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Exposição M.– Meu Lugar na Sociedade

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Categoria :
MIS
Data:
08/06/2019
Local
Museu da Imagem e do Som (MIS/SC) - Av. Gov. Irineu Bornhausen, 5600 - Agronômica, Florianópolis - SC, 88025-201
Brasil

A mostra “M”, do artista Gabriel Bonfim, estará em cartaz no Museu da Imagem e do Som de Santa Catarina (MIS/SC) entre os dias 29 de maio e 21 de julho. "M. – Meu Lugar na Sociedade", é uma referência à mulher e, também, à Maria, nome feminino mais popular na América do Sul. São retratos de 12 mulheres, entre elas, Maria da Penha e Luiza Brunet, que se tornaram ícones em diferentes contextos, mas sob a mesma ótica na luta contra o preconceito, a violência e o machismo.

O artista adianta que uma ação inédita e interativa será apresentada na vernissage de "M", em Florianópolis, dia 29 deste mês, e ficará à disposição do público até o fim da exposição, dia 21 de julho. Os retratos das mulheres (veja o perfil de cada uma delas abaixo) também são acompanhadas de uma videoinstalação artística com 11 telas de tablets. Nelas, Gabriel Bonfim expõe cenas de diálogos de diversas mulheres. No registro da transexual na escadaria Selarón, no Rio de Janeiro, ou da Ialorixá na igreja da Ordem Terceira de São Francisco, em Salvador, as imagens descortinam histórias que levam o espectador a perceber algumas das diversas dificuldades enfrentadas por essas mulheres.

“Busquei resgatar a história de luta destas mulheres a partir de onde as fotografei. É como se, ao retratá-las ali, nos mais belos e importantes locais no centro dessa sociedade, pudéssemos ressignificar aquele espaço e, assim, como protagonistas de suas próprias histórias, elas retomariam o seu lugar na sociedade que as marginalizou. Meu trabalho tem como objetivo trazer um pouco desse incômodo para que toque as pessoas e as leve a pensar”, declara o fotógrafo e artista.

Outra grande atração da exposição "M" é a coleção Portraits, do acervo de arte de Gabriel Bonfim, que conta com uma série de 12 imagens de retratos realizados pelo mundo. Revelam-se pessoas comuns, modelos, empresários, políticos e celebridades. Para o artista, "é crucial conhecer a vida, os arredores e a rotina de cada uma das pessoas selecionadas para serem retratadas". Portraits, uma antiga expressão de arte, é utilizada desde os tempos dos faraós, césares e reis, passando por grandes nomes em tempos distintos, como Leonardo da Vinci, Picasso e Andy Warhol, e tem como ícone o museu inglês National Portrait Gallery, que possui uma centenária coleção de artistas.

:: Perfil do artista - Gabriel Bonfim nasceu em São Paulo, em 1990, e desde cedo revelou amor pela arte. Após formar-se em Direito, decidiu dedicar-se permanentemente à fotografia. Como fotógrafo de moda, desenvolveu sua habilidade profissional e técnica. Depois de anos de aprendizado e viagens pela Holanda, Alemanha e Bélgica, mudou-se para a Suíça. Juntamente com o entusiasta da arte e fotografia, Thomas Kurer, atual gerente de seu acervo, e fundou a ”Gabriel Bonfim Collection”. Seu talento para observar pessoas em seus arredores resultou em ambiciosos retratos e séries: sobre os dançarinos de fitness de rua ”Bar-Barians” em Nova Iorque, a série ”Angels” sobre o tenor Andrea Bocelli em Istambul em 2014 e, em 2016, sobre o bailarino solista Denis Vieira, em Zurique. “Gabriel Bonfim tem um olhar excepcional para o ser humano e seu ambiente. Esse talento é o que o eleva de um fotógrafo de alta performance de pessoas para um Fotógrafo de Arte”, afirma Kurer. Sua obra também pode ser conferida no Museu Histórico de Santa Catarina, sediado no Palácio Cruz e Sousa, na mostra "De Fotografia à Tactography ™".

