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O documentário "Modernos do Sul", com direção e roteiro da jornalista Kátia Klock, será exibido na próxima quinta-feira, dia 23 de abril, às 14 horas, no Museu da Imagem e do Som (MIS), no Centro Integrado de Cultura (CIC), em Florianópolis. A exibição, com entrada gratuita, faz parte da programação de aniversário dos 60 anos do Museu de Arte de Santa Catarina (Masc) e dos 30 anos da Fundação Catarinense de Cultura (FCC). Participarão do evento a diretora Kátia Klock e alguns representantes do Grupo Sul, como Silveira de Souza e Tércio da Gama.

"Modernos do Sul" é um média-metragem (52 minutos) que retrata o movimento de intelectuais do Grupo Sul, responsável por trazer o Modernismo para o Estado em 1947.

Para o documentário, foram entrevistadas mais de 20 pessoas - integrantes, simpatizantes e pesquisadores do Grupo Sul, conhecido até hoje como o mais efervescente movimento cultural em Santa Catarina. O foco principal é o Grupo de escritores e artistas que atuou de 1947 a 1958, mas nas entrelinhas está sendo contada também um episódio da história cultural do Estado.

O grupo, na verdade, chamava-se Círculo de Arte Moderna, mas com os dez anos da Revista Sul, os integrantes, os "rapazes da Sul", receberam o novo título, Grupo Sul. Os fundadores, Salim Miguel, Eglê Malheiros, Aníbal Nunes Pires, Ody Fraga e Antonio Paladino agregaram vários intelectuais durante os onze anos de existência do movimento. Gente que até hoje está fazendo arte em Santa Catarina. Entre os integrantes do grupo estão: Walmor Cardoso da Silva, Adolfo Boos Jr., Silveira de Souza, Guido Wilmar Sassi, Osvaldo Ferreira de Melo Filho, Armando Carreirão, Archibaldo Cabral Neves, élio Ballstaedt, Hamilton Valente Ferreira, Cláudio Bonsfield Vieira, Maura de Senna Pereira, Fúlvio Luiz Vieira, Meyer Filho, Miro Moraes, Hassis, Hugo Mund Jr., Moacyr Fernandes, Silveira D"ávila, Tércio da Gama, Rodrigo e Martinho de Haro.

O Grupo era multidisciplinar e fez história na literatura, no teatro, nas artes plásticas e no cinema. O primeiro longa-metragem realizado em Santa Catarina foi "O Preço da Ilusão", produzido pelo Grupo Sul. O maior mérito do Grupo foi introduzir o Modernismo no Estado, 25 anos depois da Semana de Arte Moderna causar furor em São Paulo.

O documentário, uma produção de 2004, reconta a história através de documentos da época, depoimentos e reconstrução de cenas que aconteceram. O projeto foi realizado e distribuído com o apoio da Lei de Incentivo à Cultura Estadual e da Lei Rouanet, com patrocínios das empresas Duas Rodas, Urbano e BRDE.

Contos e poesias da época foram encenados por atores de Florianópolis e poetas do Grupo, como Eglê Malheiros e Walmor Cardoso, que estão recitando suas poesias. Um dos pontos marcantes das gravações foi o encontro de oito integrantes do Grupo Sul, em um bar da capital catarinense. Foi um momento de emoção e de relembrar velhas histórias. Em 1947 todos eles tinham na faixa de 20, 25 anos. Hoje estão com 70, 80 anos. A maioria seguiu a carreira literária e artística, cada um seguiu seu rumo, mas o passado eles têm em comum. E é a memória a matéria-prima do documentário: o que foi produzido naquela época pelo Grupo Sul, como era a cidade dos anos 40 e 50 e como foi a influência do Grupo na arte do Estado.

Mais de mil cópias do documentário em DVD foram distribuídas gratuitamente para escolas públicas do Estado, através da Secretaria Estadual de Educação, escolas de Florianópolis, pela Secretaria Municipal de Educação, e para instituições culturais de todo o país.

Municípios com até 20 mil habitantes de todas as regiões brasileiras foram contemplados no edital nacional de Cine Mais Cultura. Mais de 390 prefeituras, de 24 estados brasileiros, enviaram suas propostas, sendo 150 prefeituras beneficiadas. O Nordeste, com 50 cidades, foi a região com maior número de cidades selecionada, seguida pelo Sudeste (46), Sul (42), Norte (7) e Centro-Oeste (5).

As administrações municipais receberão kits contendo tela para projeção, projetor multimídia, aparelho de DVD player, mesa de som de quatro canais, duas caixas de som, dois amplificadores, microfone sem fio, dentre outros equipamentos. Também poderão escolher até 104 DVDs de obras brasileiras do catálogo da Programadora Brasil (filmes de ficção, documentário e animação em curta, média e longa metragens). As prefeituras se comprometem a disponibilizar espaço para o funcionamento dos Cines e dois técnicos responsáveis pela manutenção e operação dos equipamentos e acervo.

