Depois de viver uma experiência intensa em instituições de ensino de seis municípios catarinenses, a artista Sofia Camargo retorna a Florianópolis com muitas histórias para contar. Mais do que isso. Nesta temporada no Brasil, construiu dentro de si um retrato de parte da realidade catarinense e a convicção de que muitas crianças enfrentam carências e dificuldades. Como coordenadora do projeto Crê Ser, criado e desenvolvido pela Fundação Catarinense de Ensino (FCC), com recursos oriundos da lei estadual de incentivo à cultura, por meio do Fundo de Incentivo à Cultura (Funcultural), ela atendeu cerca de 3 mil alunos em diferentes escolas e instituições infanto-juvenis.
Na última etapa do trabalho, em Florianópolis, ela realiza o projeto entre os dias 12 e 18 de junho no abrigo de meninos e meninas Cretinha Casa Lar. O programa aposta na construção de auto-estima e da cidadania usando as artes visuais. Localizado no Rio Tavares, o Cretinha acolhe crianças em situação de vulnerabilidade social, encaminhadas à instituição pelo Juizado da Infância e da Juventude e pelo Conselho Tutelar.
Moradora em Berlim, Sofia Camargo chegou no Brasil, em fevereiro, para realizar o Crê Ser e compartilhar experiências neste campo. Não é a primeira vez que ela atua em Florianópolis com crianças fragilizadas, seu real interesse de atuação. Em 2000, ela desenvolveu no Museu de Arte de Santa Catarina (Masc), o projeto Arte Despertar, que atendeu crianças de rua.
Sofia Camargo e o artistaThomas Klasen, que documenta em audiovisual o projeto, motivam crianças e adolescentes a pintarem seus desejos. O programa prevê, além das atividades em instituições de ensino públicas, uma mostra no Centro Integrado de Cultura (CIC), a produção de um catálogo e de um DVD.
A primeira etapa do trabalho começou em março com pesquisas de reconhecimento do campo de intervenção. Definidas as instituições contempladas, o programa atendeu inicialmente, em Rio dos Cedros, a Escola de Ensino Fundamental Prefeito João Floriano, localizada a 25 quilômetros do centro, encravada entre montanhas e voltada para o atendimento de crianças vindas de regiões bem distantes.
Sofia e Thomas passaram por Blumenau, Rio dos Cedros, Treze Tílias, Bom Jesus, Maravilha e Rio Fortuna, sintonizando especialmente com representantes de secretarias de Educação, diretoras de escolas, educadoras e até pais de alunos. Ambos têm condições de construir um retrato singular da realidade de crianças catarinenses, muitas das quais sofrem vulnerabilidades emocionais de ordem familiar, econômica e social.
O objetivo da oficina Crê Ser é utilizar a arte como instrumento de liberação da criatividade e auto-afirmação. "Desde o paleolítico, o homem tem o impulso de pintar seus desejos na esperança de realizá-los. é uma confirmação de atitude mental e emocional, ou seja, a passagem do plano ideológico para o concreto. O que as crianças querem ser serão inicialmente nos quadros. E, por que não, futuramente na vida, se realmente acreditarem em si mesmas", situa Sofia.
A artista trabalha com crianças desde 1988, no Brasil e na Alemanha, adotando técnicas lúdicas, dinâmicas, induzidas por sugestões comportamentais, ao invés de pictóricas. A metodologia inclui movimentos corporais (pintar voando, pulando, de olhos fechados), vocalização de sons (pintar cantando a música preferida, o som do mar, a voz da mãe) e relaxamento infantil (rolar sobre o papel com tinta grudada no corpo, deitar no chão sobre o papel, pintar dançando com uma cor diferente em cada um dos dedos dos pés).
A diversão é o ponto ideal para motivar mutações saudáveis e eficientes na personalidade infantil ainda em formação. A utilização desta técnica de ensino conduz claramente a criança ou adolescente ao autoconhecimento e auto-estima. Os trabalhos são analisados um a um, dando ênfase ao ponto forte da individualidade pictórica e, assim, ajudando os alunos na experiência do reconhecimento social no grupo.
A viagem de prospecção das instituições contempladas pelo projeto Crê Ser foi de fundamental importância na visão da coordenadora Sofia Camargo. Para ela, o contato direto representa a possibilidade efetiva de diálogo e credibilidade, porque permite adequar a oferta às reais necessidades de cada escola. Além disso, a observação das potencialidades e carências, seja a de crianças que vivem em áreas pobres ou a das lacunas de ofertas culturais para adolescentes, ajuda a qualificar as propostas do programa. Percebe-se, diz a artista, que o Estado de Santa Catarina está empenhado na melhoria do ensino, contando com a atuação de jovens educadores e profissionais no setor de educação "abertos para tudo o que lhe renove a motivação. Tanto os que trabalham diretamente com crianças pobres, como Bom Jesus e Rio dos Cedros, como os que vivem mais homogeneamente como em Rio Fortuna, são afetivos, inclusive no relacionamento entre os membros da própria equipe".
