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Segue até o dia 31 de maio o prazo para que representantes de prefeituras ou entidades da sociedade civil enviem informações sobre seus municípios para integrar o banco de dados do Projeto Horizontes do Patrimônio Pioneiro Catarinense. A iniciativa é da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), que lançou a proposta com o objetivo de conhecer e inventariar o patrimônio histórico e cultural de Santa Catarina.

A intenção é criar um banco de dados com informações sobre construções, paisagens ou referências históricas e culturais existentes nos municípios de Santa Catarina. Além disso, por meio do projeto, a intenção é promover o tombamento de construções civis que atendam os requisitos da Lei 5846/1980 ou o registro, conforme decreto 2.504/2004.

:: Acesse aqui o formulário

Será permitida apenas uma inscrição por município com até dez elementos de referência. Poderão ser inscritos:

I - construções civis:
a) unidade/ conjunto de arquitetura residencial;
b) meios de hospedagem (hotéis, hospedarias, pensões, estâncias, etc);
c) edificações de administração pública (sedes de prefeitura, câmaras de vereadores, fóruns, intendências, etc);
d) edificação industrial ou ligada a algum ciclo econômico ou atividade produtiva (sedes de indústrias, galpões de serraria, ferragens, torres de beneficiamento; moinhos, engenhos, etc).
e) equipamentos de infraestrutura urbana (caixas d'água, bicas, fontes, estação de energia, comunicação, telégrafo, telefonia, usinas, torres, faróis etc)
f) equipamentos de infraestrutura comunitárias (hospital, escola, agência do correio, cinemas, teatros, museus, etc).

II- lugares de sociabilidade (espaços público, praças, jardins, largos, ruas, etc.).

III- paisagens (pastagens, bordas d´água, matas, etc.).

IV- referência espacial (pontos específicos de referência: pedras, montanhas, curva de um rio, etc).

“Desde 2017 a FCC tem atuado de forma incisiva na valorização e no reconhecimento neste campo. Culminou com a homologação do tombamento de 57 imóveis históricos do chamado Roteiro Nacional da Imigração, elevando para 350 o número de edificações que agora contam com a salvaguarda do Estado” informa o presidente da FCC, Rodolfo Pinto da Luz. "A ideia deste projeto é dar continuidade a outros inventários já realizados pela FCC, buscando compreender o que, de fato, as comunidades catarinenses entendem como sendo o 'seu patrimônio', o que realmente as toca e mobiliza. A preservação do patrimônio cultural precisa ser um pacto social, por isso a iniciativa deste inventário colaborativo", completa a diretora de Preservação do Patrimônio Cultural da FCC, Vanessa Maria Pereira.

Para o cadastro de cada uma das edificações, paisagens ou locais será necessário informar a denominação do bem, o endereço completo, a titularidade do imóvel (se houver), além de anexar fotografias atuais, um breve histórico e a descrição física e arquitetônica do local do imóvel.

As inscrições deverão ser feitas por prefeituras ou entidades da sociedade civil pelo site da FCC por meio deste formulário. Também podem ser enviadas em meio digital (CD, DVD ou pen drive) para a Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural da Fundação Catarinense de Cultura, no seguinte endereço: Av. Gov. Irineu Bornhausen, 5.600, Agronômica, Florianópolis, CEP 88025-200, com o formulário impresso devidamente preenchido.

:: Acesse aqui a Instrução Normativa.

Mais informações podem ser solicitadas pelo e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

Fonte: Assessoria de Comunicação FCC

O Museu Histórico de Santa Catarina, sediado no Palácio Cruz e Sousa, será reaberto ao público nesta terça-feira, 10, às 19h. O espaço ficou aproximadamente 45 dias fechado ao público para realização de uma reforma completa na parte elétrica.

Toda a fiação foi substituída e as arandelas internas e externas tiveram a estrutura modernizada e, assim, poderão ser ligadas novamente. O mesmo acontecerá com os lustres que passaram por processo de higienização e restauro. A última grande reforma da parte elétrica havia sido realizada há cerca de 40 anos.
Durante a obra, o acesso ao local ficou restrito aos servidores e trabalhadores da empresa que realizou a reforma.
A cerimônia de reabertura contará com a presença do secretário de Turismo, Cultura e Esporte, Francisco dos Anjos e do presidente da FCC, Ozeas Mafra.