 

Serviço:

Exposição: M. – Meu Lugar na Sociedade, de Gabriel Bonfim;
Local: Museu da Imagem e do Som de Santa Catarina - Av. Irineu Bornhausen, 5600, Agronômica, Florianópolis;
Datas: De 29 de maio a 21 de julho
Visitação: de terça a domingo, das 10 às 21h.

Entrada Gratuita

As personagens da exposição “M”

Naiana Ribeiro, 23 anos, jornalista. Desde cedo tem sido vítima constante de discursos gordofóbicos que, por tempos, a convenceram de que seu corpo era uma limitação. Quando adolescente sofreu pela ausência de representatividade na mídia, o que reforçava a visão de seu corpo como inadequado para a sociedade. Hoje, ativista em Salvador/BA em movimentos como o “Vai ter gorda na praia”, Naiana se vê plena e fortalecida a ponto de posar para ensaios sensuais. Além disso, está à frente da revista e portal Plus, trazendo visibilidade para sua causa e de muitas outras mulheres.

Melissa Rodrigues, 23 anos, modelo transexual. Iniciou seu processo de transição ainda na adolescência quando a sua feminilidade já era alvo de ataques sexistas. Além de sofrer transfobia na busca por trabalho, percebeu ser entendida como ‘’bizarra’’ no espaço público. Após vencer as batalhas, inclusive internas, por aceitação, contando com o apoio de sua mãe, hoje se vê tendo conquistado algo que sempre desejou. Fotografada na Escadaria Selaron, de visibilidade internacional, mas que era considerada “bizarra” no seu processo de evolução, Melissa se vê hoje completa e digna do mesmo reconhecimento pela sociedade.

Andréia Marques, 38 anos, recepcionista. Sua história como mulher sempre esteve marcada ao fato de sua cor e gênero a colocarem na base de uma pirâmide de preconceito estrutural. Inúmeros episódios reforçaram a ideia racista de que sua presença no espaço público era uma ameaça. No entanto, influenciada pela representatividade de outras cantoras negras, descobriu o poder da sua própria voz para cantar e para reivindicar seu espaço na sociedade. Plena e segura, ao ser fotografada no Mercadão de São Paulo, polo turístico e cultural, Andréia figura como protagonista do espaço público.

Maria da Penha, 73 anos, farmacêutica. Em 1983, ficou paraplégica devido às tentativas de assassinato que sofreu por parte de seu companheiro. Foram 19 anos de luta para que ele fosse condenado, mas ela conseguiu levar sua causa à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da OEA. Em 2006, seu nome passou a batizar a lei 11.340/06 que torna crime a violência doméstica contra a mulher. Hoje ela preside o Instituto Maria da Penha, que fomenta a conscientização das mulheres sobre seus direitos e o fortalecimento da Lei Maria da Penha. Sua força está aqui também representada pela ponte de ferro onde foi fotografada.

Jaciara Ribeiro, 50 anos, ialorixá. O racismo e a intolerância às religiões de matriz africana atingiram não apenas Jaciara, mas motivaram também o falecimento de sua mãe, conhecida como Mãe Gilda, em virtude da publicação de sua foto com título ofensivo no jornal Folha Universal. Jaciara ganhou o processo contra a Igreja Universal e a data da morte de sua mãe, 21 de janeiro, foi instituída como o Dia de Luta contra a Intolerância Religiosa. Hoje, Jaciara é considerada um ícone na luta pela convivência harmônica entre as religiões, o que a fotografia tirada na Igreja da Terceira Ordem do Pelourinho busca sublinhar.

Luiza Brunet, 55 anos, empresária e modelo. Após uma vida humilde, chegando a trabalhar como babá e empregada doméstica, Luiza tornou-se uma modelo de sucesso. Isso não impediu que fosse agredida brutalmente pelo ex-marido em 2016. A divulgação de seus hematomas deu visibilidade à recorrência da violência contra a mulher, e Luiza, ativista junto ao Instituto Avon pela proteção à mulher, conseguiu a condenação do companheiro graças à Lei Maria da Penha. A fotografia une as duas mulheres como símbolo dos avanços conquistados com essa lei, mas sem deixar de destacar o horizonte de lutas que ainda devem ser travadas pelas mulheres.

