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O Prêmio Cinemateca Catarinense, promovido pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC), está viabilizando a realização do primeiro documentário sobre a trajetória do artista joinvilense Luiz Henrique Schwanke (1951-1992), dono de uma produção desenvolvida entre os anos 1970 e 90 que lhe assegurou o nome na história da arte brasileira. Maurício Venturi e Ivaldo Brasil, diretores do videodocumentário "à Luz de Schwanke", um dos vencedores do Prêmio Cinemateca em 2007, iniciaram o projeto em janeiro deste ano. Em fevereiro gravaram 14 entrevistas, totalizando dez horas de depoimentos concedidos em Joinville, Curitiba e São Paulo.

Em 2007 foram contemplados 13 projetos pelo Prêmio Cinemateca Catarinense/FCC, totalizando um valor de R$ 1,6 milhão. Além do prêmio principal para o longa-metragem "Querido Pai", de Everson Faganello, o edital contemplou ainda três projetos de curtas de R$ 100 mil cada um, dois documentários de R$ 100 mil, três vídeos de R$ 40 mil, dois projetos de desenvolvimento de roteiro de longa-metragem de R$ 15 mil, e dois projetos de roteiro de curta de R$ 5 mil.

"à Luz de Schwanke", com duração de aproximadamente 25 minutos, terá como fio condutor os pensamentos do artista, documentados em textos. Pretende revelar um pouco de sua erudição. A intenção dos realizadores é investigar a luz, quase uma obsessão nesta trajetória artística, e mostrar que nada foi colocado por acaso na obra na qual a metamorfose é intencional, é pensada, fruto de conceito elaborado com requinte.

A luz, o claro-escuro, como dizia Schwanke fazendo referência especialmente às telas de Caravaggio (1571-1610) e Guido Reni (1575-1642), aparece a partir dos anos 1970 em desenhos e, mais tarde, em pinturas. Na década de 90, ele incorporou o uso da energia elétrica em instalações complexas e misteriosas. Deslumbrado com o Renascimento, sobretudo o período do barroco, a questão do claro-escuro permeia toda a sua poética, do brilho intenso e difuso da pós-modernidade passando pela pop arte e a arte conceitual.

A realização do documentário motivou a montagem, pela terceira vez, da obra "Cobra coral", projeto criado em 1989. Sob a supervisão da curadora Nadja Lamas, presidente do Instituto Schwanke, Juarez Schroeder instalou a obra no jardim de sua casa, em Joinville, tarefa filmada enquanto ele comentava sua relação com o cunhado artista. Já no Anexo 1 do Museu de Arte de Joinville (MAJ), também para atender os documentaristas, ocorreu a exposição "Luz na Obra de Schwanke", que permanece aberta até o dia 15 de março.

Entre os entrevistados, estão Maria Schneider Schwanke, a mãe que, pela primeira vez, fala publicamente sobre o filho; a irmã, Maria Regina Schwanke Schroeder, que mantém o acervo; o fotógrafo Paulo de Araújo, que trabalhou com Schwanke e veio de Brasília para participar das gravações em Joinville. Já em Curitiba, foram ouvidos os críticos de arte Nilza Procopiak, João Henrique do Amaral e o diretor do Museu de Arte Contemporânea (MAC/PR), Alfi Vivern. Em São Paulo, a equipe foi atendida pelos críticos Agnaldo Farias e Fábio Magalhães.

O artista

Luiz Henrique Schwanke, artista joinvilense, formou-se em comunicação social pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Como autodidata inscreveu seu nome na arte brasileira. Representou Santa Catarina na Bienal Internacional de São Paulo em 1991, na mostra Bienal Brasil Século XX, em 1994, e está no livro "Bienal 50 anos - 1951-2001".

Em 2007, integrou duas exposições, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, um projeto com a pretensão de rever a história do Brasil no campo das artes visuais. A primeira, "80/90 Modernos e Pós-modernos ETC", o terceiro módulo de programa de quatro exposições destinadas a marcar aspectos decisivos da produção artística nacional das últimas cinco décadas, teve curadoria de Agnaldo Farias. Schwanke participou com duas obras de 1989, sem título, uma escultura de quatro colunas de baldes vermelhos e amarelos e uma mandala, de cor azul, criada com diâmetro de 1,60m, com mangueiras plásticas e madeira.

Já a mostra "Arte em Questão - Anos 70", com curadoria de Glória Ferreira, refletiu sobre a década de 1970, reunindo cerca de cem artistas de diferentes regiões brasileiras. No total, 200 trabalhos produzidos num momento de intensa experimentação no campo das artes visuais. Schwanke entrou com duas obras criadas no fim dos anos 70, quando ele apostava na ironia com desenhos, uso de letra set e decalcos.