O investimento do Ministério da Cultura é de R$ 2,250 milhões, por meio do Mais Cultura. A coordenadora executiva do programa, Silvana Meireles, destaca a importância de editais voltados para pequenas cidades: "apenas 8% dos municípios brasileiros possuem salas comerciais de cinema e boa parte da população não tem condições de pagar pelo ingresso".

O Cine Mais Cultura é uma ação do Programa Mais Cultura para promover o acesso da população a obras audiovisuais e apoiar a difusão da produção audiovisual brasileira por meio da exibição não comercial de filmes. A prioridade é atender localidades rurais e urbanas que não possuem cinema. Dos 150 municípios selecionados no edital, 55 estão localizados nos Territórios da Cidadania.

Capacitação - Além de fornecer equipamentos e acervo, o Cine Mais Cultura realiza oficinas de capacitação cineclubista com o objetivo de qualificar as prefeituras para a realização de programação, divulgação e debates das sessões. O trabalho é desenvolvido com apoio de um manual produzido em parceria com o Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros (CNC).

Confira lista das cidades contempladas e suplentes.

Leia matéria sobre o resultado no Nordeste.

Produção e acesso à cultura são discussões que se tornaram centrais no Brasil de tempos recentes. O que é popular continua a ser produzido e aceito em escala local. E o que não é, o produto nascido da elaboração industrial, e que resulta em cinema, artes plásticas, livro, teatro e música, entre outras manifestações culturais, enfrenta dificuldades para encontrar canais de distribuição e consumo em todo o território brasileiro.

Os gestores da cultura são as figuras centrais para que esse quadro se modifique. Baseados em diretrizes governamentais e particulares, nascidas de leis e editais, eles têm as armas para modificar esse quadro de empobrecimento. Não só agem em prol da produção de bens de cultura, a parte sensível dessa cadeia, mas cuidam para que o acesso a eles se transforme em realidade. Esses profissionais, contudo, ainda são raros no Brasil. Sua formação é uma necessidade urgente detectada por poucos e bons especialistas da área em todo o país.

O médico Albino Rubim entende há algum tempo que, para ser efetiva, a cultura brasileira necessita de planejamento constante. Nas últimas duas décadas, Rubim trocou a medicina por esta nova espécie de missão, a de comunicar a seus alunos a importância de participar da cadeia cultural em outro nível que não apenas o criador. Professor da Universidade Federal da Bahia responsável pelas cadeiras de políticas da cultura e da comunicação, em graduação, e por políticas culturais, no curso e pós-graduação, Albino Rubim promove cursos acadêmicos em que está implícita a necessidade de formar o profissional que tornará possível o exercício da arte no Brasil. Rubim é o responsável por organizar anualmente o encontro internacional de estudos multidisciplinares de cultura na Bahia. E, de forma permanente, ele informa os pesquisadores em políticas culturais por meio da revista on-line www.politicasculturaisemrevista.ufba.br.

Para que um sistema cultural funcione, entende Albino Rubim, há vários atores. Os primeiros seriam os inventores, ou criadores, responsáveis pelo nascimento do produto cultural. Em seguida viriam os que preservam aquilo que foi feito pelos inventores: são os museólogos e outros profissionais com o intuito de manutenção. Existem, a seu ver, também os que agem no plano de transmissão da cultura, como jornalistas e educadores. E há aqueles que organizam a cultura em vários níveis.

Esferas complementares de atuação

Ele entende que, entre os organizadores, existem três perfis principais. O primeiro deles seria preenchido por quem formula e implementa as políticas culturais em uma categoria que se pode entender como executiva. Secretários e ministros seriam os titulares desse empenho. E, a fazer valer essas diretrizes, tirando delas o melhor proveito, haveria os gestores e os produtores culturais.

Rubim vê o gestor não como aquele que formula ou implementa diretrizes culturais, mas como o profissional que está à frente de projetos permanentes de cultura. O produtor cultural, por seu lado, organizaria projetos específicos e descontinuados no tempo, dentro ou fora da esfera governamental.

A confusão entre os papéis do gestor e do produtor nasceu de uma característica brasileira, ele crê. Depois de anos em que a produção cultural foi desmobilizada, a partir da administração presidencial de Fernando Collor de Melo, entre 1990 e 1992, só se ouviu alar da figura do produtor, enquanto, em toda a América Latina, o entendimento era o

de gestor da cultura. E isso teria ocorrido no Brasil porque aqui o Estado se ausentou de

fomentar a produção cultural. No lugar dele, entrou em cena a lei de incentivo cultural,

para a qual o produtor é o agente pedido.

"Tenho tudo contra o fato de as leis de incentivo se verem transformadas em única política cultural para o Brasil", afirma o professor Rubim. Na administração de Francisco Weffort à frente do Ministério da Cultura, entre 1995 e 1999, a idéia, diz ele, era a de fixar a cultura como um negócio a ser gerido por agentes particulares. E os negócios, como os via o ministro, seriam eminentemente desobrigados de uma continuidade. "Leis como a Rouanet não podem ocupar um lugar que não é seu. Deve haver uma política cultural a organizar a produção brasileira", ele acredita. O produtor, no contexto único das leis de incentivo, substituiu a idéia do gestor porque a cultura teria passado a ser vista como produto de mercado, obedecendo a suas flutuações.

