Responsável pelo Laboratório de Iluminação do Departamento de Artes Cênicas do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Valmir Perez realiza nos dias 7 e 8 de julho, segunda e terça-feira, às 19 horas, no Teatro álvaro de Carvalho (TAC), no Centro de Florianópolis, a palestra: "O Conceito de Iluminar".
O evento integra o Projeto de Capacitação de Técnicos em Espetáculos, promovido pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC), e que tem por objetivo desenvolver um programa de profissionalização nas áreas de iluminação, sonoplastia e cenotécnica. Na palestra, serão colocados em discussão os temas "Técnicas de Pesquisa, Criação e Execução de Projetos de Iluminação", "Poéticas da Luz no Espetáculo", e "Conhecimento do design de Iluminação".
Valmir Perez é graduado em Educação Artística com bacharelado em Artes Plásticas e Licenciatura em Artes pela Unicamp, e possui mestrado em Multimeios pelo Instituto de Artes da Unicamp. Possui experiência de mais de 20 anos em projetos de iluminação, designer e artes, atuando principalmente nas seguintes áreas: Projetos de iluminação cênica, iluminação arquitetural de interiores e exteriores, projetos de estruturas cênicas, computação gráfica, desenvolvimento de software na área de iluminação, ensaio e pesquisa em design de iluminação e artes plásticas.
O QUê: Palestra "O Conceito de Iluminar", com Valmir Perez
QUANDO: 7 e 8 de julho, segunda e terça-feira, às 19 horas
ONDE: Teatro álvaro de Carvalho (TAC), no Centro de Florianópolis, fone: (48) 3028-8070
QUANTO: gratuito
O valor de captação de recursos por meio da Lei Rouanet nos três primeiros meses de 2009 indica forte retração do mecanismo, muito possivelmente em decorrência da crise econômica. Segundo planilha do Ministério da Cultura, foram captados até março R$ 83 milhões, o equivalente à média de apenas um mês do ano anterior.
Solenidade acontecerá no dia 27 de maio, terça-feira, às 18h30, no Masc
A Confraria dos Bibliófilos do Brasil, associação nacional com sede em Brasília e que tem entre seus associados bibliófilos como José Mindlin, escolheu para sua publicação especial de final de ano uma seleção de contos de Harry Laus. A edição limitada de arte, totalmente em tipografia artesanal, com papel especial e encadernação manual, foi distribuída apenas entre os associados da Confraria e teve ilustrações produzidas para o livro pelo artista plástico catarinense Jayro Schmidt, professor das Oficinas de Arte da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), especialmente convidado para o trabalho.
A Família Laus, como forma de tornar mais acessível a obra, resolveu doar alguns de seus poucos exemplares para bibliotecas públicas de SC. Foram escolhidas, por conta de sua representatividade e ligações com o escritor, a Biblioteca da UFSC - Universidade Federal de SC, que preserva o acervo de Harry Laus no Núcleo de Literatura e Memória do Depto. de Língua e Literatura Vernáculas do Centro de Comunicação e Expressão da UFSC, trabalho iniciado pela professora Zahidé Lupinacci Muzart (e que estará presente no evento); a Biblioteca do Museu de Arte de Santa Catarina, onde Laus foi diretor por vários anos; e a Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina, por sua grande visitação pública.
A solenidade acontecerá na Sala Harry Laus do Masc, no Centro Integrado de Cultura (CIC), em Florianópolis, com a presença de seu diretor João Evangelista de Andrade Filho, no dia 27 de maio (mesmo dia e mês em que faleceu Harry Laus) a partir de 18h30, com a presença de todas as diretoras das bibliotecas: Narcisa de Fátima Amboni, da Biblioteca da UFSC, élia Mara Magalhães Brites, da Biblioteca Pública do Estado, e Heloísa Helena Caminha Bradacz, da Biblioteca do Masc.
Estarão presentes ainda a presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), Anita Pires, bem como farão uso da palavra a professora Luisa Cristina dos Santos Fontes, da Universidade de Ponta Grossa e editora da revista da UEPG, cuja dissertação de mestrado em Letras-Linguística, em 1997, foi sobre a obra de Harry Laus; a professora Taiza Mara Rauen Moraes, da Universidade de Joinville e diretora do Proler, cuja tese de doutorado em 2002, foi sobre os Diários de Laus (transformada em livro pela Editora Letradágua de Joinville); e o presidente da Academia Catarinense de Letras, Lauro Junkes, amigo de Laus e autor de vários textos e artigos sobre ele.
A Família Laus estará representada pelo professor Cesar Laus Simas, da Universidade do Vale do Itajaí, pelo professor Ricardo Laus Simas, do Colégio Atlântico de Itapema, a professora Marilena Laus Bayer e Roberto Laus, economista e empresário da comunicação em Florianópolis, que serão responsáveis pela entrega dos exemplares do livro da Confraria.