Breve currículo
Formada pela Escola Superior de Propaganda & Marketing, em São Paulo, Sofia Camargo tem 52 anos e traz em seu currículo aprendizagens que passam pelo caminho das artes visuais. Estudou cinema com Plínio Salgado, aquarela com Rubens Matuk, fez ateliê com Maria Bonomi. Nos anos 1980 saiu do Brasil para viver nas Ilhas Canárias e, por fim, seguiu para Berlim, na Alemanha, onde casou e mora até hoje. Seus interesses são amplos, a ponto de estudar caligrafia japonesa e modelo vivo na Escola de Belas Artes de Berlim, onde também estudou mais tarde com John Cage. Realizou projeto no Himalaia, na índia, onde estudou escultura em argila e, no fim dos anos 90, voltou ao Brasil, onde realizou até 2000 workshops para adultos e crianças. Com o apoio do Museu de Arte de Santa Catarina (Masc), desenvolveu com crianças de rua o projeto Despertar. A partir de 2002 passa a atender convites de diferentes entidades privadas e governamentais interessadas na Kinder Kunst Galerie, um projeto temporário e ambulante realizado tanto em escolas, museus e instituições para menores na Alemanha. Como artista, seu currículo aponta mostras coletivas e individuais. Já expôs, entre outros espaços, no Centro Cultural São Paulo; em Fuerteventura, na Espanha; na October Galley, em Londres, na Inglaterra; no Museum Dahlen Berlim; em BlaclightGallery, em Potsdamerplatz; na Galeria Art-Quadrat, em Munique; na embaixada brasileira em Berlim.
Estimular artistas e chamar a atenção para o espaço do Museu de Arte Contemporânea Luiz Henrique Schwanke, na Cidadela Cultural Antactica, em Joinville, é uma das intenções do Instituto Schwanke, que está divulgando o edital de seleção para a exposição "Arte Contemporânea: Intervenções e Encontros".
O projeto consiste em cinco intervenções artísticas acompanhadas de encontro e oficina com o autor selecionado. Cada uma das propostas deverá estar acompanhada de uma proposição de uma conversa do artista com o público na abertura do evento, e uma oficina ? teórica, teórico/prática ou prática - de oito horas. As inscrições podem ser feitas entre o dia 16 e 30 de junho, por correio.
Os selecionados receberão ajuda de custo de R$ 1 mil para a elaboração do trabalho. Artistas de fora de Joinville receberão ajuda de custo para auxiliar nas despesas de transporte, estadia e alimentação durante a montagem e oficina, durante até cinco dias. Todos os gastos deverão ser comprovados com documento fiscal.
O edital propõe uma agenda de cinco diferentes datas para montagem e período da exposição, entre agosto e novembro de 2008.
Caberá ao Instituto a elaboração do convite da mostra, bem como a sua divulgação.
Interessados devem preencher e assinar ficha de inscrição, detalhando a proposta da intervenção, a concepção, a descrição técnica, dimensão e materiais a serem utilizados e outros dados relevantes para a compreensão da obra. O site www.schwanke.org.br oferece cópia do edital, bem como fotos dos espaços possíveis de intervenção.
A seleção será realizada por uma comissão formada por três membros da área, sendo um do Instituto Schwanke. O resultado será divulgado em 11 de julho pelo site.
Serviço
O quê: Inscrições para o edital de seleção da exposição "Arte Contemporânea: Intervenções e Encontros"
Quando: Entre 16/6 e 30/6/08
Como: Por correio, para Arte Contemporânea: Intervenções e Encontros, rua 15 de Novembro, 1.400, Bairro América, 89201-602, Joinville.
Quanto: Gratuito
Informações: www.schwanke.org.br
No próximo domingo, 15 de fevereiro, o carnaval chegará mais cedo às ruas do Ribeirão da Ilha. A partir das 15 horas será realizado o Zé Pereira 2009. O evento, que ocorre sempre no domingo que antecede o carnaval, terá a participação da Banda da Lapa - Sociedade Musical e Recreativa Lapa. O nome vem do português José Nogueira de Azevedo Paredes, apelidado de "Zé Pereira", que, ainda no século 19, saía com uma turma de amigos no carnaval, batendo seus bumbos e instrumentos de percussão pela cidade do Rio de Janeiro.