A experiência do mercado

é uma posição firme, não compartilhada por um gestor público de cultura como

o gerente do Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB Rio), Marcos

Mantoan. "Penso que não se trata de associar leis de incentivo cultural à eventual escassez

de diretrizes públicas", ele afirma. Não são, a seu ver, fatores excludentes, já que, como

ele o vê, o fenômeno é universal, antes de se apresentar exclusivamente brasileiro.

"As empresas se tornaram atores importantes na promoção da cultura e nossa realidade,

hoje, é afetada pelas estratégias de marketing das corporações", defende Mantoan. "A

formação de gestores culturais, portanto, tem a ver com a complexidade desse cenário de

muitos atores, muitas interlocuções: poder público, empresas privadas, movimentos sociais organizados, universidades. A formação de profissionais em nível público tem a ver com a capacidade do Estado e, em conseqüência, dos cidadãos de intervir criticamente nessa realidade", ele afirma.

Mantoan acredita que o trabalho em um centro cultural, ou em qualquer instituição

do gênero, traduz a convergência de muitas áreas de conhecimento, de muitas especializações. A formação de gestores culturais seria um grande passo, conforme

ele a avalia. As especializações se dariam em relação à gestão administrativa e orçamentária, mas não só.

Na opinião do gerente do CCBB Rio, existiria ainda a necessidade de aprofundar a formação dos programadores culturais. Isso sem que Mantoan mencione o óbvio, situado, como ele cita, no conhecimento que cada gestor deve ter de história da arte e do percurso de suas manifestações até chegar às "polêmicas expressões contemporâneas".

O gerente do CCBB Rio diz usar uma associação conhecida para definir o gestor. "Ele é o maestro da orquestra", afirma. Não se pode pensar em uma gestão cultural pública de longo prazo sem contar, a seu ver, com um leque bem diverso de especialistas.

Para o professor baiano Albino Rubim, os gestores podem ser classificados em âmbito público, com atuação nas secretarias ministério, e privado, nas empresas. A formação do gestor é distinta daquela do produtor porque este, segundo Rubim, lida com um projeto cultural específico. Uma coisa, diz o professor, é um profissional formado para gerir ventos, como shows, concertos ou exposições, e que atua dentro do perfil de produção. Outra bem diferente é o gestor, que se vê diante da necessidade de lidar com uma idéia de permanência, em atividades constantes.

O Brasil dos últimos anos parece ter o desejo de implementar uma política de cultura,

embora com desacertos ocasionais. Para contribuir com a fixação de uma política

de Estado cultural, desenvolver o perfil de gestores parece urgente. Eles são poucos à

frente de organizações não-governamentais e associações, por exemplo. Mas quem vai

formá-los?

Definir capacidades novas e novos perfis profissionais

Profissionalizar professores de gestão é uma tarefa que Rubim entende por crucial. Seus

cursos, realizados no âmbito da Universidade Federal da Bahia, consideram que o professor

dessa área precisa conhecer, além das leis e da redação dos projetos culturais, os

problemas teóricos da cultura, sua dinâmica, as indústrias e políticas culturais no mundo,

a questão da diversidade e a economia brasileira.

Os gestores formados por esses profissionais necessariamente conhecem políticas

culturais no Brasil e no mundo, e dominam conteúdos importantes, como a convenção

da diversidade cultural da Unesco, por exemplo. Uma das exigências essenciais impostas ao gestor é que fale a língua universal, por meio da internet e outros meios. "Antigamente, só o Ministério das Relações Exteriores podia estabelecer um elo com o mundo. Hoje, qualquer cidade tem permissão, condição e até dever de se comunicar internacionalmente", considera o professor.

Somente depois disso, ele acredita, um gestor saberá o que gerir, no Brasil e no mundo.

Ele deve conhecer não somente as leis de incentivo como também toda a política de editais estabelecida por secretarias, mas também por empresas e bancos, como o Banco do Nordeste do Brasil. A captação de recursos não é restrita à iniciativa privada, ele diz. Para garantir a circulação de produtos como peças teatrais, por exemplo, está definida a necessidade, em muitos casos, de estabelecer consórcios culturais.

A historiadora Maria Helena Cunha é autora de um livro fundamental e quase único, no

Brasil, para o entendimento da ação desse profissional, intitulado Gestão Cultural: Profissão em Formação (Duo Editorial). O livro sinaliza a importância da formação de

um profissional de que pouco se sabe, mas sobre o qual recaem questões essenciais

de natureza cultural. "O mercado ganha complexidade a cada dia e surgem novas dimensões da cultura, no meio educacional e ambiental", diz Maria Helena, diretora da Duo informação e Cultura, empresa criada há nove anos, em Minas Gerais, para gerir cultura. "Não adianta abrir um centro cultural e não saber que profissional colocar lá dentro. Esse profissional é o gestor."

