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"isso não posso contar"

Luciana Knabben apresenta a exposição “isso não posso contar”.  Antonio Vargas avalia o trabalho da artista, alegando que elevou a pintura ao status central de sua problemática formal.
 De maneira disciplinada, quase monástica, submeteu cada elemento constitutivo da imagem pictórica a um rigoroso processo de análise conceitual do qual sou testemunha. E o fez através da prática para espanto e horror teorético. Extraiu lições essenciais de questões problematizadas pela abstração lírica, pela Póvera e por Oiticica incorporando apenas os elementos essenciais para elaboração de uma linguagem pictórica pessoal capaz de se cotejar com as práticas contemporâneas internacionais que discutem a pintura para além de suas fronteiras físicas e conceituais. Como se isto fosse pouco (o que não é !) os atuais trabalhos revelam que Luciana segue sintetizando ainda mais sua linguagem, agora, pela seleção e submissão dos materiais ao interesse de uma investigação sobre os limites da capacidade simbólica da matéria.
 
Isso não posso contar, reúne trabalhos que ocupam o espaço com o mínimo. Como isto é possível? Pela ação alquímica de transmutação da matéria! Para os alquimistas que atravessaram séculos de racionalismo iconoclasta a busca pela transmutação matérica é a busca pela identificação de um símbolo da transformação interior que apenas se revela de forma exterior quando já se deu internamente. A meu ver, os atuais trabalhos de Luciana Knabben revelam a prática de uma alquimia artística contemporânea que extrai de cada lantejoula, de cada fio, alfinete, tecido e isopor não apenas uma indicação do que ele é mas uma simbolização do que ele pode vir a ser. E as implicações estéticas e, conseqüentemente, políticas desta prática não são pequenas.
 
Ao contrário de algumas das proposições artísticas de sua referência básica que emergem historicamente com a consciência messiânica de um compromisso social, a ação de Luciana knabben sobre os materiais cria uma dobra da qual emergem uma dimensão libertária que é anárquica, quase carnavalesca em seu sentido de Festa. Num momento em que as organizações tradicionais são subvertidas pela vida digital e em que muitas reflexões estéticas se encontram pautadas pelo simples hedonismo individualista pouco comprometido o intimismo carnavalesco apresentado nas obras de Luciana revelam, na sua simbólica material (e sem a necessidade de um suporte das ideologias seculares) uma compreensão profundamente positiva da potencialidade humana de transmutar o vulgar em beleza, o simples em complexo e o marginal em central.
 
Luciana Knabben  é arquiteta e formada em bacharelado em pintura e gravura na Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis/SC (2006).
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"croma"
Roberta Tassinari apresenta a exposição “Croma”.  Segundo Marcelo Pereira Seixas, o título, em princípio, nos remete a uma gramática própria da pintura, haja vista ser este um termo associado não só à noção de pureza cromática, como, também, à da ausência do branco na diluição de uma cor para a obtenção de um meio tom. Seixas explica a obra de Tassinari em detalhes:
Entre quatro pilares de ferro do espaço expositivo do Museu Histórico, são dispostos algumas dezenas de bóias infláveis – nas cores rosa neon, rosa fosco e rosa translúcido – em diferentes escalas que, suspensas por fios de nylon, espalham-se compondo o ambiente. Trata-se de um trabalho eminentemente retiniano e, inerentes a ele, espacialidade e temporalidade são os aspectos que mais facilmente podem ser identificados. Conforme variam a localização do espectador e a luminosidade do ambiente, as bóias – que poderiam ser vistas como massas de cor – vão assumindo novas configurações e, na medida em que se agrupam em diferentes sobreposições ou justaposições, vão compondo infinitas combinações. Estruturado pelas bóias que Roberta cuidadosamente distribui, este arranjo espacial pode ser visto como uma pintura espacial caleidoscópica (ou uma instalação como preferem alguns) que está sempre por fazer-se. Inconclusa diante das tantas variáveis que regem sua lógica interna constitui-se num trabalho que nunca se esgota, sempre se renovando a cada situação.
Neste trabalho, a artista/pesquisadora vale-se do uso especial e muito particular daquelas lições pictóricas aprendidas já faz algum tempo. Segura dos procedimentos adotados, não só pretende desdobrar aspectos referentes à cor, luz, transparência, veladura, e todos aqueles aspectos próprios do discurso da pintura, como, também, descontextualizar muitas das suas operações básicas. Fica-nos claro que, ao ousar tal gesto de ruptura, de superação, de insurgência mesmo, consegue ir muito mais além, ao ponto de transpor todos aqueles limites e fronteiras mais arcaicos que ainda insistem e persistem na lógica do confinamento que nos é imposta pela via das categorias tradicionais da arte.
Roberta Tassinari é formada em design gráfico na comunicação(Unisinos/RS) e publicitária.  
 