Exposições

O Museu Histórico reabre com duas exposições na Sala Martinho de Haro: uma delas com obras do pintor Hassis e a outra de Jone Cesar Araújo, com a temática dos 270 anos da chegada dos açorianos ao litoral catarinense.

Em parceria com a Fundação Hassis, será realizada a exposição Assim Hassis, que tem o propósito de mostrar a diversidade do artista e um panorama histórico da produção artística de Hassis. Apresentando uma seleção de pinturas do artista, o coordenador do setor educativo do Museu Hassis, Denilson Antonio, que também é curador da exposição, traz obras que não são expostas há muito tempo, bem como trabalhos já conhecidos. A intenção é apresentar ao publico a diversidade do artista que permeou por varias linguagens, um recorte cronológico sobre fazes e séries que Hassis criou durante sua vida.

Já a exposição Descobrindo Açores mostrará ao público 43 trabalhos de colagem criados pelo artista Plástico Jone Cezar de Araújo para ilustração do livro de poesias com o mesmo nome, escrito pelo poeta e jornalista Marcelo Passamai.


Serviço:
Reabertura do Museu Histórico de SC / Palácio Cruz e Sousa
Data: 10 de abril de 2018, às 19h
Endereço: Praça XV de Novembro, Centro, Florianópolis.

Fonte: Assessoria de Comunicação FCC

A partir desta segunda-feira, 09, a Sala de Cinema do Centro Integrado de Cultura (CIC) recebe a 1ª Mostra de Curtas Ishpia. Serão três noites de programação intensa até esta quarta-feira, 11, com 19 filmes de diferentes estados do Brasil, produzidos entre 2016 e 2017, e que circularam por grandes festivais de cinema nacionais e internacionais - até mesmo por Cannes e pela Berlinale. As sessões serão terão início às 19h30 e a entrada será gratuita, porém sujeita à lotação.

Quem assina a coordenação geral da mostra e também a curadoria é a cineasta Cíntia Domit Bittar. A realização é da produtora Novelo Filmes, com apoio do Museu da Imagem e do Som de Santa Catarina (MIS/SC).


PROGRAMAÇÃO

:: 09 de abril, segunda-feira, às 19h30

NÃO ME PROMETA NADA (foto)
Ficção | 21 min | 2016 | livre | Rio de Janeiro (RJ)
Direção e Roteiro: Eva Randolph

DEUSA
Ficção | 18 min | 2017 | livre | São Paulo (SP)
Direção e Roteiro: Bruna Callegari

DE TANTO OLHAR O CÉU GASTEI MEUS OLHOS
Ficção | 25 min | 2017 | 10 anos | Campo Grande (MS)
Direção e Roteiro: Nathália Tereza

ABISSAL
Documentário | 17 min | 2016 | livre | Fortaleza (CE)
Direção e Roteiro: Arthur Leite

FILME CATÁSTROFE
Ficção | 18 min | 2017 | livre | São Paulo (SP)
Direção e Roteiro: Gustavo Vinagre

TENTEI
Ficção | 15 min | 2017 | 14 anos | Curitiba (PR)
Direção e Roteiro: Laís Melo


:: 10 de abril, terça-feira, às 19h30

A PASSAGEM DO COMETA
Ficção| 98 min | 2017 | 12 anos | São Paulo (SP)
Direção e Roteiro: Juliana Rojas

A MOÇA QUE DANÇOU COM O DIABO
Ficção | 15 min | 2016 | 14 anos | Rio Claro (SP)
Direção e Roteiro: João Paulo Miranda Maria

O PORTEIRO DO DIA
Ficção | 25 min | 2016 | 18 anos | Recife (PE)
Direção e Roteiro: Fábio Leal

VÊNUS - FILÓ, A FADINHA LÉSBICA
Animação | 5 min | 2017 | 16 anos | Belo Horizonte (MG)
Direção: Sávio Leite

O QUEBRA-CABEÇA DE SARA
Documentário | 10 min | 2017 | livre |Rio de Janeiro (RJ)
Direção e Roteiro: Allan Ribeiro

BAUNILHA
Documentário | 13 min | 2017 | 16 anos | Recife (PE)
Direção e Roteiro: Leo Tabosa

DEMÔNIA - MELODRAMA EM TRÊS ATOS
Ficção | 17 min | 2016 | 12 anos| São Paulo (SP)
Direção: Fernanda Chicolet, Cainan Baladez