Sensibilidade e visão estratégica

Para Maria Helena, o primeiro requisito que se pede a quem enfrenta a gestão da cultura é sensibilidade para entender uma manifestação artística e cultural. Só depois viria a visão estratégica da cadeia produtiva cultural, sobre a qual ele vai atuar. é essencial a um gestor saber planejar, conhecer o processo, coordená-lo, enxergá-lo com amplitude.

Maria Helena vê o produtor cultural como alguém que caminha de mãos dadas com o gestor, sob sua coordenação. "Dentro dessa divisão profissional, ele tem a atribuição de executar tarefas", ela crê. Ao contrário do que estabelece o professor Albino Rubim, a gestora Maria Helena não submete a função de produtor estritamente aos eventos pontuais. A seu ver, ele pode estar envolvido em projetos de longa duração; é antes um apoiador, já que fornece suporte à ação planejada da gestão. O gestor, por seu lado, teria a obrigação do raciocínio de longo prazo: "Até as empresas particulares deixaram de pensar somente em projetos pontuais. Se elas se envolvem em um festival, por exemplo, vão querer promover edições continuadas".

Para Maria Helena, um profissional dessa área tem a "responsabilidade de qualificar a discussão cultural". Ela concorda com o professor Albino Rubim quanto à necessidade de uma formação ampla e generalista para ele, e entende que também pode ser bem-vinda a especificidade técnica (um profissional dessa área pode ser um advogado, por exemplo). "O gestor tem de ler, ver filme, conhecer antropologia, sociologia, teoria cultural, diversidade", ela ensina. "Em seguida, precisa dominar a área em que trabalhará, suas políticas."

O gestor particular, diz ela, pode ou não atuar de mãos dadas com o produtor. "Se tiver condições, ele pedirá a um produtor que trabalhe com ele, que aja rapidamente, que vá à rua. O produtor é aquele com um decretinho no bolso, pronto para ser usado", ela exemplifica. Situa um exemplo de atuação dentro de um seminário. Nesse caso, os gestores, como os de sua empresa Duo, formulariam o tema central, articulariam parceiros e fariam contatos com os palestrantes, além de oficialmente convidá-los para o evento que criaram. A cargo de uma empresa de produção contratada estaria o estabelecimento de uma logística de hotel, transporte, material gráfico e receptivos, para que o evento se desse com uma infraestrutura adequada.

Na área pública, crê Maria Helena, o ponto de vista de atuação é mais abrangente. O gestor tem de interferir ali como quem estrutura uma área, um espaço a ser utilizado pela população. Ele deve se basear em pesquisas e ter a formação necessária para entender que aquilo com que trabalha permanecerá por longo prazo, mesmo após se cumprir seu período à frente da gestão.

Já o gestor privado, acredita ela, não tem como obrigação - embora fosse importante, até mesmo para sua sobrevivência - conhecer a lógica de mercado. Além de saber como se definem as políticas públicas no Brasil, precisa saber como atuam as empresas, sua visão de marketing e produção: "Ele faz a mediação entre o diálogo do mercado, o público e o artista", ela crê.

Cultura e gestão: uma contradição aparente

Formada em direito e música e doutorada pela Sorbonne em sociologia, Cláudia Sousa Leitão tornou-se em 2003 secretária de Cultura do Ceará. Hoje, é professora de políticas públicas na Universidade Estadual, em Fortaleza. Conhece, teoricamente e na prática, os problemas vivenciados pela gestão cultural. Para ela, um profissional da área deve ser alguém capaz de superar "a eterna contradição em termos, como diziam os gregos", entre gestão e cultura.

"Ainda há mitos sobre a cultura que precisam ser desmontados. Um deles é que indivíduos que protagonizam o campo artístico e cultural não possuem competência para a gestão, e vice-versa", ela diz. "Não vejo contradição entre essas áreas, pelo contrário, a tensão entre elas é interessante e desafiadora. Gerir significa negociar, compartilhar, sonhar, mas também liderar, tomar decisões, construir indicadores, definir metas e cobrar resultados."

No campo público, argumenta a professora, é fundamental compreender o timing político para a obtenção de resultados, mas, acima de tudo, torna-se necessário garantir que as políticas governamentais sejam realmente políticas públicas, ou seja, políticas formuladas pela sociedade, para a sociedade.

"O Estado deve liderar e controlar a execução dessas políticas, avaliando os resultados obtidos, sendo o grande avalista da realização das mesmas", ela aponta. "As gestões pública e privada para a cultura, ainda que possuam objetivos distintos, tendem a se encontrar em torno da responsabilidade social e cultural. Mesmo no espaço do privado, a tendência das empresas, para o novo século, é a de considerar o marketing cultural um instrumento importante de responsabilidade social."

Cláudia crê, como Albino Rubim e Maria Helena Cunha, que a formação para a gestão cultural é um dos grandes desafios para os gestores dessa área. Ela ainda se revela insignificante no país, diante do crescimento da economia criativa, especialmente da economia da cultura. A institucionalização da cultura sugere também um grande desafio, em especial para o gestor público. "O número de secretarias municipais de cultura no Brasil é ínfimo e a compreensão dos governos sobre os significados da cultura, para o desenvolvimento local, também parece pequena. Esses desafios precisam ser enfrentados para que se reduza a vulnerabilidade do setor cultural", ela crê.

