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Entre um turno e outro, o operador de máquinas Wantuir Mateus dá uma pausa no trabalho braçal para se dedicar à leitura. Não, ele não é um daqueles ratos de livraria sempre com um exemplar debaixo do braço - suas histórias preferidas estão na biblioteca da Tupy, uma das empresas joinvilenses que montou o espaço dentro da fábrica. "Se não tivesse aqui, eu nem teria como ir, porque onde moro fica tudo longe", explica.

Não há um estudo para comprovar o aumento de produtividade dos funcionários com iniciativas como essa, nem a intenção de forçar os trabalhadores a ficarem mais tempo dentro da empresa. A idéia é incentivar um hábito muitas vezes esquecido ou renegado pela falta de tempo. Assim como Wantuir, muitos outros trabalhadores passam diariamente na frente do local e se sentem tentados a entrar e conhecer o mundo das palavras.

Em Joinville, a Tupy está apoiada pelo projeto Indústria do Conhecimento, do Sesi - Whirlpool e Parco Perini também estão em processo de implantação das bibliotecas nos mesmos moldes. A Electro Aço Altona e a Coteminas, de Blumenau, e a Metalúrgica Riosulense, em Rio do Sul, são outras empresas já inseridas no programa, desenvolvido junto ao Ministério da Educação. Forquilinha (com a Seara) e São Lourenço do Oeste (representada pela Parati Alimentos) também deverão participar a partir de 2009.

Nessa parceria, o Sesi é responsável pela construção do espaço, equipamento, mobília e montagem do acervo inicial. "Geralmente, fazemos a instalação perto do refeitório ou da área de lazer, para atrair o funcionário nos seus momentos de folga", explica a coordenadora de educação do Sesi/SC, Maria Tereza Cobra.

O que poderia ser apenas uma distração virou verdadeira febre na Tupy. O trabalhador desavisado, em busca de um exemplar de "A Menina que Roubava Livros", por exemplo, terá de esperar mais de um mês na lista de espera para empréstimo. Os dois DVDs do longa-metragem "10.000 a.C." é outro que não fica muito tempo na estante. Fora os livros infantis e de auto-ajuda, os preferidos da maioria dos freqüentadores.

A biblioteca atinge sete mil funcionários e outros 15 mil dependentes. No total, entre livros, gibis e DVDs de filmes e documentários, o acervo é de aproximadamente 6,8 mil volumes, sendo cinco mil voltados para a área de metalurgia, uma das referências de produção da empresa. A unidade tem ainda oito computadores com acesso à internet, sempre ocupados durante o horário de almoço ou na troca de turnos.

O sucesso está nos números: a cada mês, são feitos 2,8 mil empréstimos. "Desde que abriu, há um ano, não tivemos um dia de biblioteca vazia", conta a bibliotecária Adriana Crispim. A divulgação boca-a-boca ajudou principalmente quem nunca tinha entrado numa biblioteca e agora tem um acervo à sua disposição gratuitamente. "Muitos contam que agora ficam mais em casa porque precisam ler".

E o hábito realmente pegou. Funcionários como Wantuir viraram visitantes assíduos do espaço, sempre cobrando por novidades. "é um lugar democrático, vem desde gente do chão de fábrica até executivos", avalia Adriana. Em comum, todos têm agora o gosto pela leitura.