Andreza Aguida, 38 anos, engenheira, modelo e artista. Sua infância e adolescência foram marcadas por comentários maldosos e pelo incômodo do olhar daqueles que a julgavam “estranha” por ser albina. A baixa visão também a fazia sentir-se em um contexto diferente dos demais e o sentimento de exclusão se agravou quando decidiu estudar engenharia elétrica, sendo uma das poucas mulheres do curso. Trabalhando há 13 anos na disseminação de informações sobre o albinismo, Andreza aprendeu a lidar com o olhar “curioso” dos outros, a reconhecer a si mesma como “diferente” e a aceitar o branco em sua arte, trazendo aqui sua cor para colorir o Parque do Ibirapuera.

Sissi Prates, 39 anos, empresária. Conheceu Trancoso em uma viagem e decidiu nunca mais sair de lá. Para se manter, resolveu virar empreendedora. Seu primeiro empreendimento não trouxe bons resultados, também por conta do adoecimento e falecimento de seu pai. Mas Sissi não deixou que as dificuldades a impedissem de investir em seu projeto, fazendo de sua tristeza a força para prosperar como mulher empreendedora. Sissi foi fotografada à frente de seu empreendimento, uma doceria que é ponto de referência em Trancoso, conciliando leveza e determinação no reconhecimento de seu lugar na sociedade.

Juliana Caldas, 30 anos, atriz. A discriminação por ser anã atingiu-a de diversas formas, inclusive no mercado de trabalho. Seja por julgarem-na incapaz, por limitarem seu trabalho ao humor pejorativo ou por tratarem-na como digna de pena. Sentindo-se frequentemente inferiorizada, Juliana precisou, ainda, enfrentar um mundo não adaptado à sua realidade e que dificulta o acesso de pessoas com nanismo a direitos garantidos por lei. Hoje, nacionalmente famosa por seu papel na novela das 9, Juliana dá visibilidade às dificuldades dos anões e fomenta a conscientização sobre suas capacidades. Suas conquistas estão simbolizadas na magnanimidade da paisagem que ela ocupa de forma plena e confiante.

Tamiris Neves, 27 anos, enfermeira, e Maiara Moazzi, 26 anos, estagiária de Direito. As duas jovens apaixonaram-se à primeira vista, mas a família de Tamiris mostrou um posicionamento contrário ao relacionamento. Tamiris precisou abandonar sua casa para morar com a companheira e as duas passaram por muitas dificuldades até conseguirem uma situação mais estável. Aqui, a natureza que as circunda figura toda a naturalidade de um relacionamento homoafetivo. Vemos também o gesto de acolhimento de Maiara, simbolizando a atitude de abrir seu coração e sua casa para receber Tamiris e, juntas, mostrarem que merecem ocupar o lugar que escolherem.

Gabriela Caldas, 22 anos, estudante de arquitetura. Gabriela foi estuprada por uma pessoa em quem confiava e por quem tinha muita consideração. Seguiram-se a isso diversas outras violências, todas estruturais da cultura do estupro que vitimiza uma mulher a cada 11 minutos no Brasil: duvidaram de sua palavra, ela perdeu amizades, entrou em depressão e o agressor não foi condenado. Hoje, familiarizada com o feminismo, Gabriela reconhece ter encontrado apoio não na justiça, mas na solidariedade de outras mulheres. Para ela, ser mulher não é ser “frágil” ou algo “descartável”, como a sociedade prega. É ser forte e resiliente, como ela aqui figura nas ruas de Salvador.

 
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Todas as Datas:

  • De 29/05/2019 até 21/07/2019
    Domingo, Terça, Quarta, Quinta, Sexta & Sábado

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