:: 11 de abril, quarta-feira, às 19h30

DEMÔNIOS DE VIRGÍNIA
Ficção | 19 min | 2017 | 12 anos | São Lourenço (RS)
Direção: Gabriela Richter Lamas

MARIA
Documentário | 17 min | 2017 | 12 anos | Manaus (AM)
Direção: Elen Linth, Riane Nascimento

PERIPATÉTICO
Ficção | 15 min | 2017 | livre | São Paulo (SP)
Direção: Jessica Queiroz

NADA
Ficção | 27 min | 2017 | livre | Belo Horizonte (MG)
Direção e Roteiro: Gabriel Martins

MAMATA
Ficção | 30 min | 2017 | 12 anos | Salvador (BA)
Direção e Produção: Marcus Curvelo

ANTONIETA
Documentário | 15 min | 2016 | livre | Florianópolis (SC)
Direção, Produção e Roteiro: Flávia Person



SERVIÇO:

ISHPIA - 1ª Mostra de Curtas de Florianópolis
Quando: 09, 10, 11 de abril, às 19h30
Onde: Sala de Cinema do CIC (Avenida Governador Irineu Bornhausen, 5600, Bairro Agronômica, Florianópolis)

Entrada gratuita.


Fonte: Assessoria de Comunicação FCC

Na reta final, o Projeto Estação Cultural chega a aproximadamente 30 cidades durante o mês de abril. Serão realizadas apresentações e oficinas disponibilizadas ao público de forma gratuita.

O Estação Cultural é um projeto itinerante, promovido pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC) em parceria com as prefeituras municipais que receberão as atrações.

:: Confira a programação desta semana

O Estação é um projeto de circulação, integração e de estímulo à produção cultural catarinense. São mais de 150 projetos selecionados, mobilizando todas as regiões catarinenses, levando as mais variadas formas de expressão artísticas e também de conhecimento, por meio de oficinas.

Nesta semana, receberão as atividades do Estação Cultural as cidades de Quilombo, Braço do Norte, Pomerode, Mafra, Joinville, São João do Oeste, Rio do Sul, Concórdia, Araranguá, Criciúma, Blumenau, São Lourenço do Oeste.

Sobre o Estação Cultural
O Estação Cultural iniciou com apresentações culturais no mês de dezembro de 2017 em cinco cidades. Atualmente os municípios recebem ainda oficinas com foco em diversos segmentos artísticos como música, literatura, dança, patrimônio, entre outros. É importante destacar que para participar das oficinas, os interessados devem entrar em contato diretamente com o departamento de cultura de cada município para mais informações.

A iniciativa da FCC é embrião de uma política pública que visa à democratização do acesso às atividades culturais, com atrações de abrangência estadual. O objetivo da FCC é contribuir para atrair diversos tipos de públicos, valorizando ações que fomentem a reflexão e a discussão dos temas abordados e possibilitando a troca de linguagens artísticas e culturais entre as regiões catarinenses.

Fonte: Assessoria de Comunicação FCC

Em 2013, a escritora e dramaturga Edla van Steen, concedeu uma entrevista especial ao jornalista, crítico literário, escritor e poeta Cláudio Portella, e que foi publicada no Suplemento Cultural de Santa Catarina [ô Catarina!], editado pela Fundação Catarinense de Cultura. Edla, que havia sido condecorada com a Medalha Cruz e Sousa, discorre sobre a sua relevante trajetória e, no alto da sua lucidez e perspicaz, analisa à época os desafios impostos à literatura e dramartugia pelas novas tecnologias.

Uma entrevista saborosa que traz à luz a sabedoria desta florianopolitana que levou Santa Catarina às mais notávais instâncias da cultura nacional. Ao homenagear essa ilustre artista e filha desta terra, falecida no dia 6 de abril, o portal Cultura.SC republica a entrevista e presta a sua reverência à memória e ao legado da notável Edla.

Acesse a íntegra do Suplemento aqui


Por Cláudio Portella

Edla van Steen, escritora catarinense, que lançou recentemente o livro "Instantâneos", de contos curtos, nos fala praticamente de tudo em entrevista exclusiva para o Suplemento Cultural de Santa Catarina [ô catarina]. Do começo da carreira, quando queria ser cantora lírica e escrevia a lápis os livros publicados nos EUA; do primeiro emprego em radiofonização de cartas em Curitiba à sua participação no filme Na Gar- ganta do Diabo; de teatro, das peças que escreveu e traduziu; da geração de novos escritores e de escritores mais experimentados; da amiga Lygia Fa- gundes Telles e das muitas coleções que dirigiu e que dirige; do novo livro; da amizade com Eva Wilma; de televisão, de cinema, dos filhos (que trabalham com cinema) e do marido (o crítico de teatro Sábato Magaldi). Edla é uma escritora generosa com seus pares e já levou a obra de escritores catarinenses, como Luis Delfino, Cruz e Sousa e Lindof Bell, para a coleção "Melhores Poemas", da editora Global. Aqui, o leitor terá um encontro com as múltiplas faces da incansável Edla van Steen.

