A posse do novo presidente do Conselho Estadual de Cultura, Edson Busch Machado, nesta sexta-feira (22/01) em Florianópolis aconteceu em uma cerimônia simples, porém marcada pelos discursos de apoio do secretário em exercício de Turismo, Cultura e Esporte, Gerson Hulbert, da presidente da Fundação Catarinense de Cultura, Anita Pires e do ex-presidente do CEC, Péricles Machado. A começar por Prade, que se despediu dizendo "fisicamente estarei fora, mas meu coração deixo aqui", depois de manifestar sua aprovação a escolha de Busch, feita pelo governador Luiz Henrique da Silveira e pelo secretário Gilmar Knaesel, afastado do cargo para recuperação de recente cirurgia. "Lembro que este conselho é um colegiado autônomo e reforço sua importância para o desenvolvimento da cultura catarinense, referindo-me aqui aos colegas de trabalho com quem pude contar durante minha gestão seguindo esse propósito", afirmou o jurista e escritor. A presidente da Fundação Catarinense de Cultura - FCC, Anita Pires, deu as boas vindas aos quatro novos conselheiros - Joel Gehlen, Marco Vasques, Maria Cirico Raizer e Sueli Maria Vanzonita Petry - e também discursou sobre a missão do Conselho Estadual de Cultura, com ênfase na sugestão de políticas para o setor em Santa Catarina. "Temos no Conselho um instrumento democrático para deliberarmos em favor da cultura em nosso estado, executando as políticas dessa administração, que enxerga a cultura como uma prioridade", concluiu. O secretário em exercício de Turismo, Cultura e Esporte Gerson Hulbert abriu a cerimônia saudando os novos membros do CEC, sobretudo o presidente Edson Busch Machado e pontuou as atribuições do órgão colegiado, com base na Lei 14.367/08, que dispõe sobre os Conselhos Estaduais de Turismo, Cultura e Esporte.
Todos os três colegiados contam com 21 membros efetivos, com mandato de dois anos. No caso do da Cultura, dez deles são representativos de diferentes regiões do estado, escolhidos dentre personalidades da área da cultura, atuantes e de reconhecida idoneidade. Os outros dez são representantes da sociedade civil e de setores profissionais, escolhidos por suas entidades afins: Patrimônio Histórico, Cinema , Teatro, Dança, Folclore, Música, Patrimônio Histórico e Geográfico, Literatura, Artes Plásticas e Arte Educação. Todos são nomeados por ato do Chefe do Poder Executivo Estadual. Hulbert lembrou que 2010 será um ano que exigirá mais agilidade de análise dos projetos inscritos em 2009, que terão de receber a decisão do órgão colegiado até o final de fevereiro. Sobre os recursos disponíveis, o secretário em exercício afirmou que o orçamento será de R$ 300 milhões para serem investidos nas três áreas (Turismo, Cultura e Esporte). "Em 2009 tivemos este mesmo orçamento, porém descontados os recursos destinados a municípios e a manutenção das estruturas afins, o total foi de R$ 230 milhões. Deste montante, R$ 140 mil foram destinados ao pagamento de projetos", informou Hulbert. Segundo o secretário em exercício de Turismo, Cultura e Esporte, a Cultura recebeu R$ 45 milhões em recursos para projetos e programas estaduais. "Somente os editais Elizabete Anderle e Pontos de Cultura concentraram R$ 6,8 milhões. Na ocasião de assinatura desses convênios, o Ministério da Cultura informou que Santa Catarina é dos poucos estados que aplica os 5% do orçamento estadual na cultura, conforme a recomendação federal", acrescentou Gerson Hulbert, que deu posse ao novo presidente do CEC, Edson Busch Machado. Antes de abrir os trabalhos de análise dos primeiros projetos para 2010, Busch discursou. "Agradeço e sinto-me honrado pelo reconhecimento de minha atuação no setor de cultura, concretizado nesta indicação do governador Luiz Henrique da Silveira e do secretário Gilmar Knaesel. Cabe a nós deste conselho realizar o trabalho alinhado com o Governo do Estado, os produtores culturais e a sociedade em prol do desenvolvimento e da democratização dos recursos", defendeu o presidente. Edson Busch Machado defendeu o sistema administrativo descentralizado do atual governo e disse que o CEC deve utilizar esta estrutura para obter ainda mais resultados nos 293 municípios catarinenses. "Este será um ano de profundo debate neste órgão colegiado para que possamos legar uma política de estado para a Cultura, para que ela se perpetue nos próximos governos. Temos de pensar no desenvolvimento do setor por meio da transformação", concluiu.
ASCOM Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte
Christiane Santoro Balbys
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Responsável pelo Laboratório de Iluminação do Departamento de Artes Cênicas do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Valmir Perez realiza nos dias 7 e 8 de julho, segunda e terça-feira, às 19 horas, no Teatro álvaro de Carvalho (TAC), no Centro de Florianópolis, a palestra: "O Conceito de Iluminar".