Também estarão presentes prestigiando a cerimônia outras pesquisadoras que se debruçaram sobre a obra de Harry Laus produzindo trabalhos acadêmicos. São elas Maria Aparecida Borges Vieira (dissertação de mestrado em 2007), Maria Albertina Freitas de Melo (dissertação de mestrado em 2001), Maristela Della Rocca Medeiros (dissertação de mestrado em 1998). Todos os trabalhos tiveram como orientadora a professora Zahidé Lupinacci Muzart da UFSC, grande responsável pela preservação e divulgação da obra de Harry Laus e que também se fará presente.
Entre os amigos de Laus já confirmaram presença Teresa Collares, ex-diretora do Masc após sua saída em 1992, e Vinícius Alves da Editora Bernúncia, que publicou em livro algumas das obras de Laus.
As ilustrações originais de Jayro Schmidt feitas para o livro estarão expostas no Masc, cedidas para a data numa deferência especial da Confraria dos Bibliófilos do Brasil, cortesia de seu presidente José Salles Netto.
A Família Laus também está produzindo e já colocou online um Blog/Memorial de Harry Laus na Internet com material do seu acervo, aberto a visitas, mensagens, comentários e depoimentos no endereco: http://harrylausvivo.blogspot.com
"Dinheiro eu não tenho, mas estou aqui com uma caixa cheia de livros. Quer um?" Repeti essa oferta a pedintes, artistas circenses e vendedores ambulantes, pessoas de todas as idades que fazem dos congestionamentos da cidade de São Paulo o cenário de seu ganha-pão. A ideia surgiu de uma combinação com os colegas de NOVA ESCOLA: em vez de dinheiro, eu ofereceria um livro a quem me abordasse - e conferiria as reações.
Para começar, acomodei 45 obras variadas - do clássico Auto da Barca do Inferno, escrito por Gil Vicente, ao infantil divertidíssimo Divina Albertina, da contemporânea Christine Davenier - em uma caixa de papelão no banco do carona de meu Palio preto. Tudo pronto, hora de rodar. Em 13 oferecimentos, nenhuma recusa. E houve gente que pediu mais.
Nas ruas, tem de tudo. Diferentemente do que se pode pensar, a maioria dessas pessoas tem, sim, alguma formação escolar. Uma pesquisa do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, realizada só com moradores de rua e divulgada em 2008, revelou que apenas 15% nunca estudaram. Como 74% afirmam ter sido alfabetizados, não é exagero dizer que as vias públicas são um terreno fértil para a leitura. Notei até certa familiaridade com o tema. No primeiro dia, num cruzamento do Itaim, um bairro nobre, encontrei Vitor*, 20 anos, vendedor de balas. Assim que comecei a falar, ele projetou a cabeça para dentro do veículo e examinou o acervo:
- Tem aí algum do Sidney Sheldon? Era o que eu mais curtia quando estava na cadeia. Foi lá que aprendi a ler.
Na ausência do célebre novelista americano, o critério de seleção se tornou mais simples. Vitor pegou o exemplar mais grosso da caixa e aproveitou para escolher outro - "Esse do castelo, que deve ser de mistério" - para presentear a mulher que o esperava na calçada.
Aos poucos, fui percebendo que o público mais crítico era formado por jovens, como Micaela*, 15 anos. Ela é parte do contingente de 2 mil ambulantes que batem ponto nos semáforos da cidade, de acordo com números da prefeitura de São Paulo. Num domingo, enfrentava com paçocas a 1 real uma concorrência que apinhava todos os cruzamentos da avenida Tiradentes, no centro. Fiz a pergunta de sempre. E ela respondeu:
- Hum, depende do livro. Tem algum de literatura?, provocou, antes de se decidir por Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.
As crianças faziam festa (um dado vergonhoso: segundo a Prefeitura, ainda existem 1,8 mil delas nas ruas de São Paulo). Por estarem sempre acompanhadas, minha coleção diminuía a cada um desses encontros do acaso. érico*, 9 anos, chegou com ar desconfiado pelo lado do passageiro:
- Sabe ler?, perguntei.
- Não..., disse ele, enquanto olhava a caixa. Mas, já prevendo o que poderia ganhar, reformulou a resposta:
- Sim. Sei, sim.
- Em que ano você está?
- Na 4ª B. Tio, você pode dar um para mim e outros para meus amigos?, indagou, apontando para um menino e uma menina, que já se aproximavam.
Mas o problema, como canta Paulinho da Viola, é que o sinal ia abrir. O motorista do carro da frente, indiferente à corrida desenfreada do trio, arrancou pela avenida Brasil, levando embora a mercadoria pendurada no retrovisor.
Se no momento das entregas que eu realizava se misturavam humor, drama, aventura e certo suspense, observar a reação das pessoas depois de presenteadas era como reler um livro que fica mais saboroso a cada leitura. Esquina após esquina, o enredo se repetia: enquanto eu esperava o sinal abrir, adultos e crianças, sentados no meio-fio, folheavam páginas. Pareciam se esquecer dos produtos, dos malabares, do dinheiro...