Você é a escritora brasileira com mais livros publicados nos Esta- dos Unidos. Mas como tudo começou? Conte-nos como foi o início de sua carreira. Será que ainda sou a mais publicada?
Não sei. Talvez outras tenham pu- blicado também. Fiz muitas experiências antes de me decidir pela literatu- ra. Aprendi canto (eu queria ser cantora lírica), por exemplo. Ser atriz não era a minha praia; aliás, no meu filme com o Khouri, outro escritor era ator: José Mauro Vasconcelos (Meu pé de laranja lima foi um sucesso). Ficamos um mês em Foz de Iguaçu. Chovia muito e nós, os escritores, datilografá- vamos nossos livros. Sempre fui grafomaníaca e não conseguia não escre- ver. Um detalhe que a nova geração nem imagina seja possível. Eu escrevia a lápis (meus filhos eram pequenos e eu trabalhava à noite), fazia várias versões, daí datilografava, uma, duas, cinco vezes. Como muitos outros au- tores, aliás. Tive a sorte de fazer um curso de inglês, na Alumni, nos anos de 1960, e de meu professor - David George - ter gostado do que eu escrevia. Ele virou o tradutor dos meus quatro livros publicados nos Estados Unidos. Instantâneos é o quinto que ele traduz.

E a atuação no ftlme Na Garganta do Diabo (1960). Como foi partici- par dele? Você atuou em outros ftlmes?
Fui a primeira atriz brasileira a ganhar um prêmio em festival internacio- nal de cinema, na Itália. O júri, presidido por Roberto Rossellini, não deu o prêmio para Melhor Filme, instituindo, excepcionalmente, o de Melhor Atriz. Depois ganhei todos os brasileiros. Meu primeiro emprego foi em ra- diofonização de cartas, que eu escrevia e apresentava, na Rádio Tinguy, de Curitiba. Além desse, fiz um programa que intercalava tangos com poemas que eu escolhia e lia. Logo comecei a trabalhar em jornal. Pensei que eu podia ganhar a vida escrevendo. Que ingenuidade.

E no teatro, você escreveu algumas peças e traduziu outras tantas.Também atuou?
Fiz teatro amadorem Curitiba. Gosto muito de traduzir peças. Se você olhar meu currículo, vai ver meus autores prediletos: Ibsen, Tchecov, Strindberg, David Mamet, Kaiser, Molière. Aprende-se muito em tradução. Em geral, as traduções foram encomendadas pelos atores e/ou diretores dos espetáculos. Tive sorte também com a minha primeira peça: O Último Encontro. Com ela, ganhei o Prêmio Molière, que na época era o de maior prestígio, e o da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), do qual muito me orgulho. As peças Otto e Malas Trocadas acabam de sair pela Giostri Editora.

A escritora Lygia Fagundes Telles fez noventa anos. Você acompanha a nova geração de escritoras brasileiras? Como encara a expressão “literatura feminina”?
Minha querida amiga Lygia está mais linda do que nunca aos noventa anos. Claro que acompanho o movimento literário em geral, não só o feminino. As coleções "Melhores Contos, Melhores Crônicas e Melhores Poemas" demonstram isso. E o "Roteiro da Poesia Brasileira", dirigido por mim, em quinze volumes, levantamento da nossa poesia de 1500 ao ano 2000, é outro atestado. Sou grafomaníaca: não consigo não ler e escrever, e capitalizo o vício publicando livros meus e de outros autores. Sou um ser coletivo. E, sempre que me pedem, consigo editores para os meus muitos amigos.