  
Visitação: 10/04/10 a 02/05/10, de terça a sexta, das 10h às 18h
sábado e domingo, das 10h às 16h.
FESTIVAL DE MÚSICA CONTEMPORÂNEA ALIANÇA FRANCESA
 
De 05 a 28 de novembro de 2010 acontece no Museu histórico de Santa Catarina, a exposição “A História da Música através dos Instrumentos Musicais - do séc XII ao séc XXI”, atividade integrante do III Festival de Música Contemporânea Aliança Francesa, com entrada gratuita.
Trata-se de uma exposição de instrumentos musicais de percussão, cordas e sopro, produzidos por luthiers do Brasil e do exterior, com um acervo de mais de 50 instrumentos de várias partes do mundo e de diversos períodos da história, desde instrumentos primitivos aos dias atuais, apresentando sua evolução e importância no desenvolvimento humano.
Apresentações musicais e palestras acontecem paralelamente à exposição, também no Museu Histórico. Na abertura, no dia 05 de novembro, às 19h, apresenta-se o Harmonia Universalis – Núcleo de Musica Antiga (SP), grupo de música de câmara formado por Luiz Henrique Fiaminghi (violino barroco), Valeria Bittar (flauta-doce) e Marcos Holler (cravo), especializado em interpretações de música antiga, executada em instrumentos históricos.
No dia 18 de novembro, às 19h, é a vez do Cantus Firmus (SC), grupo em cujo repertório constam obras sacras e profanas de expressivos compositores da Idade Média e do Renascimento.
Nos dias 06 e 08 de novembro, às 15h, o luthier Joaquim Pinheiro realiza uma palestra demonstrativa sobre a construção de instrumentos musicais acústicos. Nos dias 17 e 24 de novembro, às 11h, é oferecida uma oficina de tecnologia musical, que pretende apresentar o uso de equipamentos digitais, softwares, interfaces, controladores e pick-ups, bem como processos de gravações em home studio.
 
 
 
Serviço:
O que: Exposição “A História da Música através dos Instrumentos - do séc XII ao séc XXIQuando: de 05 a 28/11 (terça a sexta, das 10h às 18h; sábado e domingo, das 10h às 16h)
Local: Museu Histórico de Santa Catarina/Palácio Cruz e Sousa
Entrada gratuita.
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Atividades paralelas:
(todas realizadas no Museu Histórico de Santa Catarina/Palácio Cruz e Sousa, com entrada gratuita)
Apresentação musical
Harmonia Universalis – Núcleo de música antiga (SC/SP)
Quando: 05/11, 19h
Apresentação musical
Cantus Firmus - Música Medieval e Renascentista (SC)
Quando: 18/11, 19h

Construção de Instrumentos Musicais Acústicos - Palestra demonstrativa com o luthier Joaquim Pinheiro (RJ)
Quando: dia 06 e 08/11, 15h.

Oficina de Tecnologia Musical
Quando: 17 e 24/11, 11h
 
Mais informações:
 
 
Paula Albuquerque Assessoria de Imprensa
02285 JP
(48) 8418 2061
 
Luiz Moukarzel – Produção e curadoria
(48) 9907 7856
 

O MUSEU HISTÓRICO DE SANTA CATARINA - MHSC, vinculado à FUNDAÇÃO CATARINENSE DE CULTURA - FCC, está recebendo propostas de exposições temporárias para o ano de 2011. O Edital, tem por objetivo contribuir para a dinamização do Museu, a democratização e o acesso da população aos bens culturais marcados pela história, como também às produções e manifestações artísticas contemporâneas.
 
