"Amor, Negro Amor" é um espetáculo teatral multimidia musicado que aborda a solidão da mulher negra. Nele, a espectadora e o espectador são convidados a atravessar localidades e épocas distintas, conhecendo realidades de mulheres e homens negros que vivenciam diferentes formas de amor e desamor. As cenas são costuradas por músicas e danças de origem africana e revelam a importância da nossa ancestralidade diaspórica; do blues gospel norte-americano a rica cultura afro-brasileira.
Cada música foi cuidadosamente composta pelo dramaturgo Emilio Pagotto para ilustrar o tema do amor negro e sua história. Algumas canções foram incluídas como "Toboli" música tradicional da África Ocidental, "Nkosi Sikelel", Hino do Congresso Nacional Africano de Enoch Sontonga. A maioria das músicas são originais compostas para o espetáculo, como o lundu "Sorriso de Yayá", o jongo "Calunga" e a rumba "Petição", que trazem a força e a beleza da música de origem africana na diáspora em conjunto com a rica cultura afro-brasileira.
Um ponto importante é a utilização de objetos como baldes, latas, plásticos e ferros na sonoplastia, o uso desses materiais traz um aspecto criativo e inovador ao espetáculo e desperta emoções na plateia, na contextualização de cada cena e trabalhadas no detalhe pela diretora Lelette Coutto.
No geral, o espetáculo “Amor, Negro Amor” é uma jornada emocionante com recortes de histórias, cultura africana e afrodescendente; é uma celebração da beleza e do poder do amor negro... Nessa narrativa do passado até os dias atuais, o coro ancestral é quem conduz o público como um contador de histórias através dos tempos. E a pergunta que fica é: como o amor conseguiu sobreviver a tanta e tamanha dor?