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A imagem de Nossa Senhora das Dores, restaurada pelo Ateliê de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Atecor), da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), e entregue novamente à comunidade da Igreja de São Joaquim, de Garopaba, em agosto de 2019, é tema de análises que resultaram em artigo publicado recentemente no International Journal of Conservation Science. O texto, que pode ser lido aqui, é fruto de pesquisa realizada pelos técnicos Thiago Guimarães Costa, do Atecor, e Fábio Richter, da Diretoria de Patrimônio, em parceria com os departamentos de Química da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade Federal do Paraná (UFPR).

As análises que deram origem ao artigo foram importantes para confirmação dos materiais que são característicos da possível datação da obra, final do século XVIII. Os resultados servem para fins de autenticação e orientação para futuras restaurações da imagem.

Uma patologia interessante foi a identificação de vestígios de óleos presentes na pele humana, o que nunca tinha sido identificado em análises do laboratório em outras obras. Como é uma imagem de adoração, esse óleo da mão dos fiéis pode ter sido acumulado na estrutura da pintura ao longo dos anos. As análises foram realizadas em fragmentos antes do processo de restauro, portanto durante a limpeza estes vestígios foram retirados.

Sobre a obra

A imagem de Nossa Senhora das Dores da Igreja de São Joaquim, de Garopaba, voltou para casa em agosto de 2019, depois de mais de seis anos passando por restauração no Ateliê de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Atecor), da Fundação Catarinense de Cultura (FCC). Considerada patrimônio móvel e inventariada em 1998 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a peça integra o acervo sacro da Igreja.

A escultura em madeira dourada policromada com quase um metro de altura chegou ao Atecor em março de 2013, em avançado estado de degradação, com sujidades e manchas, além do desprendimento da camada de tinta (camada pictórica). A partir da análise da situação da peça, que incluiu um exame de radiografia, os técnicos do Ateliê realizaram a fixação da camada pictórica para frear a perda do material, e procederam a reintegração da tinta em alguns pontos. Essa etapa foi finalizada em 2018, restando, ainda, a restauração do resplendor em prata, que estava quebrado, e foi finalizado somente em 2019.

A imagem de Nossa Senhora das Dores faz parte do acervo sacro da Igreja de São Joaquim, bem tombado pelo Estado, e foi produzida por um santeiro baiano. De acordo com o livro São Joaquim de Garopaba: recordações da freguesia - 1830-1980, de José Artulino Besen, ela foi comprada pela paróquia em 1876. Resquícios de uma etiqueta encontrada na base da imagem indicam que ela foi provavelmente adquirida na loja A Minerva, localizada no Rio de Janeiro, que vendia artigos para igrejas, entre outras peças variadas no fim do século XIX.