 
REGULAMENTO PARA APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS PARA EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS NO MHSC.
 
O MHSC possui duas salas e o jardim para realização de exposições temporárias:
- SALA MARTINHO DE HARO – para objetos / obras bidimensionais;
- SALA QUATRO – para objetos / obras bidimensionais, tridimensionais e vídeos;
- JARDIM – para esculturas e intervenções.

Obs.: O museu possui painéis movéis e vitrines expositivas. 
As plantas-baixas dos espaços estão disponíveis no
menu Arquitetura e Acervo.
 
1.      PARTICIPAÇÃO
A participação para o calendário de exposições individuais ou coletivas do MHSC é aberta a diferentes temáticas e linguagens.
Poderão participar do processo de seleção artistas, curadores,  historiadores, colecionadores,  pesquisadores e instituições.
 
As exposições serão realizadas entre os meses de abril de 2011 e  março de 2012.
 
2. INSCRIÇÕES
Os interessados deverão enviar suas propostas até 28 de janeiro de 2011, em envelope lacrado e identificado para:
MUSEU HISTÓRICO DE SANTA CATARINA - Palácio Cruz e Sousa
Praça XV de Novembro, 227 – Centro
88.010-400 – Florianópolis-SC
 
Deverão obrigatoriamente constar na inscrição:
·        Ficha de inscrição preenchida e assinada (disponível no site www.mhsc.sc.gov.br   em  EDITAIS);
·        Dossiê, no formato A4, contendo projeto da exposição impresso com descrição detalhada (plano de montagem, materiais e equipamentos a serem utilizados) e outras informações que o artista julgar necessário; documentação fotográfica em boa resolução dos trabalhos/objetos  que serão expostos e currículo. As imagens devem ser identificadas com título, técnica, dimensões e data. Obras audiovisuais deverão ser encaminhadas em DVD ou CD na integra.
Serão anuladas as inscrições que não atenderem aos termos do presente regulamento.
 
3. SELEÇÃO
A análise das propostas estará a cargo de uma Comissão Especial de Seleção, composta por membros de reconhecida competência e notório conhecimento na área de arte e patrimônio.
 
4. RESULTADO DA SELEÇÃO
O resultado da seleção será divulgado no site www.mhsc.sc.gov.br. Os selecionados receberão um comunicado por e-mail.
Os proponentes não selecionados terão um prazo de 45 dias, após a divulgação da seleção, para a retirada do material no Museu. Após este prazo os projetos serão descartados.
Os nomes dos integrantes da comissão julgadora serão divulgados depois do término da seleção, juntamente com o comunicado aos projetos selecionados.
 
5. RESPONSABILIDADES
5.1. Compromisso do proponente:
5.1.1. Assinar o Termo de Responsabilidade com o MHSC para oficializar a exposição e restituir a 1ª via do termo em 15 (quinze) dias úteis, a partir do recebimento do mesmo, devidamente preenchido e assinado.
5.1.2. Encaminhar via correio convencional ou via e-mail, imagens dos trabalhos/objetos (mínimo 3) nos formatos BMP ou JPG de boas resoluções, dados biográficos, currículo profissional e textos críticos sobre a exposição.
5.1.3. Relacionar e enviar para o Museu Histórico de Santa Catarina, via correio convencional ou e-mail, a relação de obras/peças a serem expostas com as devidas informações: título, data, técnica, dimensões até 30 (trinta) dias anterior à data de abertura da exposição.
5.1.4. Fazer chegar ao Museu Histórico de Santa Catarina até 6 (seis) dias úteis antes da abertura da mostra os trabalhos/objetos, devidamente identificados, embalados e em condições de serem expostos.
5.1.5. Responsabilizar-se por materiais especiais, para a montagem da exposição, não disponíveis no Museu Histórico de Santa Catarina.
5.1.6. Qualquer alteração no aspecto físico original do espaço da mostra (pinturas especiais, recortes, furos, adaptações dos painéis, etc.) poderá ser executada pela equipe do Museu Histórico de Santa Catarina, desde que o proponente forneça o material necessário para a alteração, bem como para o retorno à forma original.
5.1.7. O material referente às alterações deverá ser entregue antes da modificação a ser efetuada.
5.1.8. Deverão ser entregues embalados os trabalhos/objetos a serem expostos, de modo que a embalagem possa ser reutilizada na devolução das mesmas.
5.1.9. Responsabilizar-se por despesas de frete e seguro, se necessário.
5.1.10. Responsabilizar-se pelas despesas decorrentes da confecção de qualquer impresso que fuja aos compromissos da Fundação Catarinense de Cultura, fazendo nele constar as logomarcas institucionais a serem fornecidas pelo MHSC, bem como o endereço do Museu, site e data da realização do evento.
No caso de confecção de catálogos, fazer constar a equipe do Museu Histórico de Santa Catarina.
5.1.11. Retirar o material exposto no prazo de cinco dias após o término da exposição.
5.1.12. Respeitar as normas de preservação do edifício. Por ser um bem tombado não é permitido qualquer interferência nas paredes, teto ou piso, apenas os painéis podem sofrer alterações, de acordo com o item 5.1.6.
 