O evento integra o Projeto de Capacitação de Técnicos em Espetáculos, promovido pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC), e que tem por objetivo desenvolver um programa de profissionalização nas áreas de iluminação, sonoplastia e cenotécnica. Na palestra, serão colocados em discussão os temas "Técnicas de Pesquisa, Criação e Execução de Projetos de Iluminação", "Poéticas da Luz no Espetáculo", e "Conhecimento do design de Iluminação".
Valmir Perez é graduado em Educação Artística com bacharelado em Artes Plásticas e Licenciatura em Artes pela Unicamp, e possui mestrado em Multimeios pelo Instituto de Artes da Unicamp. Possui experiência de mais de 20 anos em projetos de iluminação, designer e artes, atuando principalmente nas seguintes áreas: Projetos de iluminação cênica, iluminação arquitetural de interiores e exteriores, projetos de estruturas cênicas, computação gráfica, desenvolvimento de software na área de iluminação, ensaio e pesquisa em design de iluminação e artes plásticas.
O QUê: Palestra "O Conceito de Iluminar", com Valmir Perez
QUANDO: 7 e 8 de julho, segunda e terça-feira, às 19 horas
ONDE: Teatro álvaro de Carvalho (TAC), no Centro de Florianópolis, fone: (48) 3028-8070
QUANTO: gratuito
O valor de captação de recursos por meio da Lei Rouanet nos três primeiros meses de 2009 indica forte retração do mecanismo, muito possivelmente em decorrência da crise econômica. Segundo planilha do Ministério da Cultura, foram captados até março R$ 83 milhões, o equivalente à média de apenas um mês do ano anterior.
Solenidade acontecerá no dia 27 de maio, terça-feira, às 18h30, no Masc
A Confraria dos Bibliófilos do Brasil, associação nacional com sede em Brasília e que tem entre seus associados bibliófilos como José Mindlin, escolheu para sua publicação especial de final de ano uma seleção de contos de Harry Laus. A edição limitada de arte, totalmente em tipografia artesanal, com papel especial e encadernação manual, foi distribuída apenas entre os associados da Confraria e teve ilustrações produzidas para o livro pelo artista plástico catarinense Jayro Schmidt, professor das Oficinas de Arte da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), especialmente convidado para o trabalho.
A Família Laus, como forma de tornar mais acessível a obra, resolveu doar alguns de seus poucos exemplares para bibliotecas públicas de SC. Foram escolhidas, por conta de sua representatividade e ligações com o escritor, a Biblioteca da UFSC - Universidade Federal de SC, que preserva o acervo de Harry Laus no Núcleo de Literatura e Memória do Depto. de Língua e Literatura Vernáculas do Centro de Comunicação e Expressão da UFSC, trabalho iniciado pela professora Zahidé Lupinacci Muzart (e que estará presente no evento); a Biblioteca do Museu de Arte de Santa Catarina, onde Laus foi diretor por vários anos; e a Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina, por sua grande visitação pública.
A solenidade acontecerá na Sala Harry Laus do Masc, no Centro Integrado de Cultura (CIC), em Florianópolis, com a presença de seu diretor João Evangelista de Andrade Filho, no dia 27 de maio (mesmo dia e mês em que faleceu Harry Laus) a partir de 18h30, com a presença de todas as diretoras das bibliotecas: Narcisa de Fátima Amboni, da Biblioteca da UFSC, élia Mara Magalhães Brites, da Biblioteca Pública do Estado, e Heloísa Helena Caminha Bradacz, da Biblioteca do Masc.
Estarão presentes ainda a presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), Anita Pires, bem como farão uso da palavra a professora Luisa Cristina dos Santos Fontes, da Universidade de Ponta Grossa e editora da revista da UEPG, cuja dissertação de mestrado em Letras-Linguística, em 1997, foi sobre a obra de Harry Laus; a professora Taiza Mara Rauen Moraes, da Universidade de Joinville e diretora do Proler, cuja tese de doutorado em 2002, foi sobre os Diários de Laus (transformada em livro pela Editora Letradágua de Joinville); e o presidente da Academia Catarinense de Letras, Lauro Junkes, amigo de Laus e autor de vários textos e artigos sobre ele.
A Família Laus estará representada pelo professor Cesar Laus Simas, da Universidade do Vale do Itajaí, pelo professor Ricardo Laus Simas, do Colégio Atlântico de Itapema, a professora Marilena Laus Bayer e Roberto Laus, economista e empresário da comunicação em Florianópolis, que serão responsáveis pela entrega dos exemplares do livro da Confraria.
Também estarão presentes prestigiando a cerimônia outras pesquisadoras que se debruçaram sobre a obra de Harry Laus produzindo trabalhos acadêmicos. São elas Maria Aparecida Borges Vieira (dissertação de mestrado em 2007), Maria Albertina Freitas de Melo (dissertação de mestrado em 2001), Maristela Della Rocca Medeiros (dissertação de mestrado em 1998). Todos os trabalhos tiveram como orientadora a professora Zahidé Lupinacci Muzart da UFSC, grande responsável pela preservação e divulgação da obra de Harry Laus e que também se fará presente.
