Tapeçaria de Almir Tirelli
Esta tapeçaria foi criada exclusivamente para recepcionar os viajantes que chegavam ao Aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis, inaugurado em 1976. As peças apresentam elementos do cotidiano ilhéu, com referências ao saber fazer, à arquitetura e às celebrações relacionadas à cultura florianopolitana, como a Ponte Hercílio Luz, o Palácio Cruz e Sousa, a Festa do Divino, o artesanato focado na renda de bilro, casarios luso-brasileiros, folclore, a Lagoa da Conceição, a pesca da tainha, entre outros, dispersos nas mais diversas cores presentes nas obras.
Os três painéis que compõem a obra de 36m², além de outros dois trabalhos do artista, estão sob guarda da Fundação Catarinense de Cultura. Foram doados em 2020 pela Infraero e restaurados pelo Ateliê de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Atecor).
Sobre o autor
O artista Almir Tirelli é natural do Maranhão. Artesão autodidata, veio para Santa Catarina no fim dos anos de 1960, estabelecendo-se inicialmente em Palhoça e, pouco depois, na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, onde viveu até meados dos anos 1990. Faleceu em 2012, no Espírito Santo, aos 86 anos.
O artista, além de tapeceiro, era pintor, desenhista, escultor e ator de cinema. Participou de exposições e seus trabalhos viajaram mundo afora, mas nunca escondeu de ninguém sua relação de amor com a Ilha de Santa Catarina e o estado que o acolheu para viver. Em 1993, foi reconhecido com o Título de Cidadão Catarinense na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (ALESC), pela Lei nº 9095, de 20 de maio. Também recebeu a medalha de cidadão honorário de Florianópolis
Tirelli deixou mais de 4 mil obras distribuídas em 17 países e em acervos particulares, tais como, Prefeitura de Sodegaura e Aomori (Japão), Banco Mundial de Washington (EUA), Palácio da Alvorada (Brasília), Belém (Portugal), Solano Lopes (Paraguai), além do Vaticano, Argentina, Uruguai, Chile, África do Sul, França, Holanda, Japão, Itália, Alemanha, Estados Unidos, Paraguai, Israel, Nicarágua, Costa do Marfim, Jerusalém, Malásia, Açores e Malta. Em Santa Catarina, há obras no Palácio do Governo, Tribunal de Justiça, Universidade Federal de Santa Catarina, Badesc, FIESC e FCC.
Deixou duas obras, escritas e desenhadas, com a história das fortalezas da Ilha de Santa Catarina, um álbum com os desenhos e mapas, que foram traduzidos em três idiomas e outro álbum com a história da Lagoa da Conceição. Ele também teve participação na letra da música "Lagoa Formosa", em um disco gravado pelo Coral Infantil do Clube 12 de Agosto. Teve participação como ator no curta metragem "Memórias do Desterro", dirigido por Eduardo Paredes. Como entusiasta de Santos Dumont, fez diversos estudos para realização de maquetes do 14 Bis e Demoiselle.
(Informações relatadas pela viúva Maria Stella Tirelli Dias, com quem o artista conviveu por 40 anos)