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17 de junho de 2008 | Nº 8102

Literatura

Preparem os originais

Concurso Cruz e Sousa volta a ser realizado após seis anos de interrupção, agora no gênero romance

MáRCIO MIRANDA ALVES

Ele já foi considerado o concurso de mais alto valor da literatura brasileira. Premiou escritores como Ruy Espinheira Filho, Luís Pimentel, Osmar Pisani e Miguel Sanches Neto. Teve em seu corpo de jurados Otto Lara Resende, Antonio Houaiss, Moacyr Scliar e Carlos Heitor Cony.

Prejudicado pelas trocas de governo e as freqüentes alterações no formato, o concurso enfraqueceu e foi abandonado. Sem ser promovido desde 2002, o Cruz e Sousa deve voltar neste ano.

A Fundação Catarinense de Cultura (FCC) tem garantidos R$ 400 mil para a realização do concurso literário que em seis edições trouxe prestígio a Santa Catarina. O dinheiro deve pagar a produção e a divulgação, as despesas com os jurados (passagens, hospedagem, alimentação e cachê) e a premiação dos escritores.

Por enquanto há apenas uma certeza: será uma categoria única, romance. Detalhes sobre o corpo de jurados, número de premiados, valor da premiação e período de inscrições ainda não estão definidos.

- O regulamento deverá ser divulgado entre agosto e outubro. O julgamento e a premiação apenas em 2009 - afirma a diretora de Difusão Artística da Fundação Catarinense de Cultura, Mary Garcia.

Criado em 1980, o Concurso Cruz e Sousa foi pensado para, além de prestar uma homenagem ao grande poeta simbolista catarinense, estimular a produção literária e ser um elemento de divulgação institucional do Estado.

Recursos assegurados pelo Funcultural

A primeira edição foi organizada por uma comissão formada por representantes de três secretarias estaduais - Paulo Gouvea da Costa, do Planejamento, Jair Francisco Hamms, da Comunicação, e João Nicolau Carvalho, da FCC - e os escritores Salim Miguel e Flávio José Cardozo.

- Nossa idéia era que o concurso fosse permanente e oficial, mas os governos não persistem em investir nesse tipo de projeto - comenta Flávio José Cardozo.

A realização do Cruz e Sousa já havia sido confirmada em abril pelo secretário de Turismo, Cultura e Esporte, Gilmar Knaesel, numa entrevista em que participou a presidente da FCC, Anita Pires. Mary Garcia diz que a falta de dotação orçamentária em anos anteriores foi o principal motivo para a interrupção do concurso.

Agora, com recursos assegurados pelo Funcultural, o Cruz e Sousa não deixará de ser promovido por falta dinheiro.

Se repetir a premiação oferecida na última edição, de R$ 80 mil para o primeiro colocado, o concurso voltará a figurar entre os principais do país. Os prêmios mais altos pagam em torno de R$ 200 mil ao melhor livro.

- Eu defendo que o concurso passe a ser realizado de três em três anos, mas isso ainda está em discussão - salienta Mary, que garante que o período de inscrições será extenso para dar tempo aos escritores de prepararem os originais.

