A idéia dos irmãos Renato e Eduardo Pimentel de derrubar o estigma que a música instrumental sempre teve como algo elitista, voltado apenas para músicos ou excêntricos apreciadores, começou a se tornar realidade em janeiro de 1993. Na histórica cidade de Laguna, em Santa Catarina, eles gravaram cinco faixas de uma demo tape, época em que o Brasil Papaya ainda era um sonho da dupla de guitarristas.
Em fevereiro do ano seguinte, finalmente acontece a primeira apresentação ao vivo, incluindo Bruno Ghizoni na bateria e Fernando Braga no baixo. E, logo no início da carreira, o Brasil Papaya – agora radicado em Florianópolis – começa sua tradição de derrubar barreiras. Pela primeira vez em Santa Catarina, um grupo instrumental vence uma etapa de um festival de grupos cover, chegando em segundo lugar entre 25 concorrentes.
A fama do quarteto, que ousou mesclar o ortodoxo e radical heavy metal com outros estilos mais populares, como o chorinho, sempre soando rock and roll e sem parecer piegas ou arrogante, saiu do underground catarinense e chamou atenção de músicos e empresas de instrumentos musicais sediadas nos grandes centros do país. A cada novo show, mais público e o número de admiradores sempre aumentando.

Fernando sai, abrindo vaga para Adriano "Baga" Rotini, num período em que ousadia se tornava cada vez mais palavra de ordem.
Era chegada a hora do passo definitivo e, em julho de 1996, o grupo passa 40 dias em São Paulo, no estúdio Creative Sound, onde o sonhado primeiro álbum é produzido.
Seguindo as tradições dos ídolos do rock, o quarteto usa apenas o nome da banda para o trabalho. Em novembro de 1996, ainda sem ter um disco lançado, o Brasil Papaya grava seu primeiro videoclipe, para a faixa "The Heart Ends... The Dream Begins"
Mais uma barreira cai em abril de 1997, quando o Brasil Papaya faz de "Matando a Inocência" seu segundo clipe. A novidade então era o fato deste ser o primeiro do Estado rodado em película (de 16mm e de 35mm). No mesmo ano, repercute na imprensa nacional a qualidade do álbum.
Em outubro de 1999 a banda grava "Kichute", faixa de uma coletânea patrocinada pelo Departamento Artístico e Cultural da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). É a primeira vez com a formação atual, agora incluindo Alex Paulista na bateria. Os shows vão acontecendo e, além da experiência dos palcos, os integrantes do Brasil Papaya se especializam em outros setores. Renato monta o estúdio The Magic Place e começa a produzir artistas dos mais variados estilos.

O Brasil Papaya completa a primeira década no início de 2003, quando inicia os ensaios para um novo repertório. Sem pressa, as composições vão surgindo, agora com a participação ampla dos quatro integrantes. A idéia é fortalecer o status de um conjunto de músicos, se afastando da imagem de um projeto voltado para destacar dois guitarristas. Oito faixas são criadas e nelas segue a tradição de colocar lado a lado rock, blues, choro e heavy metal. O flamenco, o jazz e o funk também se somam em doses discretas, tudo temperado com muito feeling e simplicidade. Até mesmo o tango de Astor Piazzolla ganha espaço em uma versão inusitada, com gaita-ponto, bateria de dois bumbos e guitarras distorcidas convivendo pacífica e harmoniosamente. Características que o espírito do rock and roll, berço e fonte de inspiração do Brasil Papaya, oferece ao mundo há várias décadas.
[Alessandro Bonassoli, jornal A Notícia / Valhalla Metal Magazine]