Soluções institucionais inovadoras

Na visão de Cláudia, o Ceará é um estado marcado pelo empreendedorismo, talvez pelas dificuldades econômicas e climáticas tradicionais do seu território. No campo da cultura, em seu entender, há tecnologias sociais realmente inovadoras. Ela cita o caso do Edisca, uma escola de dança em Fortaleza, liderada por Dora Andrade, que realiza inclusão social por meio da cultura sem menosprezar a qualidade do produto oferecido. No interior do estado, cita a Fundação Casa Grande, em Nova Olinda, liderada por Alemberg Quindins, que se dedica à cadeia produtiva da comunicação (rádio, audiovisual, música, história em quadrinhos etc.) e ao o protagonismo infanto-juvenil.

O Ceará, diz Cláudia, busca formas de gerir a cultura que estejam além das tradicionais. Foi o primeiro estado brasileiro a criar uma organização social para o setor cultural, o Centro Cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura. Em São Paulo, por exemplo, a administração do Museu da Língua Portuguesa, que vinha acontecendo por meio do Instituto Brasil Leitor, uma organização da sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos, passa agora às mãos de uma organização social empenhada em obter recursos privados, a Poiesis Associação dos Amigos da Casa das Rosas, da Língua e da Literatura.

"A organização social (OS) não deve ser julgada de forma maniqueísta, pois ela não é nem um problema nem uma solução no que se refere aos problemas relativos à vulnerabilidade da institucionalização da cultura no país", avalia Cláudia. A OS, a seu ver, favorece o incremento de parcerias, uma maior flexibilidade de gestão, uma oferta mais dinâmica de produtos e serviços culturais, mas não viabilizará necessariamente a desoneração do Estado, no seu papel de formulador e executor de políticas públicas culturais.

"Livrarias e cafés, por sua vez, não dão nem darão sustentabilidade econômica a um museu ou a um centro cultural. Os papéis de manutenção e de produção de programas e ações para os equipamentos culturais são, prioritariamente, do Estado, embora possam também ser assumidos pela iniciativa privada", ela crê.

No Brasil, Cláudia detecta um problema de difícil enfrentamento. O patrocínio direto das empresas em cultura, ela diz, ainda é tímido, quase sempre fruto das leis de incentivo e dos desígnios do mercado. Para esses casos, o professor baiano Albino Rubim sugere a adoção gradual de um modelo tão presente nos Estados Unidos: o do apoio ao investimento cultural por parte das pessoas físicas. Esses e outros instrumentos, a serem criados e sofisticados, ampliarão a ação de gestores e produtores no campo cultural.

O antropólogo José Márcio Pinto de Moura Barros tem longa experiência na formação e capacitação de quadros profissionais para o setor cultural, adquirida principalmente na área acadêmica. é professor do programa de pós-graduação em comunicação da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e do curso de ciências sociais e comunicação daquela universidade, onde também dirige o Departamento de Arte e Cultura. Além de sua atuação na PUC Minas, é coordenador pedagógico dos cursos de especialização em gestão cultural na Universidade de Cuiabá (MT) e de ensino e pesquisa nos campos da arte, cultura e educação na Escola Guignard, da Universidade do Estado de Minas Gerais. Publicou, entre outros livros, Diversidade Cultural: Da Proteção à Promoção, recém-lançado pela Editora Autêntica, e Comunicação e Cultura nas Avenidas de Contorno, que saiu pela Editora PUC Minas em 2005.

Em complemento à sua atuação na academia, coordena em Belo Horizonte o Observatório da Diversidade Cultural (ODC), programa voltado à informação, à capacitação e à experimentação das possibilidades de atuação de gestores culturais, arte-educadores, artistas e outros agentes do campo da cultura. Colabora, ainda, com organizações governamentais e privadas, como é o caso do Observatório Itaú Cultural, onde participou de seminários e outros encontros técnicos.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista concedida à revista, em que são discutidos os desafios, necessidades e possibilidades para a criação de profissionais capazes de atuar com qualidade em um campo ainda distante de contar com contornos definidos, mas que se transforma e se reinventa em ritmo crescente.

Revista Observatório Itaú Cultural: O senhor é diretor de arte e cultura da PUC Minas e coordenador do Observatório da Diversidade Cultural. Pode descrever brevemente as atribuições dessas duas instituições e nos dizer quais são as principais atividades de formação e/ou capacitação de quadros para o setor cultural por elas desenvolvidas?

José Márcio Barros: A Diretoria de Arte e Cultura (DAC) da PUC Minas é um órgão auxiliar da Reitoria e foi criada em 2005. Trabalhamos com as seguintes diretrizes gerais:

Formação: Realizar projetos e ações para o desenvolvimento de habilidades e práticas artísticas, competências para o trabalho com a cultura e formação de público interno e externo;

Informação: Desenvolver estratégias e ferramentas de comunicação para a divulgação de idéias e atividades culturais no âmbito da universidade e dos demais setores da sociedade;

Difusão: Promover a experiência de trocas culturais e ações consorciadas entre os diversos campi, unidades acadêmicas e demais instituições parceiras da universidade;

Produção: Fomentar a criação artística e cultural no ambiente acadêmico e estimular o constante aprimoramento dos grupos artísticos já existentes;

Gestão Estratégica: Participar da gestão do patrimônio histórico, acervo artístico e espaços culturais da universidade e das decisões relativas aos espaços de sociabilidade nos diversos campi e unidades acadêmicas.

