A partir desta terça, dia 9 de dezembro, até a próxima sexta, dia 12 de dezembro, a Fundação Catarinense de Cultura ministrará oficinas gratuitas de origami (arte japonesa de dobrar papel), a partir das 15 h, na tenda do VII Festival das Flores de Florianópolis, na Praça Fernando Machado. Os interessados em participar da oficina, que será ministrada pela professora Kátia Nunes, devem se inscrever no local.
Também faz parte da programação cultural do VII Festival das Flores Dia 10 (quarta-feira): apresentação do músico Mauro Normam, no dia 10; qapresentação do Trio Olho de Cabra, formado por Jorge Linemburg (violino), Fernando Terrezan (violão) e Gustavo Tirelli (bateria), no dia 11, e concerto da Orquestra Escola do Maestro Carlos Alberto Vieira, no dia 12. As apresentações iniciam às 18h30 e são abertas ao público.
Quem for ao evento poderá apreciar cerca de 200 espécies de flores e plantas ornamentais, assim como mudas de frutíferas e medicinais, que estão sendo comercializadas a preços especiais. A tenda estará aberta diariamente das 9h às 20h até a próxima sexta-feira, dia 12 de dezembro.
O Governo do Estado de Santa Catarina, através da Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte,
Fundação Catarinense de Cultura e Museu Histórico de Santa Catarina
convida para o coquetel de abertura da exposição
PRESENçAS: o ato de pintar
Curadoria de Rubens Oestrom
Artistas: Anelise Junqueira Bertoncini
Dolma Magnani de Oliveira
Elvira dos Santos Sponholz
Jussara Isabel Romero
Katia áurea da Costa
Ligia Czesnat
Mariza do Amaral
Marivone Dias
Sandra Cavallazzi
Verceles Amâncio
Dia 05 de março de 2009
19 horas
Museu Histórico de Santa Catarina
Palácio Cruz e Sousa
Visitação: 06 de março a 05 de abril
Terça a Sexta das 10h às 18h
Sábado e Domingo das 10h às 16h
Presenças: o ato de pintar
Neste grupo de pesquisa artística, prevalecem elementos do neo-expressionismo dos anos 80. O esforço concentrou-se mais na transformação do suporte, técnicas com decalque plástico, sobreposição de gestos. A pintura preta e branca talvez tenha se originado nos exercícios de desenho a carvão.
A pintura de camadas nos leva a um processo meditativo, onde os tons que se fundem nos fazem refletir sobre o enigma da pintura orgânica, seja ela figurativa ou não.
Grande formato ou pequeno formato, qual é a diferença? Na tela grande você se envolve de corpo inteiro, no formato menor, você usa praticamente a mão. Isso nos leva a pensar o quanto pode ser complexo o contexto da pintura.
Dividir conhecimento requer muita habilidade. Não só o estabelecido nos abre caminho à obra de arte, é necessário transcender a arte consumada. Esta pintura não deseja mais discutir sua vanguarda, pois seu ímpeto está no auto-conhecimento, no espaço-tempo, na subjetividade e no prazer de quem está o pincel na mão.
Rubens Oestroem
PRESENçAS
* Ligia Czesnat
Linhas e cores se misturam numa profusão de configurações e nesta diversidade se evidência uma unidade insustentável, entre caligrafias, diagramas, cujo esforço, parece assegurar um processo coletivo de superação, para não se tornarem mais um código facilmente e decifrável.
O artista é esse personagem estranho que coloca para si a tarefa de atravessar o abismo, para então no caos, instaurar um nascimento, pois o ato de pintar é fazer nascerem mundos e seu efeito é fazer surgir presenças.
Este é um grupo de artistas, que vem trabalhando incessantemente em seus projetos artísticos pessoais, e que juntos se articulam na diversidade, anos seguidos. Cada um possui sua senha, ou seja, um fluxo do sensível, que informa as diferentes maneiras de ver a forma, o fundo, o espaço, a cor e a luz, na qual se introduzem múltiplas modulações. Assim, buscando encontrar uma convergência para forças tão dispares, o jogo que surge faz perceber que sua vantagem está justamente no constante desfazer-se, no desequilíbrio, para então, refazer-se, permitindo captar-se o regime da cor como o ponto pictural comum.
Com advento do uso exclusivo da cor como recurso de preenchimento do espaço, inaugura-se a emergência do olhar da pintura exclusivamente sobre a superfície da tela. Essa decisão implicou no deslumbramento e no desvio da cor, que está serviço agora da abertura de um espaço de outra natureza, isto é, o espaço em que a cor modula a luz.