Você organizou as coletâneas "Viver & Escrever", nas quais entrevista grandes escritores brasileiros. Como foi entrevistar tantos escritores talentosos? Quais foram as mais marcantes?
Tive a sorte de conviver com uma gama enorme de autores, não só pela direção das coleções, mas porque sempre li a obra de todos antes das entrevistas, feitas pessoalmente, com um gravador ou com minha Lettera 22: enquanto eles respondiam às perguntas, eu datilografava as respostas. Acho que Menotti Del Picchia, Dyonélio Machado e Nelson Rodrigues me deram suas últimas entrevistas. Poucos dos trinta e nove entrevistados me responderam por escrito: Henriqueta Lisboa, que já estava bem idosa e não podia me receber; Lygia Fagundes Telles, porque ficara viúva e, em meio à dor da perda de Paulo Emílio, quis escrever; Otto Lara Rezende e Décio Pignatari. Osman Lins também foi uma exceção: ele ficou doente; em meio aos nossos encontros, eu ia ao hospital conversar com ele, e de- pois da sua morte, Julieta de Godoy Ladeira, sua dedicada companheira, terminou-a para mim, procurando respostas já dadas em vários veículos da imprensa. Viver & Escrever foi meu trabalho mais difícil e complexo. O que mais me desafiou.

Percebo em seu novo livro "Instantâneos" (2013) uma procura por registrar o instante, como se você tirasse uma fotografta, lapidando o conto até não mais poder. Como ver essa tendência do microconto, que parece ter ganhado força com o twitter? Você acredita mesmo em contos curtíssimos? Ou o que chamamos de microcontos são flashes de crônica etc.?
Tenho horror a twitter, facebook, linkedin etc. Meus contos são curtos porque eu não tinha tempo, envolvida que eu estava no "Roteiro da Poesia Brasileira", além das outras coleções. Foram cinquenta momentos íntimos. Registros que a minha imaginação construiu para as imagens que eu guardei. Também não acho que sejam “flashes de crônica”. Acho que alguns são mais parentes da poesia. São mesmo contos bem curtos. Tentativa de contar histórias com o mínimo de palavras, deixando que o leitor construa o resto.

"Instantâneos" me lembrou muito dos últimos livros do escritor Caio Porfírio Carneiro. Por falar nele, você não acha que uma geração da antiga guarda - digamos assim, de bons escritores que ainda estão em atividade - é tão ignorada pelos editores quanto os novos que não estão na mídia?
Não conheço esses contos curtos do Caio Porfírio Carneiro. Tentei, inclusive, publicar um volume com seus melhores contos, mas, infeliz- mente, ele publicou demais e o website Estante Virtual está cheio de seus livros. Estou esperando um pouco para voltar a insistir com a editora Global. Quando comecei a coleção, imagine, um dos dez autores da mi- nha lista era Moreira Campos. Que até hoje não saiu. Não me pergunte um motivo: foram muitos. Agora voltei à carga, por intermédio do Nilto Maciel, que me deu o endereço eletrônico de sua neta e estou prestes a conseguir a autorização. Não é impressionante?

Em entrevista ao "Estadão", você fala da falta de garra das editoras em não publicarem quem não está atrelado à mídia e sentencia que há muita gente boa escrevendo. Pode nos citar alguns?
Ah, meu caro, são tantos. A jornalista Malu Furia, por exemplo, enviou textos infanto-juvenis para editoras que nunca nem responderam. Seu delicioso livro "O travesseiro" que contava histórias vai ser publicado agora pela Giostri Editora. Outro romancista sério como Esdras Nascimento também luta para publicar um novo romance, de novecentas páginas; o gaúcho Rubem Mauro Machado tem vários volumes prontos; Marcos Santarrita deixou três ou quatro livros inéditos. No mundo todo há movimentos de autopublicação. Os autores prescindem das editoras e lançam seus livros em impressões digitais, que nada ficam a dever às profissionais, e fazem circular suas obras. Eu aprovo e aplaudo.

Fale-nos de sua amizade com Eva Wilma. Você escreveu a biografta dela, não foi?
A Eva e eu somos amigas há mais de quarenta anos. Ela ainda era casada com o John Herbert. Mas estreitamos nossa amizade depois que eu me casei com o Sábato Magaldi, e ela com o Carlos Zara. Fizemos várias viagens juntas. Fiquei muito feliz quando ela me escolheu para escrever a biografia, que levou três anos para ficar pronta. Um trabalho bom, o de provocar o funcionamento de sua memória e fazer com que ela reconstruísse o trajeto teatral. Ela estava muito triste com a morte do companheiro. Escrevi, inclusive, um roteiro teatral para que ela se despedisse dele, todas as noites: "Primeira Pessoa". O espetáculo ficou um ano em cartaz e recebeu o prêmio "Faz Diferença", de O Globo.