5.2. Compromissos da FCC/MHSC:
 
A Fundação Catarinense de Cultura, através do Museu Histórico de Santa Catarina, fica responsável pelo seguinte:
5.2.1 – Informar o resultado da seleção e do calendário de exposições através de comunicado individual via e-mail ou correio e publicado no site do MHSC;
5.2.2 – Impressão e postagem de até 500 (quinhentos) convites, de acordo com o padrão da instituição;
5.2.3 – Divulgação da exposição, mediante press release aos órgãos de imprensa e no site do museu; ( de acordo com o item 5.1.2)
5.2.4 – Cessão do espaço necessário à exposição, montagem e desmontagem, iluminação disponível, vigilância, guarda das obras, reembalagem e programação visual, sendo a última com o orçamento sujeito à aprovação da Presidência da Fundação Catarinense de Cultura.
 
6. DISPOSIÇÕES GERAIS:
 
6.1 – Caso o proponente tenha interesse em realizar um coquetel, este deverá ser avaliado junto a Administração do Museu;
6.2 – Os interessados em expor devem observar que, sendo um prédio tombado pelo Patrimônio Histórico de Santa Catarina, não serão aceitos projetos que utilizem materiais que comprometam e/ou prejudiquem as instalações físicas dos espaços;
6.3 – A inscrição implica na aceitação deste Regulamento.
 
                                                           Florianópolis, novembro de 2010.

Edital disponível  para baixar em download nesta página

A exposição “Quanto Como um Desenho”, de André Luis Favilla, é um registro de diferentes momentos da pesquisa em artes visuais que o artista tem desenvolvido nos últimos anos. Em linhas gerais, caracteriza-se pelo emprego de três estratégias principais: operação sobre a estrutura (e não superfície) da imagem fotográfica, releitura do emprego das matrizes geométricas na arte contemporânea e reprodução variada (não-idêntica) das matrizes gráficas.


 
Já a exposição “+papel”, coletiva de artistas do Grupo Rosa dos Ventos (UDESC/CNPq), apresenta uma reflexão sobre a materialidade do papel como veículo poético. Buscando dar forma a memórias e relações com esse material, as artistas exploram desde as mais íntimas e delicadas lembranças até relações com o outro e com a paisagem.
 
 
“Quanto Como um Desenho”  
O artista visual, ensaísta, tradutor e professor universitário André Luis Favilla apresenta em sua exposição a pesquisa em artes visuais que tem realizado nos últimos anos. “É, em parte, uma reação à institucionalização estreita da prática e do debate sobre arte e tecnologia no Brasil”, disse. Em seus trabalhos, a tecnologia empregada é digital, mas não é “de ponta”, já que os desenhos são feitos com aplicativos comerciais de design gráfico. Os desenhos possuem uma escala que demanda a presença física (e não remota, ou virtual) do observador no espaço de exposição; mas, aqui, não há nada “interativo”. O suporte final de apresentação dos desenhos é o papel (sujeito às contingências de uma delicada constituição física), que pode ser exposto sem proteção, com o auxílio de cabo de aço, esticadores e presilhas.