Entre os amigos de Laus já confirmaram presença Teresa Collares, ex-diretora do Masc após sua saída em 1992, e Vinícius Alves da Editora Bernúncia, que publicou em livro algumas das obras de Laus.
As ilustrações originais de Jayro Schmidt feitas para o livro estarão expostas no Masc, cedidas para a data numa deferência especial da Confraria dos Bibliófilos do Brasil, cortesia de seu presidente José Salles Netto.
A Família Laus também está produzindo e já colocou online um Blog/Memorial de Harry Laus na Internet com material do seu acervo, aberto a visitas, mensagens, comentários e depoimentos no endereco: http://harrylausvivo.blogspot.com
"Dinheiro eu não tenho, mas estou aqui com uma caixa cheia de livros. Quer um?" Repeti essa oferta a pedintes, artistas circenses e vendedores ambulantes, pessoas de todas as idades que fazem dos congestionamentos da cidade de São Paulo o cenário de seu ganha-pão. A ideia surgiu de uma combinação com os colegas de NOVA ESCOLA: em vez de dinheiro, eu ofereceria um livro a quem me abordasse - e conferiria as reações.
Para começar, acomodei 45 obras variadas - do clássico Auto da Barca do Inferno, escrito por Gil Vicente, ao infantil divertidíssimo Divina Albertina, da contemporânea Christine Davenier - em uma caixa de papelão no banco do carona de meu Palio preto. Tudo pronto, hora de rodar. Em 13 oferecimentos, nenhuma recusa. E houve gente que pediu mais.
Nas ruas, tem de tudo. Diferentemente do que se pode pensar, a maioria dessas pessoas tem, sim, alguma formação escolar. Uma pesquisa do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, realizada só com moradores de rua e divulgada em 2008, revelou que apenas 15% nunca estudaram. Como 74% afirmam ter sido alfabetizados, não é exagero dizer que as vias públicas são um terreno fértil para a leitura. Notei até certa familiaridade com o tema. No primeiro dia, num cruzamento do Itaim, um bairro nobre, encontrei Vitor*, 20 anos, vendedor de balas. Assim que comecei a falar, ele projetou a cabeça para dentro do veículo e examinou o acervo:
- Tem aí algum do Sidney Sheldon? Era o que eu mais curtia quando estava na cadeia. Foi lá que aprendi a ler.
Na ausência do célebre novelista americano, o critério de seleção se tornou mais simples. Vitor pegou o exemplar mais grosso da caixa e aproveitou para escolher outro - "Esse do castelo, que deve ser de mistério" - para presentear a mulher que o esperava na calçada.
Aos poucos, fui percebendo que o público mais crítico era formado por jovens, como Micaela*, 15 anos. Ela é parte do contingente de 2 mil ambulantes que batem ponto nos semáforos da cidade, de acordo com números da prefeitura de São Paulo. Num domingo, enfrentava com paçocas a 1 real uma concorrência que apinhava todos os cruzamentos da avenida Tiradentes, no centro. Fiz a pergunta de sempre. E ela respondeu:
- Hum, depende do livro. Tem algum de literatura?, provocou, antes de se decidir por Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.
As crianças faziam festa (um dado vergonhoso: segundo a Prefeitura, ainda existem 1,8 mil delas nas ruas de São Paulo). Por estarem sempre acompanhadas, minha coleção diminuía a cada um desses encontros do acaso. érico*, 9 anos, chegou com ar desconfiado pelo lado do passageiro:
- Sabe ler?, perguntei.
- Não..., disse ele, enquanto olhava a caixa. Mas, já prevendo o que poderia ganhar, reformulou a resposta:
- Sim. Sei, sim.
- Em que ano você está?
- Na 4ª B. Tio, você pode dar um para mim e outros para meus amigos?, indagou, apontando para um menino e uma menina, que já se aproximavam.
Mas o problema, como canta Paulinho da Viola, é que o sinal ia abrir. O motorista do carro da frente, indiferente à corrida desenfreada do trio, arrancou pela avenida Brasil, levando embora a mercadoria pendurada no retrovisor.
Se no momento das entregas que eu realizava se misturavam humor, drama, aventura e certo suspense, observar a reação das pessoas depois de presenteadas era como reler um livro que fica mais saboroso a cada leitura. Esquina após esquina, o enredo se repetia: enquanto eu esperava o sinal abrir, adultos e crianças, sentados no meio-fio, folheavam páginas. Pareciam se esquecer dos produtos, dos malabares, do dinheiro...
- Ganhar um livro é sempre bem-vindo. A literatura é maravilhosa, explicou, com sensibilidade, um vendedor de raquetes que dão choques em insetos.
Quase chegando ao fim da jornada literária, conheci Maria*. Carregava a pequena Vitória*, 1 ano recém-completado, e cobiçava alguns trocados num canteiro da Zona Norte da cidade. Ganhou um livro infantil e agradeceu. Avancei dois quarteirões e fiz o retorno. Então, a vi novamente. Ela lia para a menininha no colo. Espremi os olhos para tentar ver seu semblante pelo retrovisor. Acho que sorria.
* os nomes foram trocados para preservar os personagens.
Foto: Rogério Albuquerque