- Ganhar um livro é sempre bem-vindo. A literatura é maravilhosa, explicou, com sensibilidade, um vendedor de raquetes que dão choques em insetos.
Quase chegando ao fim da jornada literária, conheci Maria*. Carregava a pequena Vitória*, 1 ano recém-completado, e cobiçava alguns trocados num canteiro da Zona Norte da cidade. Ganhou um livro infantil e agradeceu. Avancei dois quarteirões e fiz o retorno. Então, a vi novamente. Ela lia para a menininha no colo. Espremi os olhos para tentar ver seu semblante pelo retrovisor. Acho que sorria.
* os nomes foram trocados para preservar os personagens.
Foto: Rogério Albuquerque
A Fundação Catarinense de Cultura (FCC) abre nesta quinta-feira, dia 10, no Museu Histórico de Santa Catarina - Palácio Cruz e Sousa, no centro de Florianópolis, a exposição "Espaços Reversíveis". O projeto, elaborado pelos artistas Rubens Mano, Tatiana Ferraz (ambos de São Paulo) e Ana Holck (do Rio de Janeiro), integra, com o apoio da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), o Conexão Artes Visuais, fruto de parceria entre Petrobras, Ministério da Cultura (MinC) e Funarte, que busca difundir e fomentar a reflexão e a produção artística em todos os estados brasileiros, através da circulação e intercâmbio de artistas, críticos, professores, curadores, pesquisadores e profissionais que atuam no campo das artes visuais.
Rubens, Tatiana e Ana têm como uma das disciplinas centrais de sua formação a arquitetura. Segundo a curadora da exposição, a carioca Daniela Labra, em suas pesquisas os três artistas localizam, no cotidiano, estruturas espaciais e sociais que criam no universo urbano nichos onde se concentram inúmeros códigos da convivência humana. "Para esta exposição, lhes foi sugerido que criassem obras que dialogassem com a própria estrutura e logística de funcionamento do Palácio Cruz e Sousa, edifício que não apenas abriga salas expositivas e administrativas, mas que também tem uma função social para a cidade, acolhendo no andar térreo eventos diversos de natureza recreativo-cultural", afirma Daniela.
A curadora lembra que o Palácio carrega uma parte importante da memória local, e que sua estrutura desafia quem lida com arte e arquitetura contemporâneas, impondo assim os cuidados de manuseio que o patrimônio requer - fato comum em outras instituições históricas brasileiras com espaços para exposições temporárias.
As obras apresentadas em "Espaços Reversíveis" são fruto do processo de conhecimento do grupo sobre as condições normativas e físicas do lugar, colocadas a quem vem ocupar seus salões com projetos artísticos. Assim, ao entrar pela sala central, o visitante se depara com a instalação MDC (Múltiplo Denominador Comum), projetada por Rubens Mano e Tatiana Ferraz. Trata-se de um rearranjo formal e arquitetônico flexível elaborado com o mobiliário da instituição utilizado para eventos sociais extra-expositivos, que normalmente é estocado na sala principal e sala-auditório. Uma vez utilizados como estoque, estes espaços têm seu uso artístico de certo modo inviabilizado, e portanto MDC se apresenta como uma instalação-ambiente reversível, que consegue articular todas as salas do andar térreo exclusivamente a favor da função expositiva.
Na parte referente aos trabalhos individuais, Rubens Mano ocupa a sala-auditório esvaziando-a do mobiliário que forma MDC (à exceção do piano que pertence ao salão central), e preenche de luz uma caixa de escada situada nos jardins, criando um circuito que percorre interior e exterior do edifico e se comunica com a rua. Tatiana Ferraz, ocupando uma outra sala térrea, duplica e propõe uma releitura de padrões decorativos existentes nas paredes e no piso do 2º andar, o do acervo histórico que não pode ser mexido. Já Ana Holck, inicialmente inspirada pela estrutura da ponte Hercílio Luz, lança um olhar sobre o processo de aprisionamento da paisagem pelo concreto armado em backlights criados a partir de fotos de seu arquivo pessoal.
"Talvez toda e qualquer exposição de arte seja um espaço reversível, uma zona (não autônoma) temporária. Entretanto, esta mostra vai um pouco além, sendo erguida a partir do reconhecimento e compreensão das demandas da instituição, sendo uma investigação poética que nasceu aqui, aqui se desenvolveu e somente aqui terá sentido pleno", escreve a curadora.
O QUê: Abertura da exposição "Espaços Reversíveis"
QUANDO: quinta-feira, dia 10, às 19h. às 19h30 haverá apresentação da peça composta por Diogo de Haro para piano. Visitação até 11 de maio, terça a sexta, das 10h às 18h, sábados e domingos, das 10h às 16h.
ONDE: Museu Histórico de Santa Catarina - Palácio Cruz e Sousa, Praça 15 de Novembro, 227, Centro, Florianópolis, fone: (48) 3028-8090.
QUANTO: gratuito