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Os premiados
Em 1980/1981
Poesia
1º - As sombras luminosas, de Ruy Espinheira Filho (Salvador/BA)
2º - A mulher, de Yone Gianetti Fonseca (São Paulo/SP)
Prêmio Especial para Autor Catarinense - As paredes do mundo, de Osmar Pisani (Florianópolis)
Em 2002
Conto
Categoria Nacional
1º - Hóspede secreto, de Miguel Sanches Neto (Curitiba/PR)
2º - Grande homem mais ou menos, de Luís Pimentel (Rio de Janeiro/RJ)
3º - Pedacinho do céu, de Jerônimo Teixeira (Porto Alegre/RS)
Categoria Catarinense
1º - As vísceras e o coração (Histórias de homens e de bichos), de Jaime Ambrósio (Florianópolis)
2º - Fabulário dos ilustres desconhecidos, de Fábio Brüggemann (Florianópolis)
3º - Olá & outras mentiras, de Marco Antonio Arantes (Florianópolis)
Outros concursos
Prêmio Portugal Telecom
Criado em 2003 pela Portugal Telecom, estende-se a todos os livros escritos em língua portuguesa editados no Brasil. O prêmio é conferido aos três melhores livros nas categorias romance, conto, poesia, crônica, dramaturgia, biografia ou autobiografia. O primeiro lugar recebe R$ 100 mil.
Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura
Organizado pela Jornada Nacional de Literatura (projeto da Universidade de Passo Fundo e da prefeitura de Passo Fundo), premiou na última edição o escritor moçambicano Mia Couto com R$ 100 mil pelo romance O outro pé da sereia.
Prêmio Jabuti
Promovido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), é o mais antigo (está na 50º edição) e tradicional de todos. Distribui R$ 120 em prêmios aos melhores trabalhos de 20 categorias. O prêmio principal, para o Livro do Ano, é de R$ 30 mil.
Prêmio Casa das Américas
Voltado a autores brasileiros ou naturalizados com livros publicados em português nos gêneros de ficção - romance, conto e poesia. O prêmio ao primeiro lugar é de US$ 3 mil.
O Prêmio São Paulo de Literatura
Recém-lançado, vai pagar R$ 200 mil para o melhor livro de ficção do ano, mais R$ 200 mil para o melhor livro estreante, também de ficção. é promovido pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.
Prêmio Leya
Também criado há pouco, é realizado pelo grupo editorial português de mesmo nome (das editoras Caminho, Dom Quixote, Texto Editores e ASA). O prêmio será de US$ 100 mil para o melhor romance inédito escrito em português.
Prêmio Afrânio Coutinho
A segunda edição do prêmio promovido pela Academia Brasileira de Letras e Petrobras tem como tema neste ano Machado de Assis: o crítico literário. Os três melhores trabalhos receberão, respectivamente, R$ 10 mil, R$ 6 mil e R$ 3 mil. Inscrições de abril a setembro.
Concurso Literário Mario Quintana
São três as categorias previstas: conto, crônica e poesia. Os textos premiados nos três primeiros lugares em cada categoria serão publicados em antologia, que será lançada na Feira do Livro de Porto Alegre. Não há premiação em dinheiro. O regulamento está disponível no sítio www.sintrajufe.org.br.
Prêmio Sesc de Literatura
Destinado a brasileiros ou estrangeiros residentes no país, nas categorias conto e romance. A premiação consiste na edição, lançamento e distribuição da obra pela editora Record. As inscrições para a edição de 2008 vão até 15 de agosto.
diario.com.br
- Veja a relação de todos os premiados

Seis edições em três décadas

A idéia da equipe que trabalhou na criação do Concurso Cruz e Sousa era promovê-lo a cada dois anos, alternando a premiação nos gêneros conto, romance e poesia em duas categorias (catarinense e nacional).

Foram realizadas duas edições, em 1980/1981 (poesia) e 1982/1983 (romance), cujo valor do prêmio atraiu concorrentes de todo o país e alçou o concurso a um dos mais importantes do Brasil. Depois disso, seguiu-se uma paralisação de 12 anos. De volta em 1995, o evento foi aberto aos três gêneros. O concurso também aconteceu em 1996 e 1997/1998.

A última edição, em 2002, foi dedicada ao conto, com premiação de seis escritores - três em cada categoria - e R$ 80 mil para o primeiro colocado. O júri foi composto por Carlos Heitor Cony, Flora Süssekind, ítalo Moriconi, Luiz Vilela e Moacyr Scliar. O escritor Jaime Ambrósio, que já havia vencido em 1997/1998 com Por um punhado de contos - Histórias do bem, histórias do mal, ficou em primeiro na categoria catarinense com As Vísceras e o Coração (Histórias de Homens e de Bichos).