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O longa-metragem Heleno, dirigido por José Henrique Fonseca, chega aos cinemas brasileiros no próximo dia 30. Todo filmado em preto e branco, o filme de 106 minutos conta a história real de Heleno de Freitas, jogador que fez fama jogando no Botafogo, estrela do futebol na década de 1940, do ponto de vista de sua personalidade. Protagonista da fita, Rodrigo Santoro aposta que Cacá Diegues escreveu uma das melhores definições sobre o roteiro: "Ele fala que o filme se concentra mais nos sentimentos que nos acontecimentos, e acho que é isso", diz Santoro.
 
No filme são apresentados alguns detalhes ilustrativos sobre a vida pública do jogador, como o sucesso entre as mulheres, as constantes aparições nos jornais e a idolatria. Mas a carreira é mera ilustração para retratar a intimidade de Heleno de Freitas. O diretor José Henrique Fonseca, que há oito anos trabalha no projeto, ao lado do produtor Rodrigo Teixeira e do próprio Rodrigo Santoro, reforça a ideia de se tratar de um filme sobre um personagem. “Já me perguntaram por que não fiz sobre Garrincha ou Pelé”, conta o cineasta. “Mas o filme não é sobre futebol. Sempre me interessei por personagens que estão no beco sem saída ou contra a parede, como o Heleno.”
 
Craque -problema
Apesar da confissão, o futebol aparece sim, diversas vezes, mas em uma única cena, gravada durante 12 dias, tentando ser fiel à forma como o jogo era retratado na época. “Só havia uma câmera embaixo e outra atrás do gol. Como fazer isso com equipamentos modernos e mostrar a realidade daqueles tempos? Por isso elegemos um jogo só, noturno e chuvoso" conta o diretor.
 
Apesar de trazer uma história focada em personagens, a produção pode agradar aos mais fanáticos pelo futebol. José Henrique Fonseca avisa que o esporte “ronda o filme”, e explica: “A gente não quis retratar o sentimento de uma partida, mas o tecido da camisa é da época, não tem número na camisa e a gente mandou fazer a bola e a chuteira, que deu bolha nos pés do Rodrigo Santoro” garante o diretor.
 
Heleno retrata um homem que foi vítima do próprio ego. Destemperado, subestimava a capacidade dos colegas de time, brigava em campo e maltratava mulheres, à exceção da mãe, mostrada no filme como aquela que só ouve – e, provavelmente, considerada por Heleno a única que o entendia. Somado a isso, o vício em éter, drogas e muito cigarro levou o jogador ao declínio profissional e pessoal. O resultado de tudo isso para o filme é uma triste história real, mas uma bela obra cinematográfica. Bem criada, montada e interpretada ao custo de R$ 8,5 milhões.
 
Tizumba
Para os mineiros, além do próprio Heleno de Freitas, nascido em São João Nepomuceno (em 12 de fevereiro de 1920), o interesse também fica por conta de Maurício Tizumba, que interpreta o enfermeiro que cuida do jogador no fim da vida. Sobre o encontro entre os dois artistas, Rodrigo Santoro foi só elogios. “Tizumba é um grande artista e um ser humano de uma dimensão que não é possível encontrar adjetivos para descrever. Nós nos conhecemos quando ele chegou para ensaiar, e fiquei fascinado. Ele foi um alimento incrível”, diz o ator.
 
Santoro conta ainda que o encontro com Tizumba foi “orgânico” e não exigiu esforços para contracenarem. “Quando a gente se viu, ele me deu um abraço, e ele tem tanto calor, tanto amor, que eu já sentia que ele era o cara que ia cuidar de mim. Eu me emocionava com ele e, na cena final, tive até de me segurar para não passar do ponto”, lembra o ator. 
 
 
GILDA
 
Além de Santoro e Tizumba, estrelam o filme a atriz Alinne Moraes (foto), interpretando Silvia, mulher de Heleno, e a colombiana Angie Cepeda, cantora do cassino e amante do jogador. Apelidado Gilda, por causa de seu forte temperamento, Heleno morreu em 8 de novembro de 1959, em um sanatório em Barbacena, em decorrência de complicações causadas pela sífilis, que o deixou louco. 
 
 

Fonte: Thaís Pacheco/Portal Divirta-se