Em meados dos anos 1960, por meio da atuação de artistas como Frieder Nake e Herbert Franke, a Alemanha ocupou um lugar de destaque, junto com os Estados Unidos, no surgimento das primeiras experiências de utilização do computador para a produção no campo da arte. No Brasil, coube a Waldemar Cordeiro a realização das mais conhecidas e bem-sucedidas experiências inaugurais.
 
Segundo Favilla, a apropriação do computador pelos artistas como meio ou suporte para a produção artística é evidentemente legítima, mas, no caso do Brasil, parece ter havido uma perigosa institucionalização desta prática a partir do final dos anos 1990. “Há financiamento oriundo de gigantes da telecomunicação, mostras competitivas com critérios estreitos, espaços exclusivos de exposição, grupos acadêmicos de pesquisa, produção e crítica de ‘arte tecnológica’ – enfim, todo um arcabouço institucional que parece atuar na direção de um retorno anacrônico ao formalismo, onde o problema da arte parece se resumir à mera questão do suporte”, ressaltou.
 
A exposição “Quanto Como um Desenho” retrata um registro de diversos momentos da pesquisa do artista, caracterizada pela utilização de três estratégias principais: operação sobre a estrutura (e não superfície) da imagem fotográfica, releitura do emprego das matrizes geométricas na arte contemporânea e reprodução variada (não-idêntica) das matrizes gráficas.
 
1) Operação sobre a estrutura (e não superfície) da imagem fotográfica
A estratégia de Favilla tem sido realizar intervenções de natureza gráfica sobre a imagem fotográfica, propondo uma requalificação do significado de “intervenção”. “Como sabemos, a manipulação de imagens fotográficas por meio de ferramentas digitais (por exemplo, com o Photoshop) tornou-se corrente. De certo modo, trata-se de mais uma esfera da vida contemporânea onde o desejo por um crescente poder de intervenção se manifesta. E, associado a este poder, encontramos um anseio pelos ideais de limpeza, purificação e melhora – ‘limpe a imagem, entre os pixels, onde a sujeira se esconde’, anotava a embalagem de um popular aplicativo para tratamento de imagens, Soap, no final dos anos 1990”, detalhou o artista.
 
Em vez de operar na superfície da imagem fotográfica, escamoteando, suprimindo, corrigindo ou aperfeiçoando, optou por investigar a sua estrutura, uma vez que a operação que está na base do atual poder de interferência sobre a imagem é, essencialmente, uma operação matemática, isto é, a redução qualitativa de um todo (imagem) em partes (pixels). Esta redução assume, literalmente, a forma de um mapa de pontos, onde cada ponto deste mapa (imagem) pode ser controlado individualmente, ainda que pese a capacidade de aplicativos como o Photoshop em simular objetos que existem no mundo real (caneta, pincel, etc.). Como resultado, produziu três séries de desenhos, que tiveram como ponto de partida a apropriação inicial de imagens fotográficas e a sua subsequente manipulação: Individuação (2008-2009), Alvos (2009) e Condensação (2009). Para a exposição no Museu Histórico de Santa Catarina, foi selecionada a série Alvos.
 
2) Releitura do emprego das matrizes geométricas na arte contemporânea
As três séries de desenhos (Individuação, Alvos e Condensação) preservam, em grande medida, a natureza essencialmente figurativa da representação fotográfica. As intervenções gráficas realizadas não impedem (somente dificultam) a reconciliação dos desenhos com a sua origem figurativa, sobretudo em Individuação, onde as imagens fotográficas que deram origem à série são demasiadamente conhecidas. Em Alvos e Condensação, é exatamente este processo de reconciliação, imediato e automático, que se torna objeto de investigação.
 
Como resultado deste exercício de diluição da figura no contexto das operações gráficas que Favilla vinha realizando, o artista optou, em um segundo momento, pelo descarte completo da referência à imagem fotográfica. Em seu lugar, começou a trabalhar com matrizes geométricas puras em uma tentativa de oferecer uma releitura, ou pelo menos uma atualização, de seu emprego na arte contemporânea, em particular pela importância que os movimentos concreto e neo-concreto desempenharam na consolidação da arte contemporânea no Brasil. Neste contexto, realizou até o momento três séries de desenhos: Planos (2009-2010), Populações (2010) e Quase Como a Razão (2010). A série Planos foi escolhida para ficar exposta no Museu Histórico de Santa Catarina.
 