Integram a estrutura da DAC o Museu de Ciências Naturais, a PUC TV, a Escola de Teatro da PUC Minas, o coral e um grupo de teatro experimental.

As atividades de formação são realizadas tanto como atividade regular das estruturas que integram o órgão quanto em atividades especiais na forma de oficinas e cursos. Para se ter uma idéia, a Escola de Teatro conta com aproximadamente 230 alunos nos cursos de iniciação profissionalizante e infantil. A PUC TV, por seu lado, constitui-se como um espaço de aprendizagem de TV e vídeo que atende aproximadamente 30 alunos semestrais. A própria DAC realizou no primeiro semestre de 2008 cursos e oficinas de dança contemporânea, pandeiro, canto a capela, cinema brasileiro, iniciação ao desenho etc. No segundo semestre, oficinas de clown, haicai e história do rock e da MPB. As atividades atendem aos alunos da universidade e aos demais interessados, e atingem Belo Horizonte e outras cidades onde a PUC Minas se encontra.

Já o Observatório da Diversidade Cultural é um programa desenvolvido por meio do Instituto Artivisão, uma organização não-governamental de Minas Gerais que tem apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte e parceria com a Secretaria da Identidade e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (www.observatoriodadiversidade.org.br).

Esse programa propõe realizar algo que é identificado como prioritário nos mais diversificados círculos de reflexão e ação transformadora da cultura no mundo: a efetiva capacitação de artistas, arteeducadores, agentes culturais e profissionais de áreas afins para o trabalho cotidiano com a diversidade cultural. Sua proposta é organizar processos de capacitação e difusão que garantam a integração entre a produção e a disponibilização de informação, a reflexão teórico-conceitual e experimentações estético-educativas para artistas, agentes culturais e educadores integrantes de instituições, grupos e projetos culturais de Minas Gerais e de outros estados. Procuramos levar os participantes a uma reflexão consciente sobre o tema, que lhes permita integrar o conceito e o sentido da diversidade cultural em seu trabalho, de forma a tornarem-se verdadeiros multiplicadores de seus fundamentos filosóficos e teóricos e de suas possibilidades de fundar práticas e metodologias mais abertas e inclusivas.

O programa Observatório da Diversidade Cultural é, pois, uma proposta de caráter coletivo e colaborativo que vem responder a uma necessidade surgida após a promulgação da Convenção sobre a Proteção e a Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, da Unesco1: garantir que os princípios ali contidos sejam mais do que um elenco de boas intenções e se concretizem em políticas de governo e sociedade civil, em instrumentos eficazes de monitoramento e avaliação da efetividade dos princípios da Convenção. Com esse programa promovemos a organização de um ambiente virtual de informações sobre a diversidade cultural pelo mundo, aberto à consulta e alimentador de órgãos de comunicação e instituições. Mais que uma ferramenta virtual de caráter tecnológico, é um elemento de intervenção e acesso à informação articulada sobre o tema da diversidade cultural, aberto e voltado a instituições e projetos no Brasil e no mundo. A criação e a manutenção desse espaço visam contribuir com as experiências concretas de inclusão digital, fornecendo boletins eletrônicos de atualização, organizando banco de dados e textos sobre o tema e estimulando a interação entre os participantes e interessados.

Além da manutenção desse ambiente virtual, o Observatório da Diversidade Cultural desenvolve programas de formação teórico-conceitual que aliam a diversidade da cultura e o desenvolvimento. Realiza encontros de reflexão, estudos e seminários em torno dos temas diversidade cultural como patrimônio; documentos internacionais sobre direitos culturais e diversidade cultural; princípios de cooperação internacional e diálogo intercultural; leitura crítica da mídia e formação da sociedade e da cultura nas cidades e a questão da diversidade.

R.O.I.C.: Em junho de 2008, o senhor promoveu em Belo Horizonte o 3º Seminário

Diversidade Cultural. Quais contribuições ou reflexões sobre a formação de agentes, gestores, arte-educadores e outros quadros profissionais da cultura podem ser destacadas nessa edição e, eventualmente, nas edições anteriores?

J.M.B.: O que se pode destacar é que temos pautado a discussão da diversidade cultural em nossas atividades locais e nos encontros internacionais com duas ênfases:

- A convocação e o diálogo entre diversos setores da sociedade, instituições e sujeitos, de forma a garantir um debate plural sobre a temática, evitando assim falsos consensos e posições românticas sobre nossas diferenças;

- A perspectiva efetiva da transversalidade na abordagem da diversidade cultural, tomada não apenas como entrelaçamento de temas, mas como modo mesmo de concebê-la.

