos melhores filmes de Eastwood. Jovem garçonete acalenta o sonho de ser boxeadora. Para tanto, enfrenta o machismo dominante no esporte e convence um renomado treinador a trabalhar com ela.

Três Homens em Conflito (The God, the Bad and the Ugly, DVD, 1966, 163 min, 14 anos)
direção de Sergio Leone.
Com Clint Eastwood, Eli Wallach e Lee Van Cleef.
Durante a Guerra Civil Americana, Eastwood e Wallach vivem de dar golpes em xerifes, pegando as recompensas pela captura do segundo e libertando-o em seguida, até que descobrem o segredo de um tesouro escondido. Ele saem para tentar encontrá-lo, mas um perigoso pistoleiro (Cleef) descobre o segredo e vai atrás deles.

A Promessa (The Pledge, 35mm, 2001, 123 min)
direção de Sean Penn.
Com Jack Nicholson, Benicio Del Toro, Patricia Clarkson e Sam Shepard.
Nicholson é um policial aposentado, que investiga a morte de uma criança de sete anos por um serial killer. Ele promete à mãe que irá pegar o assassino e isso acaba se tornando uma obsessão. Aos poucos, seus métodos pouco ortodoxos acabam por assustar outras pessoas envolvidas na busca.

Pagamento Final (Carlito"s Way, DVD, 1993, 144 min, 18 anos)
direção de Brian de Palma.
Com Al Pacino e Sean Penn.
Pacino faz um líder do tráfico que, ao sair da prisão, resolve levar uma vida honesta. Defendido por um advogado corrupto (Penn), acaba envolvido por várias pendências do passado e sofre para se livrar do mundo do crime.

Sonata de Outono - (Höstsonaten, 1978, 99 minutos, direção de Ingmar Bergman)
O grande desempenho das atrizes Ingrid Bergman e Liv Ullmann dá ainda mais força a esse que é um dos dramas mais fortes do diretor sueco. Uma pianista famosa visita a filha tímida e reprimida no interior da Noruega. O encontro das duas é tenso, marcado por lembranças do passado e revela uma filha repleta de rancor e ressentimentos, por conta do abandono da mãe, mais dedicada ao trabalho que à família.

Infiel - (Trolösa, 2005, 150 minutos, direção de Liv Ullmann)
A atriz Liv Ullmann estréia como diretora com a história do relacionamento entre um músico e uma atriz. Ele é destroçado quando descobre que ela manteve um caso durante sua viagem. Ex-mulher e atriz de vários filmes do sueco Ingmar Bergman, Ullmann assimilou muito do estilo do ex-marido (sem deixar de ter personalidade), realizando um drama intimista, onde questiona as relações humanas com forte verniz psicológico.