3) Reprodução variada (não-idêntica) das matrizes gráficas
A operação com matrizes geométricas puras permitiu a Favilla ampliar um aspecto importante de sua pesquisa no que diz respeito à reprodução variada (não-idêntica) dos desenhos, contida inicialmente na série Individuação. De acordo com o artista, “em meu trabalho, a expressão ‘reprodução variada’ designa o resultado obtido pela aplicação de um método generativo para a criação dos desenhos, cujas etapas são: a constituição de uma matriz gráfica inicial (ou primária), a definição de um conjunto de regras (ou rotinas) para a operação sobre esta matriz e a produção serial de desenhos a partir da aplicação sistemáticas das regras sobre a matriz”.
 
Desta maneira, os desenhos não são exatamente “reproduzidos”, no sentido da cópia idêntica ou similar, mas sim “re-produzidos”, na medida em que cada série produz “gerações” de desenhos que pertencem à mesma família, mas que, ao mesmo tempo, são distintos de seus pares. Cada desenho obtido pelo método generativo é impresso somente uma vez. Este método foi utilizado nas séries Individuação, Planos e Populações. As séries Alvos, Condensação e Quase Como a Razão possuem tiragem convencional (cópias idênticas e edição limitada).
 
Alvos (2009)
A série Alvos propõe um exercício de desconstrução de imagens fotográficas eróticas apropriadas da Internet. As imagens originais retratam mulheres (que nem sempre estão nuas) em poses de acentuada contorção física. Favilla relata que “todas as modelos parecem ser contorcionistas profissionais ou ex-atletas, fotografadas em poses pouco convencionais – fato que acentua o caráter de exposição dos corpos. Das imagens fotográficas originais, o projeto preserva somente a silhueta da figura feminina que é então aplicada sobre a representação gráfica de um alvo”.
 
De acordo com o artista, a série Alvos surgiu como resposta à qualidade eminentemente figurativa da série anterior, Individuação, pois, em Alvos, o objetivo da sobreposição (figura/fundo) foi produzir um precário equilíbrio entre atração e distração. Atração, na medida em que o alvo emite uma ordem com o objetivo de capturar a atenção do voyeur, direcionando o olhar, apontando para a ação e dizendo “é aqui!”. Distração, pois o alvo também dilui a possibilidade de apreensão do conteúdo pornográfico, afinal, esta apreensão pode resultar somente do esforço do observador em ajustar-se à tênue relação de contraste vigente entre figura e fundo.
 
A série Alvos é constituída por 12 desenhos de pequeno formato, cada um deles medindo 43,2cm x 43,2cm. A série possui tiragem convencional (3 cópias idênticas de cada desenho).
 
Planos (2009-2010)
Diferentemente dos trabalhos anteriores, a série Planos não tem como ponto de partida a imagem fotográfica. Para a construção dos desenhos desta série, emprega-se um método generativo, isto é, uma sequência pré-definida de procedimentos que é aplicada sobre a matriz geométrica dos quadros de Joseph Albers, Homenagem ao Quadrado. Uma vez que tais procedimentos incorporam operações aleatórias sobre a sucessiva multiplicação da matriz inicial, o resultado do processo gera imagens que possuem a mesma “origem”, mas que, ao mesmo tempo, são distintas entre si, constituindo, por assim dizer, um processo de reprodução variada (não-idêntica) da matriz geométrica inicial.
 
A série Planos é composta por uma matriz gráfica primária a partir da qual foram realizados nove gerações de desenhos em grande formato. Cada desenho da série mede 183cm x 183cm e é impresso somente uma vez.
 
 
 
“+papel”
Algumas artistas do Grupo Rosa dos Ventos exploram a materialidade do papel dobrando-o, empilhando-o e montando jogos por meio do recorte de letras. Por intermédio desses arranjos, criam mundos imaginários em mini-instalações, celebram os encontros, usam a metáfora do empilhamento como forma de compreender o adensamento de memórias causado pela passagem do tempo, e ainda remetem-nos a experiências lúdicas envolvendo o papel. A ideia de perda e recuperação da memória também está implícita na tentativa de fixar uma imagem em papel por intermédio do ato fotográfico. Alguns trabalhos evocam relações com a paisagem, como as gravuras em papel que são apresentadas junto a conchas coletadas num passeio pela praia. 