A primeira edição do seminário aconteceu em 2005, em parceria com o Ministério da Cultura do Brasil, a Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais, a Escola do Legislativo, a ONG Grupo de Estudos e Pesquisas sobre as Mundializações (Germ) e a Maison des Sciences de L"Homme Paris Nord. Realizado em duas etapas, o evento teve a participação de educadores, estudantes, agentes culturais, jornalistas, artistas, gestores culturais, pesquisadores e interessados em geral. Graças ao sistema InterLeges, o evento foi disponibilizado a todas as Assembléias Legislativas do país. Os anais desse seminário foram publicados em 2006 pela PUC Minas e encontram-se disponíveis no site do ODC.

A realização do segundo seminário, em 2007, pretendeu dar continuidade à reflexão sobre os desafios da promoção e da proteção da diversidade cultural, promovendo a atualização sobre o estágio em que se encontravam as medidas regulatórias, as pesquisas e a produção de conhecimento em Minas Gerais, no Brasil e em outros contextos socioculturais sobre a questão. Permitiu o compartilhamento sensível de experiências entre aqueles que trabalham sob o signo da diversidade cultural.

No último mês de junho foi realizado o terceiro seminário, com as mesmas perspectivas de debater a diversidade cultural sob diferentes óticas e perspectivas. Sua programação esteve organizada em painéis e mesas-redondas, e contou com o lançamento do livro Diversidade Cultural - Da Proteção à Promoção, organizado com base no seminário de 2007. Uma das mesas-redondas centrou-se justamente na questão da gestão da diversidade, enfocando, entre outros temas, os processos de formação e capacitação como espaços privilegiados da experiência humana e do fortalecimento das práticas que envolvem a noção da diversidade cultural. Sob a mediação de Jurema Machado, coordenadora de cultura da Unesco no Brasil, contou com as presenças de Enrique Saravia, da FGV Rio, e de Maria Helena Cunha e Marcela Bertelli, da Duo, de Belo Horizonte.

R.O.I.C.: Uma das questões mais freqüentes quando se discutem indicadores culturais e outras formas de aferição dos fenômenos culturais é como definir cultura. São muitas as soluções propostas e, a depender de cada uma delas, também podem ser muito diferenciadas as análises e alternativas de intervenção. Esse também é um problema para as atividades profissionais da cultura? Em outras palavras, como definir as profissões e atividades culturais e propor programas de formação e capacitação que respeitem as especificidades dessas atividades?

J.M.B.: Não é nada fácil equacionar a relação entre as dimensões socioantropológicas da cultura, ou seja, a cultura como tudo aquilo que é fruto de aprendizagem em sociedade, e suas dimensões específicas, como a arte, as experiências simbólicas e estéticas, a indústria cultural etc. Penso que uma forma de equacionar isso em processos de formação de gestores e agentes culturais seja estabelecer relações por meio daquilo que autores como Edgard Morin chamam de pensamento complexo. Ou seja, trata-se de um modelo teórico e conceitual que pode enfrentar a complexidade dessa relação sem cair no "canto da sereia" de sua simplificação. Assim, penso que a adoção de um conjunto de perspectivas possa nos ajudar a pensar como realizar escolhas na construção de nossas matrizes de formação. Rapidamente eu destacaria a adoção da perspectiva circular, que indica que cada uma das dimensões da realidade e dos conceitos que construímos para pensá-la afeta o outro num processo contínuo de organização e desorganização; a adoção da perspectiva da interconectividade, que indica que tudo está ligado a tudo e que agir nas áreas de conexão pode produzir efeitos no todo e nas partes simultaneamente; a adoção da perspectiva da autoprodução, que nos remete ao reconhecimento de que somos (nós, nossas organizações e nossas instituições, no sentido amplo) produtores e produtos; a adoção da perspectiva dialética, que nos convida a pensar na existência de contradições e paradoxos; a adoção da perspectiva holística, que reconhece o todo nas partes e as partes no todo; a adoção de uma perspectiva dinâmica, que nos obriga a reconhecer que o aleatório, o incerto e o imprevisível são variáveis objetivas; e, por fim, a adoção da perspectiva da intersubjetividade, que nos convida a reconhecer que fazemos parte de nossos objetos e estes nos constituem como sujeitos.

R.O.I.C.: Em artigo no número 2 desta revista o senhor ressaltou que vivemos "numa sociedade de descolamento entre informação e conhecimento", uma sociedade onde "o excesso de informação não gera conhecimento em quantidade e qualidade proporcionais". Como enfrentar o desafio de produzir conhecimento nesse tipo de sociedade e garantir que a cultura siga sendo, também em suas palavras, "a experiência fundante do encontro e da troca"?