São faturas que procuram preencher o vazio da tela branca, desenhos rabiscam fantasmas, paisagens, retratos, e dividem a tarefa comum de transformar em forma a tela informe, recolocando o eterno jogo de solucionar questões irresolutas da arte. As habilidades destas artistas não se resumem apenas na obra como cintilações do sonho, mais como também remetem pensar nos sentidos e nas inquietações de cada uma e das particularidades de técnicas que se evidenciam no manuseio ora da cor, ora da forma, presentes muita vezes, nas repetidas e delicadas veladuras de Marivone Dias; do eterno jogo sutil entre cores pálidas e luz de Jussara Romero; na lucidez plástica no uso e na depuração das cores saturadas e contrastantes de Sandra Cavallazzi; no esforço continuado de fazer da paisagem arborescente uma experiência de cores e de novos materiais de Dólma de Oliveira; o esforço de desfazer a semelhança para fazer surgir a imagem figural de Kátia Costa; da energia de iniciante atenta e caprichosa de Annaluise Junqueira Bertoncini; Euvira Santos Sponholz com o jogo táctil de cores matéricas; Mariza do Amaral revisita um gênero pictórico esquecido o auto-retrato, buscando a estranheza no processo de identificação; Vercelles Amancio cujo processo criativo trouxe tensões inovadoras ao grupo; e eu Ligia Czesnat a pretexto de fazer dos retratos presenças e não representações, acrescento a preocupação de trabalhar em branco e preto, no qual procuro pensar as questões relativas à grisalha.
* Professora Aposentada do Departamento de História da Universidade Federal de santa Catarina.
08/12/2008 - O artista Fernando Lindote abre nova exposição individual nesta quinta-feira (11), no Museu Histórico de Santa Catarina - Palácio Cruz e Sousa, no Centro de Florianópolis. A mostra, "Espelho Feio", reúne pinturas, esculturas e uma intervenção no espaço do museu. Para essa mostra, que tem apoio da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), mantenedora do espaço, Lindote produziu uma série de pinturas e desenhos em óleo sobre tela. A mostra inclui também duas esculturas, além de uma intervenção no mobiliário do Museu com vidro e folhas de chumbo.
As pinturas começaram a ser produzidas há dois anos, e as esculturas são de 2003. A intervenção será realizada no local na semana que antecede a abertura. Segundo Fernando Lindote, "trata-se de uma mostra muito particular, subjetiva até certo sentido, ainda que seja um momento de esgotamento de um modo de abordar o problema com o modernismo. é um momento de abandono de uma via de acesso a certos dilemas".
O texto de apresentação da exposição (anexo), assim como o texto do catálogo, são do crítico de arte, escritor e poeta Péricles Prade, que acompanhou boa parte do desenvolvimento do trabalho. "Espelho Feio" é a quarta exposição de Fernando Lindote em 2008. Entre junho e julho, Lindote realizou em São Paulo as individuais "3D3M", no Centro MariAntônia, e "Desenhos Antelo", na Galeria Nara Roesler. Em agosto foi a vez de Porto Alegre conferir "Desenhos Antelo" na galeria Gestual.
A mostra "Espelho Feio" fica em cartaz até 1º de março de 2009. O catálogo com o texto completo de Péricles Prade e registro do trabalho será lançado durante o período expositivo.
O QUê: Abertura da exposição "Espelho Feio", de Fernando Lindote
QUANDO: quinta-feira, dia 11 de dezembro de 2008, das 19h às 22h. Visitação até 1º de março de 2009, de terça a sexta, das 10h às 18h, aos sábados e domingos, das 10h às 16h.
ONDE: Museu Histórico de Santa Catarina - Palácio Cruz e Sousa, Praça 15 de Novembro, 227, Centro, Florianópolis, SC. Fone: (48) 3028-8092.
QUANTO: gratuito
Enquanto o Ministério da Cultura planeja seu "pacote anticrise", produtores culturais, especialmente da área de artes cênicas, pressionam a Fundação Nacional de Artes (Funarte) para tentar reverter o efeito bomba da Lei Complementar 128. Sancionada pelo presidente Lula em 19 de dezembro - uma sexta-feira, último dia do calendário legislativo - como medida emergencial para conter os efeitos da crise em diversos setores, a lei excluiu as produtoras culturais do Supersimples, aumentando sua carga tributária. "O impacto na nossa área não foi previsto e, para nós, foi mesmo uma surpresa", disse ontem ao Estado o presidente da Funarte, Sérgio Mamberti.