O que você acha que mudou na teledramaturgia brasileira nos últimos anos?
Todos os meus amigos sabem que sou vidrada em televisão (assinei, inclusive, crítica do gênero na revista Isto É Gente). As novelas vinham se repetindo demais; os grandes sucessos começaram a ser reescritos... mas as emissoras eram as culpadas, por não acreditarem ou não apostarem em novos autores. Até que surgiu o João Emanuel Carneiro, um talento impressionante. Filho de uma grande poeta, Lélia Coelho Frota, João Emanuel renovou completamente o gênero. Gosto muito, igualmente, de Maria Adelaide Amaral. A minissérie sobre a Dercy Gonçalves foi primorosa. Só lamento que as emissoras de telenovelas não contratem especialistas para cuidar do acabamento final, cortando os erros de português que doem no ouvido do telespectador, tipo “para mim fazer” ou “entre eu e você” ou “entre eu e ele”. Não há ninguém que possa corrigir que é "entre mim e você"? E outros problemas mais. Porém, na técnica, o Brasil é imbatível.

Uma mulher (Rosiska Darcy de Oliveira) foi eleita para a cadeira vaga do poeta Lêdo Ivo na Academia Brasileira de Letras.Você tem muitos amigos lá. Já pensou em se candidatar a uma vaga? Por que não o faz?
Já convivo com todos, Cláudio. E não tenho espírito para a coisa. As pompas me constrangem. Gosto de estar com os acadêmicos que, em geral, são pessoas de ótimo convívio. Mas sou low profile... Gosto de escrever e de jogar conversa fora. Vou sentir saudades de Lêdo Ivo, que era um maravilhoso contador de histórias literárias. Fomos muito próximos. Aliás, estamos no Rio; Sábato quis vir para a homenagem ao seu companheiro. Ontem foram depositadas as cinzas no mausoléu, e houve uma excelente mesa-redonda na ABL.

Qual é o gênero literário que mais lhe dá prazer em escrever e por quê?
Transito entre o conto, o romance e as peças de teatro, mas não sei escrever poemas, nem crônicas, apesar de ser leitora assídua dos gêneros. Daí a direção das coleções da Global. Às vezes o que eu quero contar já nasce em diálogo. E a peça então vai tomando forma. Já aconteceu de eu reescrever uma peça em forma de conto longo ou novela. São experiências literárias distintas, mas que se prestam para o desenvolvimento de uma história ou situação.

O que mudou no teatro brasileiro nos últimos anos? Existe mesmo uma carência de textos, especiftcamente, para o teatro?
O que acaba com o teatro brasileiro é o sistema de patrocínio. Se uma comissão lesse e escolhesse as melhores peças de hoje, e produzisse as montagens, como nos países europeus, veríamos como é rica a dramaturgia brasileira. A Giostri Editora é especializada em publicar peças de teatro; tem perto de trezentas no catálogo. E não se queixa. Vende muito bem suas publicações em sete livrarias que montou em teatros paulistas. Mas tem dificuldades de distribuí-las nas de outros estados.

Você é vidrada em TV. E o cinema, também vê bastante? No caso do cinema brasileiro, você não acha que ele perdeu sua identida- de tentando imitar o americano? O que acha do cinema brasileiro atual?
Vejo, pelo menos, um filme por dia. E acho que o cinema do Brasil tem evoluído muito. Meus três filhos são a ele ligados: Ricardo fez Noel, Poeta da Vila. Minha filha Anna é profissional competente em maquiagem espe- cial para televisão (Dercy Gonçalves e Dalva & Herivelto) e para o cinema (Xingu, por exemplo, e várias produções internacionais). E Lea é autora de videoart. Alguns de seus trabalhos já foram expostos em museus como o Beaubourg, em Paris, Reyna Sofia, em Madri e Arte Moderna, no Líbano. O nosso cinema tem personalidade e está numa excelente fase, com pelo menos uns quinze diretores de inegável qualidade artística. Você não con- corda? O que está faltando mesmo no cinema é um agente que escolha li- vros, argumentos e/ou roteiros (tenho quatro escritos, baseados nos meus romances, contos ou peças). A literatura brasileira está cheia de livros que dariam filmes maravilhosos.


(Cláudio Portella é escritor, poeta, crítico literário e jornalista cultural, Fortaleza / CE)