 
Juliana Crispe convidou a amiga Bruna Mansani para brincar. “Um mundo de papel para Alice” mostra a personagem, pequena boneca de pano, de 1,5 cm, que dá nome à série iniciada em 2007, interagindo com pequenos animais, objetos em origami, produzidos por Bruna, na proporção da personagem. É a primeira vez que Alice, antes protegida por fotografias, aparece em cena.

 
O lúdico e o encontro se manifestam também nos trabalhos de Maria Araujo e de Rosana Bortolin. A partir de saquinhos de chá saboreados em um encontro entre amigas, Maria Araujo se lança ao jogo da conversa, da oferenda, do pottlach, devolvendo os restos do ritual, os saquinhos já utilizados, com marcas do uso e tingimento com pigmentos naturais e industrializados.
 
“Papel de papel I e II”, de Rosana Bortolin, propõem uma alusão aos contatos lúdicos feitos com papel durante a remota infância. Recorte de letras, formação de palavras, empilhamento de papéis, criação de volumes. Folhas empilhadas, letras recortadas que unidas e ordenadas formam a palavra papel. O negativo do recorte e o positivo do recortado ao complementarem-se formam uma folha inteira. Segundo a artista, “é uma metalinguagem que define o conceito do objeto por meio do material do qual ele é feito”. O visitante poderá retirar esses recortes e levar consigo para montar e remontar.
 
“Sementeira”, obra de Sandra Correia Favero, segue outra linha. Considerando as inúmeras possibilidades de reprodução de imagens, a artista expõe a disseminação da estampa resultante de um processo secular sujeito ao abandono dentro de uma caixa forrada com conchas e caramujos. Sandra explica: “porque vivo em Sambaqui, sei o quanto estamos tentados a levar para casa essas pequenas “lembranças”. Sei o valor afetivo que elas incitam. As estampas estão colocadas ali como oferenda ao público e como estímulo a multiplicação do ato de gravar.”
 
A memória é tema ainda dos trabalhos de Márcia Sousa e Marina Moros. “palimpsesto (memória || palavra)”, de Márcia Sousa, incita o espectador ao tato, à experiência do empilhamento de memórias e à sua recriação, originada no próprio gesto de empilhar. Um palimpsesto é uma página manuscrita, pergaminho ou livro cujo conteúdo foi apagado (mediante lavagem ou raspagem) e reescrito, normalmente nas linhas intermediárias ao primeiro texto ou em sentido transversal. Como num palimpsesto, a memória reescreve constantemente os fatos vividos. Camadas de espaços-tempo que se interpenetram e se transformam mutuamente. Por entre as linhas dessa escrita sempre transformada, é possível entrever as camadas inferiores, indícios do vivido.
 
O trabalho de Márcia presentifica essa sobreposição, esse adensamento de memórias. O ato de empilhar reafirma a ideia de acúmulo e de entrelaçamento entre camadas. A transparência dos papéis permite a contaminação entre palavras, entre lembranças, entre tempos, entre espaços. Sob a escrita revelam-se outras escritas. O visitante poderá mover as folhas para desvendar o trabalho e experimentar a sensação de adensamento provocada pela ação de empilhar.
 
Marina Moros joga com a etimologia das palavras “retrato” e “res”, para discutir, na obra “[restraho]”, o intervalo em que a imagem vira tangência nas armadilhas criadas pela fotografia pixográfica, onde a latência é substituída por jatos.
 
Em “ser (des)contínuo”, Silvia Carvalho mostra uma série de quinze desenhos-pinturas feitos com bastões oleosos caseiros sobre papel. São figuras femininas criadas a partir de leitura do livro O Erotismo de Georges Bataille.
 
 
 
Serviço: Exposições “Quanto Como um Desenho” e “+papel”
Local: Museu Histórico de Santa Catarina - Palácio Cruz e Sousa
Abertura: 13/01, às 19h
Conversas no Museu com a participação dos artistas expositores: 13/01, às 18h30
Aberto ao público
 
 
Visitação: 14/01/11 a 06/02/11, de terça a sexta, das 10h às 18h
sábado e domingo, das 10h às 16h.