A Fundação Catarinense de Cultura (FCC) abre nesta quinta-feira, dia 10, no Museu Histórico de Santa Catarina - Palácio Cruz e Sousa, no centro de Florianópolis, a exposição "Espaços Reversíveis". O projeto, elaborado pelos artistas Rubens Mano, Tatiana Ferraz (ambos de São Paulo) e Ana Holck (do Rio de Janeiro), integra, com o apoio da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), o Conexão Artes Visuais, fruto de parceria entre Petrobras, Ministério da Cultura (MinC) e Funarte, que busca difundir e fomentar a reflexão e a produção artística em todos os estados brasileiros, através da circulação e intercâmbio de artistas, críticos, professores, curadores, pesquisadores e profissionais que atuam no campo das artes visuais.
Rubens, Tatiana e Ana têm como uma das disciplinas centrais de sua formação a arquitetura. Segundo a curadora da exposição, a carioca Daniela Labra, em suas pesquisas os três artistas localizam, no cotidiano, estruturas espaciais e sociais que criam no universo urbano nichos onde se concentram inúmeros códigos da convivência humana. "Para esta exposição, lhes foi sugerido que criassem obras que dialogassem com a própria estrutura e logística de funcionamento do Palácio Cruz e Sousa, edifício que não apenas abriga salas expositivas e administrativas, mas que também tem uma função social para a cidade, acolhendo no andar térreo eventos diversos de natureza recreativo-cultural", afirma Daniela.
A curadora lembra que o Palácio carrega uma parte importante da memória local, e que sua estrutura desafia quem lida com arte e arquitetura contemporâneas, impondo assim os cuidados de manuseio que o patrimônio requer - fato comum em outras instituições históricas brasileiras com espaços para exposições temporárias.
As obras apresentadas em "Espaços Reversíveis" são fruto do processo de conhecimento do grupo sobre as condições normativas e físicas do lugar, colocadas a quem vem ocupar seus salões com projetos artísticos. Assim, ao entrar pela sala central, o visitante se depara com a instalação MDC (Múltiplo Denominador Comum), projetada por Rubens Mano e Tatiana Ferraz. Trata-se de um rearranjo formal e arquitetônico flexível elaborado com o mobiliário da instituição utilizado para eventos sociais extra-expositivos, que normalmente é estocado na sala principal e sala-auditório. Uma vez utilizados como estoque, estes espaços têm seu uso artístico de certo modo inviabilizado, e portanto MDC se apresenta como uma instalação-ambiente reversível, que consegue articular todas as salas do andar térreo exclusivamente a favor da função expositiva.
Na parte referente aos trabalhos individuais, Rubens Mano ocupa a sala-auditório esvaziando-a do mobiliário que forma MDC (à exceção do piano que pertence ao salão central), e preenche de luz uma caixa de escada situada nos jardins, criando um circuito que percorre interior e exterior do edifico e se comunica com a rua. Tatiana Ferraz, ocupando uma outra sala térrea, duplica e propõe uma releitura de padrões decorativos existentes nas paredes e no piso do 2º andar, o do acervo histórico que não pode ser mexido. Já Ana Holck, inicialmente inspirada pela estrutura da ponte Hercílio Luz, lança um olhar sobre o processo de aprisionamento da paisagem pelo concreto armado em backlights criados a partir de fotos de seu arquivo pessoal.
"Talvez toda e qualquer exposição de arte seja um espaço reversível, uma zona (não autônoma) temporária. Entretanto, esta mostra vai um pouco além, sendo erguida a partir do reconhecimento e compreensão das demandas da instituição, sendo uma investigação poética que nasceu aqui, aqui se desenvolveu e somente aqui terá sentido pleno", escreve a curadora.
O QUê: Abertura da exposição "Espaços Reversíveis"
QUANDO: quinta-feira, dia 10, às 19h. às 19h30 haverá apresentação da peça composta por Diogo de Haro para piano. Visitação até 11 de maio, terça a sexta, das 10h às 18h, sábados e domingos, das 10h às 16h.
ONDE: Museu Histórico de Santa Catarina - Palácio Cruz e Sousa, Praça 15 de Novembro, 227, Centro, Florianópolis, fone: (48) 3028-8090.
QUANTO: gratuito