O Governo do Estado de Santa Catarina, através da Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte,
Fundação Catarinense de Cultura e Museu Histórico de Santa Catarina
convida para o coquetel de abertura da exposição
PRESENçAS: o ato de pintar
Curadoria de Rubens Oestrom
Artistas: Anelise Junqueira Bertoncini
Dolma Magnani de Oliveira
Elvira dos Santos Sponholz
Jussara Isabel Romero
Katia áurea da Costa
Ligia Czesnat
Mariza do Amaral
Marivone Dias
Sandra Cavallazzi
Verceles Amâncio
Dia 05 de março de 2009
19 horas
Museu Histórico de Santa Catarina
Palácio Cruz e Sousa
Visitação: 06 de março a 05 de abril
Terça a Sexta das 10h às 18h
Sábado e Domingo das 10h às 16h
Presenças: o ato de pintar
Neste grupo de pesquisa artística, prevalecem elementos do neo-expressionismo dos anos 80. O esforço concentrou-se mais na transformação do suporte, técnicas com decalque plástico, sobreposição de gestos. A pintura preta e branca talvez tenha se originado nos exercícios de desenho a carvão.
A pintura de camadas nos leva a um processo meditativo, onde os tons que se fundem nos fazem refletir sobre o enigma da pintura orgânica, seja ela figurativa ou não.
Grande formato ou pequeno formato, qual é a diferença? Na tela grande você se envolve de corpo inteiro, no formato menor, você usa praticamente a mão. Isso nos leva a pensar o quanto pode ser complexo o contexto da pintura.
Dividir conhecimento requer muita habilidade. Não só o estabelecido nos abre caminho à obra de arte, é necessário transcender a arte consumada. Esta pintura não deseja mais discutir sua vanguarda, pois seu ímpeto está no auto-conhecimento, no espaço-tempo, na subjetividade e no prazer de quem está o pincel na mão.
Rubens Oestroem
PRESENçAS
* Ligia Czesnat
Linhas e cores se misturam numa profusão de configurações e nesta diversidade se evidência uma unidade insustentável, entre caligrafias, diagramas, cujo esforço, parece assegurar um processo coletivo de superação, para não se tornarem mais um código facilmente e decifrável.
O artista é esse personagem estranho que coloca para si a tarefa de atravessar o abismo, para então no caos, instaurar um nascimento, pois o ato de pintar é fazer nascerem mundos e seu efeito é fazer surgir presenças.
Este é um grupo de artistas, que vem trabalhando incessantemente em seus projetos artísticos pessoais, e que juntos se articulam na diversidade, anos seguidos. Cada um possui sua senha, ou seja, um fluxo do sensível, que informa as diferentes maneiras de ver a forma, o fundo, o espaço, a cor e a luz, na qual se introduzem múltiplas modulações. Assim, buscando encontrar uma convergência para forças tão dispares, o jogo que surge faz perceber que sua vantagem está justamente no constante desfazer-se, no desequilíbrio, para então, refazer-se, permitindo captar-se o regime da cor como o ponto pictural comum.
Com advento do uso exclusivo da cor como recurso de preenchimento do espaço, inaugura-se a emergência do olhar da pintura exclusivamente sobre a superfície da tela. Essa decisão implicou no deslumbramento e no desvio da cor, que está serviço agora da abertura de um espaço de outra natureza, isto é, o espaço em que a cor modula a luz.
São faturas que procuram preencher o vazio da tela branca, desenhos rabiscam fantasmas, paisagens, retratos, e dividem a tarefa comum de transformar em forma a tela informe, recolocando o eterno jogo de solucionar questões irresolutas da arte. As habilidades destas artistas não se resumem apenas na obra como cintilações do sonho, mais como também remetem pensar nos sentidos e nas inquietações de cada uma e das particularidades de técnicas que se evidenciam no manuseio ora da cor, ora da forma, presentes muita vezes, nas repetidas e delicadas veladuras de Marivone Dias; do eterno jogo sutil entre cores pálidas e luz de Jussara Romero; na lucidez plástica no uso e na depuração das cores saturadas e contrastantes de Sandra Cavallazzi; no esforço continuado de fazer da paisagem arborescente uma experiência de cores e de novos materiais de Dólma de Oliveira; o esforço de desfazer a semelhança para fazer surgir a imagem figural de Kátia Costa; da energia de iniciante atenta e caprichosa de Annaluise Junqueira Bertoncini; Euvira Santos Sponholz com o jogo táctil de cores matéricas; Mariza do Amaral revisita um gênero pictórico esquecido o auto-retrato, buscando a estranheza no processo de identificação; Vercelles Amancio cujo processo criativo trouxe tensões inovadoras ao grupo; e eu Ligia Czesnat a pretexto de fazer dos retratos presenças e não representações, acrescento a preocupação de trabalhar em branco e preto, no qual procuro pensar as questões relativas à grisalha.
* Professora Aposentada do Departamento de História da Universidade Federal de santa Catarina.