FCC  Facebook Twitter Youtube instagram fcc

Marca GOV 110px

Em comemoração aos 65 anos de sua inauguração o Museu Victor Meirelles abre duas exposições no próximo dia 16 de novembro, quinta-feira, às 18 horas. A primeira é Acervo MVM em Perspectiva, que faz um histórico da composição do acervo do próprio museu. A segunda propõe uma reflexão acerca das relações sociais e políticas da arte, através da montagem do Módulo 3 – A Dimensão Política, dentro do ciclo Victor em 4D, mostra de longa duração que se iniciou em maio último.
 
O acervo do Museu Victor Meirelles é formado por duas coleções, sendo uma composta por obras do próprio artista, a Coleção Victor Meirelles, e a outra intitulada Coleção XX e XXI que é constituída por obras de artistas contemporâneos, de variadas técnicas como pinturas, desenhos, gravuras, fotografias, objetos, vídeo-arte e outros suportes.
 
As obras selecionadas para a exposição Acervo MVM em Perspectiva representam a multiplicidade da linguagem das artes visuais, colocando lado a lado obras de um dos maiores artistas brasileiros do século XIX, o pintor Victor Meirelles, e trabalhos de 36 artistas contemporâneos.
 
A Dimensão Política de Victor Meirelles
 
Neste terceiro módulo do Projeto Victor em 4D ganha corpo a reflexão em torno da função social, cultural e política da arte, bem como a sua capacidade de representação, buscando sempre a disposição para dialogar com o público e a comunidade.
 
Victor Meirelles reuniu ao longo de sua vida um grande repertório artístico, desenvolvido durante seus estudos, no Brasil e no exterior, e sua vida profissional. Victor foi um dedicado aluno na Academia Imperial de Belas Artes e, mais tarde, um rigoroso professor, não menos dedicado, no Liceu de Artes e Ofícios. Além disso, se destacou por ser um habilidoso pintor de paisagens, panoramas e retratos.
 
Mas foi com suas pinturas históricas que Victor alcançou renome, guiado pelo compromisso do Império brasileiro em construir uma identidade nacional. Suas obras de arte contam histórias, engendram discursos, negociam estética e politicamente com as relações socioculturais da segunda metade do século XIX no Brasil.
 
Uma obra de arte é sempre propositiva, muitas vezes agrada, é aprazível ou bela, mas não é incomum que procure causar sentimentos mais profundos e diversos no espectador, como a compaixão, o horror, a melancolia, a dúvida, o nojo e a liberdade. Nossa expressão artística é múltipla, dissonante, ora segue padrões e normas reguladas, ora distorce a tradição e o cânone, desarticulando conceitos e derrubando fronteiras.
 
A AIBA e o Cânone Academicista
 
O ensino na Academia Imperial de Belas Artes - AIBA fundamentava-se em uma tradição francesa neoclássica, que valorizava o desenho figurativo, a perspectiva, o equilíbrio de formas, cores e luz. Ao longo do século XIX, o academismo da AIBA absorve movimentos românticos, realistas e impressionistas, num jogo contínuo de tensão e negociação estético-política entre mestres, alunos, críticos, sociedade e Estado.
 
Os ideais acadêmicos eram repassados ao público pelas Exposições Gerais, organizadas pela Academia, onde pintores educados por seus mestres sobre o fazer artístico exibiam suas obras de arte. O público agora passa a ser educado sobre arte e sobre história nacional pelo pintor e suas obras. Conceitos de arte mesclavam-se a conceitos sociais, de educação e do pensamento político do período. Normas acadêmicas eram reproduzidas nos salões de arte estruturando os discursos estéticos que, vez por outra, provocava o debate artístico sobre o que era considerado arte ou não era.
 
Arte e Identidade Nacional
 
A arte desempenha um papel de destaque no debate político no século XIX. Uma história exemplar brasileira passa a ser construída por imagens que representavam fatos históricos significativos à nação, como a Batalha dos Guararapes (1648-1649), a Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870) e a Primeira Missa no Brasil (1500).
 
Uma história escrita e pintada como alicerce do Império brasileiro de D. Pedro II. Uma nação monárquica, construída por heróis e pela união mítica do povo brasileiro (índio, negro e branco) contra a invasão holandesa. Um país unificado por um passado de vitórias militares, glorioso e imponente no contexto sul-americano. Uma terra cristã, com batismo celebrado em meio a uma natureza idealizada no em se plantando, tudo dá...
 
As pinturas históricas selecionavam experiências humanas e as transformavam em memórias visuais, paisagens de uma história sendo fundada pela interferência do Estado com o interesse de orientar quais identidades deveriam ser socialmente compartilhadas. Uma arte nacional civilizatória. Didaticamente cívica.
 
Portanto, a proposta da exposição Victor em 4D, a Dimensão Política, é convidar todos os visitantes a, justamente, perceber a arte em sua dimensão política. Que todos os visitantes se sintam instados a fazer perguntas, a arriscar respostas, a fundamentar suas ideias e suas reflexões, a respeitar e dialogar com percepções diferentes da sua. Que cada um possa buscar um pensamento mais crítico e aprofundado sobre a arte e a sua relação com a vida em sociedade. Afinal, a quem interessa a despolitização da arte?
 
O Projeto
 
O Projeto Victor em 4D é uma exposição de média duração sobre a vida e a produção artística de Victor Meirelles, dividida em quatro diferentes dimensões: estética, histórica, política e simbólica. O objetivo principal é sugerir possíveis leituras sobre o acervo do artista preservado pelo Museu Victor Meirelles, buscando identificar as características estéticas de suas obras de arte, as diferentes fases de Victor como aluno, professor e artista, o ambiente em que sua produção estava inscrita na segunda metade do século XIX e o legado deixado pelo pintor como patrimônio artístico nacional.
 
O primeiro módulo, a Dimensão Estética, foi aberto à visitação no dia 17 de maio e apresentou algumas características da arte de Victor Meirelles, tais como o estudo permanente como processo de criação artística e a análise estética das suas obras. O Módulo 2 - a Dimensão Histórica, aberto em 18 de agosto, teve como enfoque a infância de Victor, o aprendizado do Victor aluno, o professor da Escola de Bela Artes, o artista detalhista e o elogiado pintor de panoramas. Nesta abordagem a reflexão estava justamente nas histórias de suas pinturas históricas. As histórias que contam as pinturas históricas de Victor Meirelles.
 
As duas exposições, Acervo MVM em Perspectiva e Victor em 4D - A Dimensão Política, ficam em cartaz até o dia 9 de fevereiro de 2018. O Museu Victor Meirelles está funcionando em sua sede provisória, na Rua Rafael Bandeira, nº 41 - Centro, em Florianópolis. A entrada é gratuita.
 
 
 
Acervo MVM em Perspectiva – Exposição
Victor em 4D - A Dimensão Política – Exposição
Aberturas: dia 16 de novembro de 2017, às 18 horas
Museu Victor Meirelles
Rua Rafael Bandeira, 41 – Centro – Florianópolis/SC
Tel.: 48  3222-0692
Gratuito

Fonte: Assessoria de Comunicação FCC