J.M.B.: Mais uma vez, não é nada fácil responder à questão, até porque seu enfrentamento depende da adoção de uma perspectiva radicalmente transversal e ampla, ou seja, não se resolve o problema da cultura apenas no campo da cultura. De forma ampla, precisaríamos partir de uma mudança na perspectiva de pensar o desenvolvimento. Se quiserem, uma mudança de paradigma que reintegre as várias dimensões das políticas públicas e a perspectiva do desenvolvimento humano, tão bem definida pelo Banco Mundial como o equilíbrio entre as quatro formas de capital: o capital natural, constituído pela dotação de recursos naturais com que conta um país, um estado, uma comunidade; o capital construído, gerado pelo ser humano, que inclui infra-estrutura, bens de capital, capital financeiro, comercial etc.; o capital humano, determinado pelos graus de nutrição, saúde e educação de

sua população; e o capital social, descoberta recente das ciências do desenvolvimento e entendido como valores e atitudes que garantem a construção de relações de confiança entre os atores sociais de uma sociedade, as atitudes e valores que auxiliam as pessoas a transcender relações conflituosas e competitivas para conformar relações de cooperação e ajuda mútua, ou seja, de reciprocidade, e as atitudes cívicas praticadas que fazem a sociedade mais coesiva e mais do que uma soma de indivíduos.

Acho que, se partirmos dessa perspectiva, poderemos realizar inversões e definir prioridades nos diversos campos da educação, da cultura e da comunicação que ajudariam a enfrentar o paradoxo a que Boaventura Sousa Santos chama de "cheio que nos parece oco".

R.O.I.C.: O senhor foi um dos pioneiros a capacitar gestores e outros profissionais de cultura em Minas Gerais e no Brasil, um campo caracterizado pela transversalidade e pela fluidez de limites. Como foi "desbravar" esse campo e quais as principais dificuldades e experiências que poderiam ser transmitidas para aqueles que pretendem se iniciar nessa atividade?

J.M.B.: Não são poucas as dificuldades. Eu destacaria, em primeiro lugar, o elogio desmesurado à prática e sua ingênua oposição à teoria. Na área da cultura, ainda é dominante uma espécie de "pragmatismo impregnante", que faz do bom senso e do ensaio e erro metodologias de trabalho. Criticar e superar tais posturas, ampliando para uma perspectiva mais praxiológica, não é nada fácil, mas extremamente importante. Outra dificuldade e/ou desafio é o enfrentamento da contradição entre o discurso e a prática com a transversalidade. Desenvolvemos mais a retórica do que fundamos uma nova prática. As corporações e as disciplinas ainda são muito operantes e fornecedoras de identidades e seguranças. Romper com isso não é nada fácil. Por fim, o desafio de romper com a idéia de que, para trabalhar com a cultura, basta gostar das artes. é preciso uma forte e dinâmica formação teórico-metodológica para que se transcendam práticas frágeis, auto-referentes e óbvias.

Meus atuais desafios são os de contribuir para uma efetiva ampliação e aprofundamento da visão e das atitudes para com a cultura. Mais do que nunca é preciso associar às iniciativas de inclusão, cidadania e participação nas esferas públicas da cultura a preocupação com o conceito, com a qualidade do que se faz, com a avaliação do que se fez e com os desdobramentos e continuidades. E isso só é possível com formação continuada.

A Fundação Cultural Badesc promove, no dia 27 de janeiro, o seminário "Pensar o Espaço Cidade - Pensar o Espaço com Arte". O evento propõe um debate sobre a concepção de cidade e sua interação com o conceito de arte, no que se refere à noção de arte pública. Também propõe a divulgação da Lei Municipal 3255/89 entre a classe artística, empresas construtoras, arquitetos e profissionais ligados à área, lei que incentiva a implantação de obras de arte nas edificações do município.

Na programação, estão temas como Arte Pública e Memória Urbana na Cidade de Florianópolis, que será abordado pela doutora em Artes Visuais e membro do Conselho Estadual de Cultura Sandra Ramalho e Oliveira.

A artista plástica e coordenadora da Comap (Comissão Municipal de Arte Pública), Lú Pires, abordará a questão do artista e a inserção da obra de arte no espaço público.

Trazendo reflexões sobre a arte pública e espaço urbano, suas relações e inter-relações, o público presente contará, também, com a palestra de Maria Teresa Espantoso Rodrigues, professora de Artes Visuais da Universidade de Buenos.


A partir da contribuição dos estudiosos, o seminário pretende fomentar o debate com o público, propondo ações para as questões que permeiam o debate sobre arte pública e a Lei Municipal 3255/89

Local: Auditório da Fundação Cultural Badesc
Endereço: Rua Visconde de Ouro Preto, 216. Centro.
Telefone: (48) 3224-8846

Programação

14h

Arte Pública e memória urbana na cidade de Florianópolis, com Sandra Ramalho e Oliveira - doutora em Artes Visuais e membro do Conselho Estadual de Cultura

16h

Intervalo

16h30

O artista e a inserção da obra de arte no espaço público, com Lú Pires - artista plástica e coordenadora da Comissão Municipal de Arte Pública

17h30

Campo expandido da Arte Pública, com César Floriano - doutor em Arquitetura e crítico de arte

19h

Reflexões sobre Arte Pública e espaço urbano: relações e interrelações, com Maria Teresa Rodrigues - professora de Artes da Universidade de Buenos Aires

20h

Debate / Coquetel de Encerramento