Neste ano, a festa em apoio da Secretaria de Turismo do Estado de Santa Catarina (Santur) e da Secretaria Municipal de Turismo (Setur). A Banda da Lapa deve animar os foliões com marchinhas de carnaval e outras músicas. O grupo é parceiro do Projeto Bandas SC/Programa Nacional e foi contemplado duas vezes com o Edital da Funarte, recebendo recursos para compra e kit de instrumentos.
SERVIçO
O quê: Zé Pereira 2009
Quando: 15 de fevereiro, a partir das 15 horas
Quanto: gratuito
Local: Ruas da Freguesia do Ribeirão, no Ribeirão da Ilha, Florianópolis
O projeto "Sexta no Jardim", promovido pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC) no Museu Histórico de Santa Catarina - Palácio Cruz e Sousa, em Florianópolis, recebe nesta sexta-feira, dia 4 de julho, às 18h, o Rafael Calegari Quarteto. O projeto oferece gratuitamente, sempre às sextas-feiras, nos jardins do palácio, apresentações de música, teatro e dança.
Rafael Calegari, músico contrabaixista nascido em Tubarão, atualmente mora em Florianópolis. Em 1999, ingressou no curso de Licenciatura em Música na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Com 11 anos de experiência na área de música, Calegari já participou de diferentes eventos no cenário cultural catarinense, como Joinville Jazz Festival 2004 e 2005, tocando com Metal Brasil, Marco Oliveira Quarteto, Dr. Cipó; 2º Encontro de Bateristas, com o grupo Matita Perê; projeto Banda na Escola, com shows e workshops em escolas públicas do Estado; Orquestra Sinfônica de Santa Catarina (Ossca); Tributo à Piazzolla, no projeto "Viva Piazzolla", em Blumenau. Em gravações de CDs, participou dos trabalhos: Brasil Instrumental Quinteto, André Hematti, Trio Matita Perê, Cambucá, Jobert Narciso; e Ivan Meira, com a participação especial do guitarrista Alegre Corrêa.
Em Florianópolis, apresentou-se com expressivos músicos da região, como Guinha Ramirez , Alessandro Kramer, Léo Garcia, Luiz Meira, Luciano Bilú, Cássio Moura, Romy Martinez, Luiz Gustavo Zago, Tatiana Cobbett e Marcoliva, com quem vem tocando em vários estados do país, e trabalhando como produtor musical do novo CD.
Neste show, Calegari divide o palco com Leandro Fortes, Cristian Faig e Mauro Borghezan, parceiros de vários trabalhos.
veja a programação clique aqui
O QUê: Projeto "Sexta no Jardim", com Rafael Calegari Quarteto.
QUANDO: sexta-feira (4), às 18h.
ONDE: Jardins do Palácio Cruz e Sousa (em caso de chuva a apresentação será transferida para o interior do Museu Histórico de Santa Catarina), Praça 15 de Novembro, Centro, Florianópolis, fone: (48) 3028-8091.
QUANTO: gratuito.
Morreu anteontem, aos 76 anos, o baixista cubano Orlando "Cachaíto" López, um dos últimos integrantes do antológico projeto Buena Vista Social Club. Em anos recentes também morreram outros veteranos do grupo: os cantores Compay Segundo, Ibrahim Ferrer e Pío Leyva e o pianista Rubén González.
Considerado o coração pulsante do Buena Vista, Cachaíto morreu num hospital em Havana, dias depois de passar por uma cirurgia de próstata, segundo o músico Manuel Galban, que tocou com López durante décadas.
Nascido em Havana em 1993, López provém de uma verdadeira linhagem de músicos: em sua família há cerca de 30 baixistas, entre eles seu tio Israel "Cachao" López e seu pai Orestes, também compositores reconhecidos.
"Cachaíto" virou sensação mundial como parte do Buena Vista, projeto do músico americano Ry Cooder que revitalizou a música cubana nos anos 1990. Mas López, também era um astro por si próprio, independentemente do Buena Vista.
Inicialmente, "Cachaíto" tinha uma inclinação pelo violino, mas, segundo ele mesmo contou, seu avô o dissuadiu, para ele seguisse com a tradição do clã de contrabaixistas. Desde a adolescência, o músico integrou diversos grupos cubanos. Pioneiro do mambo cubano, aos 17 anos ele já se destacava num grupo chamado Riverside.
Nos anos 1960, passou a integrar a Orquestra Sinfônica Nacional, mas nunca deixou de lado sua vertente popular, combinando toda sorte de estilos, incluindo o jazz. Por aqueles tempos, ele também frequentou a boemia de Havana e seus cabarés. Em meados daquela década aceitou um convite para fazer parte de Los Zafiros, grupo com o qual lançou vários discos. Depois de um período de ostracismo, "Cachaíto" voltou a gravar depois de ser "redescoberto" por Ry Cooder. A família planejava cremar seu corpo.
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