Considerado um dos mais importantes intérpretes do piano romântico no mundo, Arthur Moreira Lima faz apresentação única no Teatro Governador Pedro Ivo, inaugurado recentemente pelo Governo do Estado, em Florianópolis. O concerto, inicialmente programado para acontecer na semana de abertura do espaço, no final de novembro, foi adiado em função da calamidade que se abateu sobre o estado. "Tivemos que atrasar, pois a situação foi realmente muito grave. Mas agora é também hora de agir, agradecer o apoio recebido e, principalmente, nos ajudarmos. Mais do que nunca é necessário oferecer mais espetáculos, mais arte. A arte tem poder de reagir frente às intempéries. Ela nos deslumbra, nos deixa feliz, nos emociona e, acima de tudo, ajuda a levantar a moral, a auto-estima, para que possamos continuar como a vida que não acabou", observa o pianista.
Neste concerto Moreira Lima apresenta um repertório de clássicos mais populares, entre eles Chopin, Mozart, Bach, Beethoven, e outros compositores do universo erudito que ele mesmo ajudou a popularizar como Villa Lobos, Chiquinha Gonzaga, Piazzola e Pixinguinha, além de algumas surpresas.
Desde o início dos anos 90, Arthur possui uma casa em Florianópolis e, a cada ano, passa mais tempo em Santa Catarina do que na sua terra natal, o Rio Janeiro, onde também tem residência. A escolha se deve à busca de qualidade de vida.
Observador atento, acredita que o Estado tem muito mais a oferecer em termos de cultura do que se imagina: "Santa Catarina é uma praça muito forte, muitas vezes mais fácil do que Paraná ou Rio Grande do Sul. O povo daqui é entusiasmado, tanto que qualquer espetáculo de qualidade que é oferecido lota, as pessoas comparecem. Aqui há sede cultura e um campo enorme a ser explorado". Para ele, "muitos produtores estão bobeando ao trazerem apenas eventos que já estão programados para os estados vizinhos." Defensor da cultura como prioridade, ele acredita que "se Florianópolis, Joinville, o Vale do Itajaí e mais outras cidades como Jaraguá do Sul e Criciúma se unissem em torno desta causa, teríamos agradáveis surpresas. Falta um pouco de visão tanto da iniciativa pública, mas principalmente da privada, que não quer arriscar, não quer ousar."
Com a tarimba de um erudito que já se apresentou em favela, com o mesmo rigor e disciplina de uma apresentação nos melhores teatros da Europa, ele é um defensor da difusão da cultura onde o povo está, ou seja, levar espetáculos onde não existe sequer estrutura física para isso. Como outros artistas e produtores locais, também comemora a abertura de mais um teatro, na capital. "Um teatro é sempre bem-vindo, Florianópolis está se preparando para cada vez mais consumir cultura e arte. Precisamos agora é criar ações, testar, ousar nas produções e apresentações. O Pedro Ivo é mais um queijo na nossa mão, temos agora é que usar a faca", conclui o artista.
Em 2009, Arthur volta à estrada no projeto Um piano na estrada, para levar música erudita a quem não tem acesso, ou mesmo não conhece. Ele prepara turnê especial pela região Sul, principalmente Santa Catarina, que vê como um enorme campo artístico cultural.
O que: Concerto de piano com Arthur Moreira Lima
Onde: Teatro Governador Pedro Ivo, bairro Saco Grande, anexo ao Centro Administrativo do Governo do Estado, na Rodovia SC - 401, Km 5, nº 4.600, Florianópolis.
Quando: quinta-feira, dia 11 de dezembro, às 20:30
Como: ingressos à venda na bilheteria do Centro Integrado de Cultura - CIC, das 14h às 19h e sábado e domingo, das 14h às 18h.
Quanto: R$20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)- vendas somente a dinheiro
Saiba mais:
O Pianista:
Nascido no Rio de Janeiro, Arthur Moreira Lima começou a estudar piano aos seis anos e, já aos nove, tocava um concerto de Mozart com a Orquestra Sinfônica Brasileira. Foi aluno de Lúcia Branco (também professora que incentivou o jovem Tom Jobim a tocar suas próprias composições, ao invés de se tornar um pianista clássico). Em 1959 foi estudar com a professora Marguerite Long, em Paris, e ficou três anos. Em 1963, ganhou uma bolsa para aquele que era, na época, o mais prestigiado nicho formador de pianistas do mundo: o Conservatório Tchaikovsky, em Moscou. Estudou lá durante cinco anos. E depois, ficou mais três, fazendo pós-graduação e sendo assistente de cátedra do grande mestre Rudolf Kehrer. Nesse meio tempo, obteve o segundo lugar no Sétimo Concurso Chopin, o mais prestigiado do mundo, realizado em Varsóvia, em 1965. Preferido do público, foi ovacionado durante vinte intermináveis minutos. Começava ali sua carreira internacional.
"Certa madrugada paulistana, alguém confundiu, no balcão de uma padaria da rua da Consolação, Arthur Moreira Lima com um mágico. Ele vinha de um concerto seguido de um jantar prolongadíssimo, e ainda vestia a casaca de músico, daí a confusão.
Isso aconteceu no começo de 1971, numa das primeiras vezes em que Arthur vinha tocar no Brasil, na época, ele morava em Viena. O inusitado da situação fica por conta do acerto involuntário: incapaz de qualquer truque de prestidigitador, Arthur Moreira Lima é, sem a menor dúvida, capaz da mais alta magia em seu ofício. O inusitado da localização: afinal, quantos pianistas eruditos bem sucedidos podem ser encontrados, num fim de noite, num balcão de padaria? Fica por conta de uma das mais marcantes características de Moreira Lima: sua irremediável vocação para a matreirice carioca, seu talento inquebrável para manter muito da irreverência juvenil, sua obstinada proximidade com o dia-a-dia do brasileiro. E esta é, possivelmente, a melhor maneira de descrever Arthur Moreira Lima: o mais brasileiro dos grandes pianistas de formação erudita da nossa história", conforme descreve o jornalista e escritor Eric Nepomuceno, no autor de sua biografia, no site oficial do músico.
Por volta de 1978, Arthur Moreira Lima arriscou trocar duas décadas de prestígio na Europa pelo Brasil. Cansado de ser estrangeiro em outros países, se sentia realizado como pianista, mas queria ser realizado como brasileiro. "Lá fora, as coisas estão feitas, estão prontas. Aqui, não. Eu sentia que no Brasil poderia participar do processo cultural, de maneira ativa. Sabia que num país com uma elite pequena e indefinida como é o Brasil, tentar democratizar as coisas, no meu caso, a música, seria extremamente difícil. Mas sabia também que valia a pena", reflete para completar: "acredito que estou dando minha contribuição". Com uma média de 90 apresentações por ano, tocando para as platéias mais diversas nos lugares mais inusitados, ele certamente contribui, e muito, nessa tentativa de democratizar o que normalmente é privilégio de pouquíssimos: a música, a arte em seu estágio mais nobre, ou seja acessível, indo onde o povo está.
Neste sentido, o pianista tem sólido trabalho de resgate e difusão das raízes culturais brasileiras. Foi solista da primeira audição do Concerto n. 1 de Villa-Lobos no Japão, Rússia, áustria e Alemanha. Foi também o pianista que fez reviver a obra de Ernesto Nazareth. Por seu trabalho discográfico no Brasil, recebeu por duas vezes consecutivas o Prêmio Sharp (1989 e 1990). Nos Estados Unidos, seu CD da obra de Ernesto Nazareth foi incluído na lista das melhores gravações do ano da Stereo Review Magazine. Um CD de Chopin Favourites lançado no Japão pela Nippon Columbia continua como um dos best-sellers da companhia.
O escritor Nepomuceno completa a sua descrição do pianista com uma pergunta: qual o espanto provocado por Arthur em boa parte da crítica?
"Justamente sua negativa a aceitar fronteiras rígidas entre o erudito e o popular, entre arte maior e arte menor. Para ele, são diferentes expressões de uma mesma cultura rica, diversificada e em eterna ebulição. Tocar Chopin e Mozart em praça pública, em praia ou numa favela com a mesma dedicação com a qual enfrenta as platéias mais exigentes e sisudas do mundo tocando Nazareth e Pixinguinha é, para Arthur Moreira Lima, uma questão de princípio. Sente-se especialmente gratificado quando constata a emoção de alguém que nunca havia visto um pianista de sua estatura tocar Chopin e isso, certamente, só ocorre quando ele procura o público mais amplo, justamente aquele que normalmente é segregado dos grandes teatros dedicados à erudição. Se o trabalhador não tem como ir ao Municipal ouvir Chopin, Arthur leva Chopin ao trabalhador. Assim de simples, assim de justo.
Misturando Liszt, Nazareth, Chopin, Piazzolla, Bach, Villa-Lobos, Mozart e Pixinguinha, Moreira Lima conquistou o público: conseguiu democratizar a música erudita e valorizar, em sua devida dimensão, a música popular. E tudo isso sem concessões, com rigor extremo. Arthur Moreira Lima cumpriu cinqüenta anos de carreira com o entusiasmo de estreante, intacto, intocável. Quem observar com a devida calma sua trajetória chegará a conclusão de que ele poderá perfeitamente inscrever seu nome entre os maiores da história do piano e dos intérpretes de música erudita do Brasil. Poderia. Mas, de fato, o que ele fez e vem fazendo é inscrever seu nome na história da cultura deste país.
De todas as suas atividades, uma se sobressai, definitiva: empregar seu vasto e singular talento na busca da democratização da música, a mais nobre das artes. Arthur Moreira Lima deixou, há um bom tempo, de ser apenas um dos maiores pianistas da história brasileira. Ele é um dos nomes mais importantes da nossa cultura."